A hanseníase é uma das doenças mais infecciosas e contagiosas do mundo. Antigamente conhecida como “lepra”, não recebe essa denominação há mais de 50 anos. Apesar de todo o preconceito envolvendo a doença, é perfeitamente curável.
Quer saber mais sobre a hanseníase? Então continue lendo este artigo!
A hanseníase é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae. Também conhecida como lepra, morfeia, mal de Hansen ou mal de Lázaro, é responsável por severos danos aos nervos e ao tecido epitelial.
O nome hanseníase vem do médico bacteriologista e dermatologista dr. Gerhard Hansen, norueguês responsável pela descoberta do microrganismo causador da doença. A utilização do termo “lepra” está em desuso há algumas décadas, dada a conotação negativa ao longo da história.
A hanseníase é uma das doenças infecciosas mais antigas da história. Hipócrates, considerado pai da medicina e que viveu próximo dos 400 a.C., utilizou pela primeira vez o termo derivado de “descamar”, ao caracterizar manchas brancas presentes na pele e cabelos de seus pacientes.
Apesar disso, não descreveu nenhum tipo de manifestação neuronal, o que leva a crer que provavelmente estava se referindo ao vitiligo. Na Bíblia a denominação “lepra” é utilizada em hebraico, significando vergonha, desgraça. Existem registros do Egito Antigo que datam de mais de 3.000 anos se referindo à doença.
A hanseníase foi, por muito tempo, considerada incurável e responsável por diversas mutilações. Forçava o isolamento dos pacientes em leprosários, principalmente durante a Idade Média europeia. Os doentes eram obrigados a utilizarem sinos, como para que anunciarem sua chegada aos recintos.
No Brasil, até metade do século XX, os doentes de hanseníase eram obrigados a viver isolados em leprosários, tendo seus pertences queimados. Esse tipo de atitude mostrava muito mais um afastamento dos pacientes do que uma tentativa de tratamento e cura.
Para se ter uma noção do preconceito que rondava os portadores de hanseníase, até meados do século passado existiam leis que os agentes de saúde pública capturassem os chamados “leprosos”, sendo esses compulsoriamente instalados nas colônias de leprosários.
A Lei, com número 610 do ano de 1949, só foi revogada em 1968, por meio da Lei nº 5.511 de 15/10/1968. Apesar disso, a ressocialização dos doentes sempre foi muito complicada, principalmente pela pobreza e isolamento a que eram submetidos.
A hanseníase é sim uma doença muito contagiosa, sendo que o bacilo Mycobacterium leprae é considerado de alta infectividade e baixa patogenicidade. Entretanto, o desenvolvimento da doença dependerá muito da resposta do organismo da pessoa que for infectada por meio da troca de fluidos ou por vias respiratórias.
A principal causa da hanseníase é a bactéria Mycobacterium leprae, também conhecida como bacilo de Hansen. É um parasita que atinge, principalmente, os tecidos epiteliais e nervosos.
A infecção ocorre por meio de vias respiratórias ou secreções, até se instalar nos nervos periféricos e no tecido epitelial do doente. Por ter um tempo de incubação lento, os sintomas podem demorar entre dois e cinco anos para se manifestarem.
A contaminação pode acontecer por meio da exposição a condições de baixa higiene ou pelo contato íntimo com o portador da bactéria que não foi submetido a tratamento. Apesar do hospedeiro preferencial ser os humanos, a bactéria da hanseníase pode infectar, também, esquilos, macacos e tatus.
A principal forma de prevenção da hanseníase é a manutenção do sistema imunológico forte e eficiente, dando todas as possibilidades de combate ao organismo, caso haja algum contato com a bactéria portadora da doença.
Principalmente por isso, é fundamental que as pessoas adotem o mais rápido possível um modo de vida saudável, se alimentando corretamente, praticando atividades físicas e tendo boa higiene.
A aplicação da vacina BCG é uma das maneiras encontradas pelo Ministério da Saúde e as autoridades no assunto como uma das formas mais eficazes de prevenção. Isso acontece porque, apesar de ser voltada para a tuberculose, a vacina BCG apresenta semelhanças grandes entre as formas de transmissão e hospedagem do agente causador.
A vacina BCG é composta por uma cepa enfraquecida (ou inativa) do bacilo de Calmette & Guérin, correspondente ao Mycobacterium bovis atenuado. A vacina BCG é obrigatória e deve ser tomada o mais cedo possível a fins de se evitar esse quadro descrito anteriormente.
A transmissão da doença acontece por meio da convivência próxima e prolongada com o portador daquela forma considerada transmissora, a multibacilar. Principalmente se o doente não estiver sob tratamento e houver contato por saliva ou secreções nasais.
O toque à pele do portador da hanseníase não transmite a doença. É importante ressaltar que cerca de 90% da população tem resistência imunológica contra a doença.
A incubação da hanseníase (tempo entre a infecção e a manifestação dos sintomas) é longo, podendo variar de seis meses a cinco anos. Sua manifestação, entretanto, variará de pessoa para pessoa, principalmente de acordo com fatores genéticos.
A hanseníase é uma doença passível de contaminar pessoas de qualquer idade e sexo. Entretanto, a ocorrência é maior nos indivíduos do sexo masculino. Como demora a se manifestar, é comum que os sintomas só sejam observados por adultos, apesar da doença geralmente ter sido adquirida na infância.
