Foto: Agência Brasil/EBC
Um dos temas que possivelmente estará presente no Enem em questões de atualidades é o desastre ambiental ocasionado em razão do rompimento da barragem de Brumadinho, no dia 25 de janeiro de 2019.
Com um saldo de 250 mortos e 20 desaparecidos, o acidente trouxe inúmeros prejuízos às comunidades ao redor da cidade mineira e levantou o debate em torno das medidas de segurança que devem ser adotadas em todas as barragens espalhadas pelo país.
Para você entender o que aconteceu e também sobre como funciona uma barragem, elaboramos este post com informações completas. Acompanhe.
A barragem de Brumadinho que rompeu estava desativada e fazia parte da mina do Córrego do Feijão. Ele faz parte do Complexo Minerador Paraopeba, de propriedade da empresa Vale.
São duas barragens que têm o objetivo de conter os rejeitos finos oriundos do tratamento do minério, reservando água para o reaproveitamento no processo industrial.
A barragem I do Feijão foi implantada em 1976 e tinha o objetivo de separar as impurezas para aumentar o valor comercial do minério de ferro. No processo de separação, ficam os rejeitos que devem ser barrados para não seguirem até o rio da região.
Para isso, são construídos diques em alteamentos de terra, a chamada barragem a montante, onde também são inseridos tapetes drenantes, com o intuito de eliminar a água armazenada no interior da barragem.
Trata-se do método mais barato e comum no Brasil, formando uma espécie de praia com resíduos da mineração, como ferro, sílica e água. No entanto, é bem sensível a qualquer vibração.
No dia 25 de janeiro de 2019, a barragem I da mina do Córrego do Feijão desabou, causando um verdadeiro “tsunami” de rejeitos sobre a comunidade local e também em distritos aos arredores de Brumadinho. Foram 11,7 milhões de metros cúbicos, um mar de lama que causou mortes, destruição e prejuízos incalculáveis no meio ambiente.
No momento do rompimento da barragem, as sirenes de alerta não foram acionadas, fato que contribuiu imensamente para a contagem final de 250 mortos. Um desastre ambiental que disseminou animais, plantas, árvores, contaminando rios e ceifando vidas de famílias inteiras, ou seja, uma catástrofe ecológica.
De acordo com a Vale, a barragem I rompeu-se e transbordou a outra. A empresa contabilizou perdas na ordem de R$ 19 bilhões, mas o maior prejuízo ficou com a população e meio ambiente com danos praticamente irreparáveis que indenização nenhuma será capaz de suprir.
O número de vítimas chegou a 250 mortos e 20 desaparecidos, mas até hoje a equipe de bombeiros faz buscas no local. As perdas foram bem além em razão das vítimas que perderam tudo, inclusive parentes. Propriedades rurais foram devastadas, criações ficaram embaixo da lama, rios contaminados e peixes morreram, ou seja, a região foi praticamente devastada, ficando totalmente poluída.
A identificação dos corpos foi demorada e muita gente que faleceu era funcionário da Vale. Centenas estavam no refeitório no momento do rompimento e não tiveram nenhuma reação diante do mar de lama.
O resgate contou com a participação do Corpo de Bombeiros, Exército Brasileiro, Exército Israelense, voluntários, Força Aérea Brasileira, Defesa Civil, entre outros órgãos. Foi uma verdadeira mobilização nacional e internacional, com a doação de alimentos, água, roupas e cobertores.
Apesar da gravidade do acidente e da magnitude do desequilíbrio ambiental, as causas do rompimento ainda não foram totalmente identificadas. Por enquanto, existem apenas investigações e suposições.
Uma delas é que tenha ocorrido a liquefação no solo, ou seja, uma pressão na estrutura, levando ao problema. Outra suspeita é que explosões com dinamites ocorridas perto do local tenham influenciado no rompimento. A Vale nega.
O que se sabe é que a barragem I do córrego do Feijão estava desde 2016 sem fiscalizações por parte da Agência Nacional de Mineração (ANM). A Vale contava com normas de segurança internacionais e assegura que respeitava todos os procedimentos.
Após o acidente ambiental, o Ministério Público Federal recomendou ao Ibama, Secretaria do Meio Ambiente de Minas Gerais e ANM que não concedam novas licenças ambientais para barragens que utilizem a técnica de alteamento a montante.
Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) também foi aberta no Senado para investigar as causas do acidente, sendo presidida pela senadora Rose de Freitas (PODE-ES). Após quase seis meses de análises, 14 pessoas foram indiciadas, como engenheiros e executivos da Vale.
Os danos ambientais ocasionados pelo rompimento da barragem de Brumadinho vão levar décadas para serem recuperados, afetando negativamente na sustentabilidade. O mar de lama com resíduos da mineração devastou 133,27 hectares de Mata Atlântica, matou centenas de gados, plantas, plantações, além de ter contaminado o rio Paraopeba, um dos afluentes do São Francisco.
O Ibama chegou a multar a Vale em R$ 250 milhões, mas o valor é pequeno perto das consequências negativas causadas pelo acidente. A água do rio, por exemplo, que antes era consumida por animais, ficou imprópria, reduzindo a disposição de oxigênio. Apesar disso, a Vale assegura que a lama não era tóxica.
O solo teve suas características naturais afetadas, afetando negativamente na fertilidade da terra. Trata-se de um problema que acontece no Brasil desde 1986 e que esbarra principalmente na deficiência da fiscalização do governo federal, já que são apenas 154 funcionários para darem conta de 24 mil reservatórios espalhados pelo Brasil.
O rompimento da barragem de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, aconteceu três anos após o mesmo problema ter atingido a barragem de Mariana, situada ao lado de Ouro Preto (MG).
A tragédia de Mariana foi em novembro de 2015 e deixou um saldo de 15 mortos, entre moradores e funcionários da empresa Samarco, uma das muitas controladas pela própria Vale.
Assim como na região de Brumadinho, o solo e a água foram contaminados e o Rio Doce foi o mais afetado, tendo a fauna e flora aquáticas praticamente destruídas pelos resíduos da mineração.
Como você pôde perceber, o assunto é de extrema importância e faz parte do noticiário recente, ou seja, certamente questões referentes ao rompimento da barragem de Brumadinho estarão presentes no Enem ou demais vestibulares. Fique atento a esse assunto e mantenha-se bem informado!
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