Em 2015, a Argentina conheceu seu mais novo presidente, o candidato de centro-direita Mauricio Macri — da coligação Cambiemos (Mudemos). Eleito após derrotar seu opositor centro-esquerdista Daniel Scioli, sua candidatura esteve envolvida em diversas polêmicas. Desde então, seu posicionamento conservador tem sido o ponto de partida para os debates e questionamentos sobre seu governo.
Figura polêmica em muitas ocasiões, entender o que Mauricio Macri representa para o país é essencial para compreendermos melhor o atual cenário político da Argentina. Quer saber mais sobre um dos principais líderes da América Latina? Então, basta continuar a leitura deste post!
Nascido em 1959 em Tandil, na Província de Buenos Aires, Argentina, Macri é filho de um empresário descendente de italianos. Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Católica Argentina, esteve sempre envolvido nos negócios da família e também no futebol. Durante os anos de 1995 a 2007, Macri foi presidente do clube Boca Juniors e ganhou ainda mais notoriedade.
Embora sua oposição tenha o acusado de criar uma imagem mais acessível ao povo para mascarar ideias elitizantes, foi eleito prefeito de Buenos Aires em 2007. Sendo reeleito em 2011 para comandar a capital argentina, o seu nome ganhou força nas eleições presidenciais e Macri conseguiu o apoio de 51% dos eleitores, saindo vencedor da disputa.
Eleito pelo partido alegadamente de centro-direita, o presidente Macri assumiu claramente suas tendências de extrema direita ao conduzir o país. Durante a campanha, os discursos de caráter populista do então presidenciável acabaram gerando uma imagem de salvador de um país em crise. É importante lembrar que o país tinha acabado de sair dos doze anos do governo de Nestor e Cristina Kirchner, com várias acusações de corrupção.
Entretanto, em 2016 — ano de sua posse — o presidente argentino teve seu nome relacionado a uma polêmica envolvendo os Panama Papers. O caso veio à tona logo após a divulgação de uma série de arquivos mantidos pelos advogados da sociedade advocatícia Mossack Fonseca.
Estes documentos foram alvo de uma investigação que constatou uma série de serviços prestados de maneira irregular. Empresas de fachada eram utilizadas para encobrir crimes que vão desde lavagem de dinheiro do tráfico até a evasão fiscal. Logo após, Mauricio Macri teve seu nome ligado às investigações, uma vez que as empresas da família apareciam nos documentos como sendo beneficiárias de serviços prestados ao governo.
Por si só, os serviços não se caracterizavam como descumprimento de leis. No entanto, por não ter declarado sua relação com a empresa quando de sua candidatura, Macri se tornou também um alvo da investigação para que pudessem ser averiguadas possíveis irregularidades e até mesmo sonegação de impostos.
Atualmente, seu governo tem se caracterizado pelas propostas conservadoras que contribuíram para piorar a crise econômica na Argentina. Dessa forma, a imagem de político que se aproximava do perfil desejado pelo povo acabou se desfazendo. Após três anos de governo, a inflação no país ainda oscila em 40%, e, enquanto isso, aumenta a dívida do governo com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Em junho de 2018, o FMI concedeu 50 bilhões de dólares ao governo argentino. A medida impopular encontrada por Macri para lidar com o déficit gigantesco dos cofres públicos, se provou insuficiente. Em setembro de 2018, apenas três meses após o primeiro pedido, outros 7 bilhões se juntaram ao montante inicial.
A dívida argentina com o FMI já é a maior da história e o mercado argentino deve agora lidar com a desconfiança internacional acerca de suas capacidades de pagamento das dívidas feitas. Automaticamente, quem sofre com todos esses empréstimos é a população, uma vez que o dólar americano aumenta e o valor do peso argentino despenca.
Diante da instabilidade do governo, o Movimento Nacional Justicialista já mobilizou quatro greves gerais em pouco menos de quatro anos. A luta dos oposicionistas se apega às promessas feitas e não cumpridas, ao aumento absurdo da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), com o aumento de impostos e corte de verbas públicas que fizeram com que o cidadão comum argentino sofresse ainda mais com a crise.
A política interna de Mauricio Macri representa um grande retrocesso nos direitos adquiridos pelos argentinos. Um recuo acentuado nos direitos humanos, prisões políticas de manifestantes contra as medidas tomadas pelo governo, além de prisões de líderes de grupos sociais e sindicais, queda de ministérios, e aumento do desemprego são alguns dos resultados não desejados pela população.
Macri se elegeu com um discurso bem arquitetado sobre a luta contra a corrupção do Kirchnerismo que durava há mais de dez anos. Além disso, sua promessa era tirar a Argentina do caos econômico e social em que ela esteve e está envolvida. No entanto, as contas públicas não fecharam com o orçamento previsto e a crise perdura e aumenta.
Outra medida altamente impopular defendida pelo presidente Macri é a de utilização das Forças Armadas em assuntos de segurança interna. Esta medida é vista com receio pela população, visto que desde os processos de redemocratização do país ocorridos em 1983, após aproximadamente 25 anos de governos autoritários, a Argentina não mistura defesa interior com exterior.
