Foi num cenário marcado pela censura religiosa, pela força do absolutismo e pelo domínio do clero, que surgiu uma das mentes mais provocadoras da história: Voltaire. Filósofo, escritor, intelectual francês e um dos pilares do Iluminismo, ele não apenas criticou os poderes instituídos, como também defendeu com firmeza valores que até hoje são fundamentais, como a liberdade de expressão, a tolerância religiosa e os direitos individuais.
Neste artigo, você vai descobrir quem foi Voltaire, entender o contexto em que viveu, explorar suas principais ideias e obras, e ver por que ele continua relevante nos vestibulares e no mundo atual.
Voltaire, pseudônimo de François-Marie Arouet, foi um dos maiores expoentes do Iluminismo no século XVIII. Nascido em uma sociedade burguesa francesa em ebulição, ele se destacou como filósofo iluminista, defensor da razão e feroz crítico da Igreja e da monarquia absolutista. Desde jovem, usou a escrita para questionar os dogmas religiosos e o autoritarismo do Estado, tornando-se símbolo de uma reforma intelectual que viria a influenciar gerações.
Sua trajetória foi marcada por perseguições, exílios e polêmicas. Ainda assim, Voltaire jamais silenciou sua voz crítica, tornando-se membro da Academia Francesa e sendo celebrado como uma figura-chave no avanço do pensamento moderno.
Voltaire nasceu em Paris, em 21 de novembro de 1694, no seio de uma família burguesa. O ambiente cultural da capital francesa no século XVIII já começava a refletir as tensões entre o conservadorismo da Igreja e os primeiros suspiros da razão crítica que marcaria o Iluminismo.
Voltaire faleceu também em Paris, em 30 de maio de 1778, aos 83 anos. Sua morte gerou controvérsia: por ser crítico do clero, sua entrada oficial na Igreja foi recusada. No entanto, sua importância intelectual foi tamanha que, anos após a Revolução Francesa, seu corpo foi transferido para o Panteão de Paris, sendo consagrado como um dos grandes nomes da história francesa.
O século XVIII, também conhecido como o Século das Luzes, foi um período de grande efervescência cultural, política e científica na Europa — especialmente na França. Era uma época marcada por fortes contrastes: ao mesmo tempo em que surgiam ideias transformadoras no campo da filosofia, ciência e literatura, o continente ainda era dominado por regimes absolutistas, com rígido controle da Igreja Católica sobre a sociedade.
A França pré-revolucionária era profundamente desigual. A sociedade burguesa crescia economicamente, mas continuava sem poder político real, pois esse estava concentrado nas mãos da nobreza e do clero. O chamado Antigo Regime sustentava-se em uma estrutura onde os privilégios eram hereditários, e o povo, em sua maioria, era excluído das decisões. A liberdade de pensamento era reprimida, e muitos escritores, como o próprio Voltaire, enfrentavam censura religiosa e até prisões arbitrárias, como a Bastilha.
A influência da Inquisição ainda era presente, e livros considerados heréticos eram banidos. O clero e o Estado caminhavam lado a lado para garantir que a ordem estabelecida não fosse questionada. Voltaire, inserido nesse ambiente, logo percebeu a necessidade de lutar contra essa censura e o controle ideológico exercido pelas autoridades. Seu envolvimento em discussões filosóficas e políticas tornou-se não apenas um ato intelectual, mas também um ato de resistência.
Nesse cenário de tensão e transformação, surgia o Iluminismo, movimento que promovia o uso da razão como guia para o progresso humano. Voltaire se tornou um de seus principais porta-vozes, ajudando a consolidar uma nova visão de mundo — baseada no racionalismo, na liberdade de expressão e na crítica ao absolutismo e ao fanatismo religioso.
O Iluminismo foi o alicerce sobre o qual Voltaire construiu sua visão de mundo. Esse movimento intelectual e cultural, que floresceu na Europa do século XVIII, defendia que o conhecimento humano deveria ser guiado pela razão, pela experiência empírica e pela busca da verdade por meio do método científico — e não mais por dogmas religiosos ou imposições absolutistas.
Voltaire incorporou esses ideais em sua forma de pensar, escrever e agir. Como filósofo iluminista, acreditava que a ignorância era o maior inimigo da liberdade e que somente através da reforma intelectual a sociedade poderia avançar. Ele via a educação e a disseminação do conhecimento como armas poderosas contra o fanatismo, a intolerância e os abusos do poder.
Inspirado por pensadores britânicos como John Locke e Isaac Newton, Voltaire passou a valorizar o racionalismo e o direito natural — ideias que sustentavam que os seres humanos, por sua própria condição, possuíam direitos inalienáveis, como a liberdade de pensamento, a igualdade jurídica e a propriedade. Esses princípios passaram a aparecer com frequência em seus escritos, especialmente na crítica às instituições que negavam esses direitos, como a Igreja e as monarquias absolutistas.
