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10 filmes filosóficos que você não pode perder

Confira a lista de sugestões do prof. Eduardo

É muito legal quando um filme provoca uma série de questionamentos, não é mesmo?! A gente começa a pensar mais sobre, procuramos analisar e tentamos entender o que aconteceu, de fato, naquela história.

Em alguns casos, percebemos também como interpretamos o mundo. Muito disso se deve à Filosofia. Mesmo parecendo que não, ela está lá, quase que camuflada, esperando um insight seu.

Para conferir filmes que podem abrir a sua mente e provocar algumas reflexões, pedimos dicas para o Prof. Eduardo, formado em História e Ciências Sociais pela Unicamp.

Ele separou 10 filmes que nos fazem pensar muito. “Em relação à Filosofia, o que você vai mais encontrar no cinema são alegorias do Mito da Caverna de Platão”, comenta o professor.

Confira a lista com 10 filmes sugeridos por prof. Edu:

1. Matrix (Ficção Científica/Fantasia, 1999)

Foto: Divulgação/ Reprodução

Thomas é um programador que começa a ter pesadelos – ele sonha com um computador sendo ligado ao seu corpo. Assustado, ele costuma acordar no momento em que os eletrodos seriam implantados em seu cérebro.

Com o tempo, ele descobre que “Matrix” é um sistema de computador que manipula a mente das pessoas e forja uma falsa “realidade”. Por isso, ele é recrutado por Morpheus e Trinity para lutarem contra esse mundo artificial e voltarem para realidade.

“O eixo central do Matrix é o Mito da Caverna de Platão. O filme trabalha a ideia do sujeito se libertar daquele mundo que lhe é apresentado como mundo real, mas que na verdade não é o mundo real. Ou seja, ele precisa romper com o mito e sair da caverna”, afirma o professor.

2. The Eichmann Show (Drama, 2015)

Foto: Divulgação/ Reprodução

Adolf Eichmann foi o nazista responsável pela deportação e extermínio de milhares de judeus no Holocausto. O longa-metragem mostra como foi a transmissão televisiva do seu julgamento, que aconteceu em Jerusalém, em 11 de abril de 1961.

No filme, o diretor da transmissão tenta encontrar a humanidade em Eichmann porque ele acredita que todos, sem exceção, temos pelo menos um pouco dentro de nós. Porém, Eichmann não tem a demonstra – ele fica o tempo todo indiferente.

O prof. Eduardo explica que o filme aborda a discussão: Nós somos o que somos? Ou somos resultado de um meio? “Ele nos faz refletir, até mesmo, se Eichmann teve humanidade um dia”, completa.

3. A Origem (Ficção Científica, 2010)

Foto: Divulgação/ Reprodução

Don Cobb é um ladrão que consegue invadir os sonhos de suas vítimas e descobrir todos os seus segredos guardados no subconsciente. Devido a morte de sua esposa, ele é um fugitivo proibido de voltar ao EUA e não pode reencontrar seus filhos.

Em meio às suas aflições, ele decide aceitar a missão de um empresário: ele recruta um time para invadir a mente e plantar uma ideia em um herdeiro japonês.

Neste filme, a Filosofia pode ser relacionada ao mesmo princípio da questão do platonismo – fato do mundo inteligível ser diferente do mundo sensível.

“Podemos ver a ideia de que o ‘real’ mundo é o inteligível, é o mundo das ideias. Então, o que nós vivemos nada mais é que uma reminiscência, uma lembranças do mundo das ideias”, afirma o professor.

4. Festim Diabólico (Filme policial/ Drama, 1948)

Foto: Divulgação/ Reprodução

Dois estudantes resolvem matar uma pessoa simplesmente para experimentar a sensação de cometer um assassinato. Eles querem provar para si que são capazes de arquitetar o crime perfeito.

Para deixar a história ainda mais sombria, eles guardam o corpo da vítima em um baú e convidam alguns colegas para um jantar – que não desconfiam que há um morto ali.

O filme trabalha muito a questão do uso de máscaras – com elas, ninguém vai perceber quem você realmente é.

“Podemos relacionar a Filosofia à questão ética, da verdade e da própria empatia – ou seja, você vai matar alguém só para descobrir a sensação de matar. Eles vão quebrar a ideia da sensação e partir para a materialidade”, afirma Edu.

O professor explica que, além disso, também está presente o pensamento kantiano de que nem tudo que é bom é certo. “Às vezes você quer fazer algo, mas aquilo não é certo. Ou, então, pode existir uma coisa certa a se fazer e você não quer”, reflete.

5. Show de Truman (Fantasia/Ficção Científica, 1998)

Foto: Divulgação/ Reprodução

Truman Burbank é um homem que leva uma vida simples e sossegada. Com o tempo, ele começa a desconfiar de toda aquela tranquilidade e passa a estranhar sua esposa, amigos e até mesmo a cidade em que vive.