Nesse sentido, os principais fatores de risco para os humanos são as más condições de higienização e o contato com animais, que podem levar à contaminação pela bactéria da hanseníase.
Os sintomas da hanseníase são fáceis de identificar e incluem:
Esses são alguns dos sintomas iniciais da hanseníase, que ajudam a identificar seus primeiros estágios para iniciar o tratamento. Se não for tratada, a doença pode evoluir para um estágio muito avançado, incluindo os sintomas:
Antigamente, pela falta de tratamento e diagnóstico adequados, os portadores de hanseníase apresentavam quadros extremamente avançados. Por isso, era comum associar os doentes a pessoas deformadas, já que nos estágios avançados da doença ocorre a desfiguração do nariz e a mutilação decorrente da perda dos membros.
Felizmente, hoje em dia a doença é curável e, se detectada com rapidez, não leva a nenhum quadro mais avançado de sintomas. Entretanto, é fundamental que todos fiquem atentos às manifestações da doença, principalmente aquelas relacionadas à perda da sensibilidade. Essa recomendação é ainda mais importante para aqueles que convivem de perto com portadores da hanseníase.
O diagnóstico de hanseníase não é complicado de ser feito. Consiste basicamente em um exame clínico e epidemiológico, no qual o fisiologista realiza um exame geral e dermato neurológico, buscando encontrar lesões na pele, principalmente por meio de testes de sensibilidade.
Dessa forma, é possível identificar também o comprometimento dos nervos mais periféricos. Nesse caso, são observadas alterações sensitivas, de movimento ou mesmo autonômicas.
Como citamos, o diagnóstico da hanseníase é feito principalmente por meio de exames simples, que testam a sensibilidade do paciente. São eles:
Os exames de proteína C reativa (PCR) e da sorologia anti-pgl-1 têm como objetivo confirmar alterações metabólicas e internas do organismo do paciente. Entretanto, a principal forma de diagnóstico é mesmo o exame físico e dermato neurológico, uma vez que a manifestação da hanseníase se dá de maneira muito forte externamente.
No Brasil, o tratamento da hanseníase é gratuito e fornecido pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Pode variar entre seis meses e um ano, dependendo das formas da doença (paucibacilares ou multibacilares).
Pode ainda ser prorrogado ou ter os medicamentos substituídos, para casos especiais e mais específicos de manifestação da doença. O tratamento é eficaz e leva a 100% de cura.
Já após a aplicação da primeira dose de medicação, os riscos de transmissão são anulados. Isso significa que o paciente pode conviver normalmente em sociedade, sem correr o risco de transmitir a doença para as pessoas próximas a ele.
São utilizados medicamentos em via oral, com a associação de duas ou três variantes, em um tratamento chamado de poli quimioterapia. Dentre os medicamentos, lança-se mão de antibióticos, responsáveis pelo extermínio das bactérias que causam a hanseníase.
Embora o tratamento cure 100% a hanseníase e evite qualquer tipo de piora, é importante ressaltar que ele não é capaz de reverter os danos causados pela doença. Por isso, é fundamental que o diagnóstico e tratamento sejam feitos ainda no começo. Quaisquer desfigurações físicas ou danos nervosos são, infelizmente, permanentes.
É possível classificar a hanseníase em duas grandes categorias, subdivididas em mais dois grupos cada. Ela pode ser paucibacilar, com um número reduzido de bacilos (ou até mesmo nenhum) ou multibacilar, com presença de vários bacilos.
No caso da forma multibacilar, o potencial de transmissão é alto, caso não seja tratada. Independentemente da categoria da doença, sua manifestação pode se dar por meio da presença de manchas claras, vermelhas ou escuras, pouco visíveis e sem delimitação. As áreas afetadas sofrem alteração da sensibilidade, principalmente com perda de pelos e da capacidade da pele de transpirar.
O avanço acontece quando a doença passa a atingir os nervos periféricos, causando a perda da sensibilidade, dormência, tônus muscular, entre outros sintomas. Todos os tipos de hanseníase podem levar a caroços, inchaços e deformações de partes do corpo nas fases mais agudas da doença.
Dito isso, é importante entender as diferenças entre os tipos de hanseníase. São eles:
Mesmo conhecida há milênios e sendo uma das doenças mais antigas da humanidade, a hanseníase continua cercada de muito preconceito. As pessoas ainda desconhecem a doença e, por ela se manifestar esteticamente, associam imediatamente a algo nocivo e danoso.
A verdade é que os séculos de exclusão e destrato com os doentes ainda reverberam na sociedade atual. É preciso conscientizar as pessoas que, corretamente tratada, a hanseníase é curável e já no primeiro dia de tratamento deixa de ser contagiosa.
No Brasil, vários estados adotam um dia para marcar a luta e o combate ao preconceito contra a hanseníase. Nacionalmente, o dia 28 de janeiro é considerado o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase. O mês ficou conhecido como “janeiro roxo”, prática já comum no país, que associa meses de conscientização a cores. São realizadas campanhas educativas pelo governo, empresas e demais membros da sociedade.
Doenças como a hanseníase são um verdadeiro problema social da humanidade. Precisam ser compreendidas e seus doentes tratados humanitariamente, evitando assim a marginalização deles.
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