Macri também sinalizou desde o início de seu governo uma política bem mais aberta em relação aos Estados Unidos, tomando uma série de medidas contrárias aos interesses do próprio país em favor dos norte-americanos. Essa política mais liberal em relação aos estrangeiros faz com que existam grandes chances de exploração de recursos naturais e de serviços nacionais que acabariam se tornando de mais fácil acesso aos EUA.
O mandato presidencial de Macri está sendo marcado por greves e manifestações da população que, descontente com as medidas que o presidente tem tomado, estão indo às ruas para protestar. Inicialmente, o presidente eleito havia prometido a seus eleitores retirar a Argentina da crise econômica sem alterar os direitos conquistados pelo povo.
No entanto, já nos primeiros meses, Macri anunciou cortes na educação e na saúde, além de ter aumentado os impostos de uma população que já estava sobrevivendo com dificuldades, uma vez que o preço de alimentos de base subiram 31%. Outra medida impopular adotada pelo presidente foi o corte de 13 ministérios de um total de 23.
A impopularidade de Macri se estende também ao setor agrícola, uma vez que o presidente propôs aumentar exponencialmente as taxas para exportação de produtos. Em 2009, a mesma medida para contenção de gastos foi solicitada pela então presidente Cristina Kirchner. No entanto, após greves do setor rural que ameaçaram ainda mais as exportações, a medida foi retirada.
Além dos altos impostos aos produtores, Mauricio Macri também fez com que cortes extensos fossem realizados em outros setores do país, como o da educação, da saúde, dos subsídios aos meios de transporte e também à eletricidade. Defendendo um corte de gastos que afetaria a população mais pobre, o presidente fez o possível para convencer a população da justeza de suas solicitações por meio de discursos altamente ensaiados.
Em 2016, quando de sua subida ao poder, tudo indicava que as políticas de Macri em relação aos países estrangeiros seria de aproximação e de maior abertura dos mercados. A saída da Argentina de seu isolamento após os anos do governo Kirchner fizeram com que houvesse até mesmo um maior interesse em trocas comerciais em relação ao MERCOSUL.
A abertura da política externa beneficiaria acordos com o Brasil, Estados Unidos, Uruguai e outros países da América Latina. No entanto, com o constante aumento do dólar e a queda do peso argentino, Macri resolveu fazer de sua guerra ao dólar a principal forma de diminuir as disparidades econômicas.
A Venezuela enfrenta sua própria e profunda crise econômica, uma das maiores da história, agravada pelo governo autoritário de Hugo Chávez e por seu sucessor Nicolás Maduro. O país passa pela falta de alimentos, de remédios e luta com uma grande onda de violência que faz com que à noite as ruas se tornem verdadeiras zonas de guerra.
Em 2014, a queda do preço do petróleo, que na Venezuela constitui 96% da entrada de dinheiro no país, acabou abalando a economia. Isso porque os governos anteriores não fizeram nenhum esforço no sentido de aumentar os ganhos com crescimento interno por meio de incentivo ao desenvolvimento agrícola e industrial.
Desta forma, a Venezuela só pode contar com os rendimentos vindos da exportação do petróleo, o que acabou quebrando o país quando deixou de prover os ganhos suficientes. Insatisfeitos com o governo de Maduro, os venezuelanos foram às ruas para manifestar contra a inércia e ineficiência do governo para combater a crise do petróleo e a econômica.
No início de 2018, Maduro mudou a data das eleições venezuelanas que ocorreriam ao final do ano, para abril, com a clara intenção de se reeleger. Mauricio Macri enquanto representante da Argentina, assim como os presidentes da América do sul como Brasil e Chile; países da América Central como os da Guatemala, Panamá e México, entre outros pertencentes ao Grupo de Lima, solicitaram a interrupção do movimento político de Maduro alegando que não apresenta legitimidade democrática.
Assim, Macri se posicionou fortemente contra os movimentos ocorridos na Venezuela. Em agosto de 2018, o presidente da Argentina discursou sobre sua intenção de ir até o Tribunal Penal Internacional (TPI), junto com outros países da América Latina para solicitar uma investigação por crimes contra a humanidade perpetrados pelo presidente venezuelano.
As relações da Argentina com os Estados Unidos se definem pela abertura da primeira porta para as possibilidades de trocas comerciais. Por sua vez, Donald Trump, o presidente norte-americano, mostrou interesse moderado em negócios com quaisquer países da América Latina. Em setembro de 2018, Trump elogiou as tentativas de Macri de contornar a crise econômica no país, acenando para um possível entendimento entre os países.
As ações para consolidarem as relações entre os dois países, no entanto, seguem imprecisas. A desvalorização do peso argentino e o aumento constante do dólar americano fizeram com que Macri se posicionasse em uma guerra econômica contra esta disparidade de valores. É importante lembrar que as negociações entre Argentina e Estados Unidos podem ser finalizadas se Macri não conseguir se reeleger em 2019, quando Trump vai para seu segundo ano no poder.
Enquanto uma figura proeminente de um dos países mais importantes da América latina, Mauricio Macri e suas políticas consistem em tema de interesse para compreender melhor como funcionam os processos políticos tanto na Argentina quanto nos demais países latinos.
Agora que você já sabe um pouco mais sobre o chefe do governo argentino, é importante dar continuidade em seus estudos. Por isso, não deixe de acessar nossas videoaulas sobre questões atuais de Cuba e aprofunde o seu conhecimento sobre temas da atualidade.
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