Ele acaba descobrindo que desde sempre está sendo monitorado por câmeras e que sua vida é transmitida na televisão, como forma de entretenimento.

“Show de Truman é um baita filme que retrata o mundo real e o mundo imaginário. Na história, ele vive uma ilusão e só vai descobrir isso quando sai da caverna”, conta o professor.

Para Eduardo, o mais interessante é quando ele começa a romper com o mito. Neste momento, você nota que todo mundo quer que ele não rompa, inclusive quem está fora da caverna vendo a vida dele.

6. Os Deuses Devem Estar Loucos (Cinema Independente/Comédia, 1980)

Foto: Divulgação/ Reprodução

Na história, uma tribo africana nunca tinha visto uma pessoa sem ser de sua raça. De repente, passa um avião perto da aldeia com um piloto branco que está tomando uma Coca-cola.

Para completar, ele joga a garrafa de Coca-cola vazia pela janela e ela cai justamente no meio da tribo. Como eles não faziam ideia do que poderia ter acontecido ali, eles presumem automaticamente que aquilo é uma mensagem dos deuses.

“Esse filme é uma delícia e ótimo para relacionar aos conceitos da Filosofia. Nele, a gente consegue ver a questão do mito e do logos – de como você constrói o mito, de como você desenvolve a ideia de ritual e como se constrói essa identidade”, explica Edu.

O professor chama a atenção para um detalhe significativo: o símbolo da divindade, retratado pelo filme, é a Coca-cola.

7. Muito além do Jardim (Comédia dramática, 1979)

Foto: Divulgação/ Reprodução

O filme conta a história de um jardineiro que nunca havia saído da casa de seu patrão e, por isso, só conhecia o mundo que era apresentado na televisão. Quando o dono da casa morre, ele precisa sair de lá e passa a descobrir a verdadeira Nova Iorque.

“Muito bom o filme. Também é temática de romper com a sua realidade, pois trabalha o Mito da Caverna mais uma vez”, afirma o prof. Eduardo.

8. O Feitiço do Tempo (Fantasia, 1993)

Foto: Divulgação/ Reprodução

No filme, um repórter muito arrogante é escolhido para cobrir o “Dia da Marmota”, um evento simples que acontecerá em uma cidadezinha do interior. A imprensa fica atenta a esse dia, porque dependendo de como a marmota sair do seu esconderijo, os americanos saberão se o inverno será rigoroso ou não.

Mas uma coisa muito estranha acontece, como literalmente um feitiço no tempo. O repórter fica preso nesse acontecimento – ele filma a Marmota, dorme e quando acorda, ele está prestes a fazer a reportagem novamente.

O professor Eduardo explica que o filme trabalha dois conceitos dos pré-socráticos. Parmênides, que é o princípio da identidade, diz que o ser é totalmente imutável. Já Heráclito fala que tudo está em transformação.

“Os dois se juntam aqui porque eles vão passar um dia em que tudo evolui e vai chegar um momento que tudo volta a ser como antes”, descreve o prof.

9. Inteligência Artificial (Ficção Científica/Fantasia, 2001)

Foto: Divulgação/ Reprodução

Na famosa ficção científica, David é um menino-robô adotado por um casal. Mas tem um detalhe muito importante: ele não é como os robôs que costumamos ver nos cinemas, a sua grande diferença é que ele foi programado para amar e ser amado.

Mesmo com a capacidade de se emocionar, ele não consegue a aceitação total dos humanos. Por isso, ele segue em busca dos seus semelhantes para entender o seu universo.

“Podemos relacionar a Filosofia à questão de construir o conhecimento e a identidade”, explica Eduardo. Neste caso, o robô vai construindo a identidade dele através da inteligência, do conhecimento e da razão.

10. A Vila (Fantasia, 2004)

Foto: Divulgação/ Reprodução

O filme retrata uma comunidade que vive no meio de um bosque. Os moradores daquela vila não têm contato com o mundo externo.

Existe uma lenda de que eles não podem sair da floresta porque o entorno dela é ocupado por seres monstruosos. Sabendo disso, os moradores mais velhos teriam feito um acordo com esses seres de não avançar os limites geográficos e todos viverem pacificamente.

Estava tudo bem até acontecer um acidente. Um menino com problemas de cognição perde o controle e precisa de ajuda médica. A grande questão é que não há como pegar remédios sem sair da comunidade. Eis que começam as descobertas.

“O filme é surpreendente. Ele trabalha muito o Mito da Caverna também porque, não vou dar spoilers, mas eles descobrem que a história não é bem essa”, confessa o professor.

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