Além disso, Voltaire foi um dos principais divulgadores da Enciclopédia, projeto monumental dos iluministas franceses liderado por Diderot e d’Alembert, que visava reunir e democratizar o saber de sua época. A Enciclopédia representava, para ele, a síntese do espírito iluminista: um esforço coletivo de usar o conhecimento para libertar as pessoas do obscurantismo.
Por meio de sua atuação como intelectual francês, crítico do clero e defensor da razão, Voltaire se tornou não apenas um reflexo do Iluminismo, mas também um de seus maiores símbolos. Suas ideias ajudaram a moldar a visão moderna de Estado laico, direitos civis e liberdade de consciência, influenciando desde a Revolução Francesa até as bases das democracias contemporâneas.
Voltaire ficou famoso por sua crítica à Igreja Católica. Considerava o fanatismo religioso uma das maiores ameaças à liberdade e à razão. Sua luta contra a censura religiosa e a Inquisição foi implacável. Ele se autodefinia como um crítico do clero, e seu lema mais famoso — “É preciso esmagar a infâmia!” — referia-se diretamente aos abusos cometidos em nome da religião.
Ao mesmo tempo, criticava duramente a monarquia absoluta, propondo, em vez disso, o despotismo esclarecido — uma forma de governo em que o governante seria guiado pela razão e pelos ideais do Iluminismo. Era uma forma estratégica de sugerir reformas sem promover, de início, uma ruptura radical com a ordem vigente.
Voltaire foi um escritor prolífico, e várias de suas obras se tornaram referências do pensamento iluminista. Entre as mais relevantes estão:
Essas obras eram marcadas por estilo ágil, sarcasmo e crítica social — características que tornaram Voltaire popular entre leitores e temido entre governantes.
“Posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo.”
— Sobre liberdade de expressão.
“Preconceito é opinião sem julgamento.”
— Crítica ao dogmatismo.
“É perigoso estar certo quando o governo está errado.”
— Ataque ao autoritarismo.
“A superstição é para a religião o que a astrologia é para a astronomia.”
— Defesa da razão contra o fanatismo.
“O melhor governo é aquele em que há o menor número de homens inúteis.”
— Crítica à burocracia e ao parasitismo do Estado absolutista.
Voltaire não estava sozinho em sua jornada intelectual. Ele fez parte de uma geração brilhante de pensadores iluministas que transformaram radicalmente a forma como a sociedade europeia pensava sobre política, religião, ciência e direitos humanos. Seus contemporâneos mais notáveis foram Jean-Jacques Rousseau e Montesquieu, com quem teve relações complexas — por vezes colaborativas, por vezes conflituosas.
Com Montesquieu, Voltaire compartilhava várias ideias centrais, especialmente a defesa da razão e a crítica ao absolutismo. Admirava particularmente o conceito da separação dos poderes, proposto por Montesquieu na obra O Espírito das Leis, como uma maneira de limitar o poder do Estado e preservar as liberdades individuais. Ambos acreditavam que a razão deveria ser a base da organização política e que governos deveriam servir ao bem comum, respeitando os direitos naturais do cidadão.
Já com Rousseau, a relação foi mais conturbada. Embora também pertencesse ao grupo de filósofos iluministas, Rousseau possuía uma visão mais romântica e emocional da natureza humana, o que entrava em choque com o racionalismo defendido por Voltaire. Rousseau acreditava na bondade inata do homem e na corrupção causada pela sociedade, enquanto Voltaire era mais cético e valorizava a civilização como fruto do progresso intelectual. Os dois trocaram cartas e críticas públicas, revelando divergências profundas sobre temas como religião, arte, ciência e política.
Apesar dessas diferenças, a interação entre esses pensadores foi fundamental para o fortalecimento da cultura do Iluminismo. O debate entre eles não apenas enriqueceu o movimento, mas também ajudou a consolidar diferentes correntes de pensamento que influenciariam a Revolução Francesa e a construção dos sistemas democráticos modernos.
Voltaire também dialogava, mesmo que indiretamente, com outros nomes fundamentais do Iluminismo europeu, como John Locke e David Hume, absorvendo influências do empirismo britânico e da crítica à autoridade imposta. Esse intercâmbio de ideias ajudou a formar uma rede de intelectuais que, mesmo com opiniões distintas, estavam unidos pelo propósito comum de desafiar a ignorância, o fanatismo e o autoritarismo.
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Mesmo tendo morrido antes da Revolução Francesa, as ideias de Voltaire serviram de base intelectual para os revolucionários. Seu pensamento sobre direitos individuais, liberdade de expressão, crítica ao clero e crítica ao absolutismo contribuiu diretamente para a derrubada do Antigo Regime.
No pensamento moderno, sua influência é vista nos princípios que regem as democracias contemporâneas, nos direitos humanos e no valor atribuído à liberdade de consciência.
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Voltaire é figura recorrente nos vestibulares, especialmente em questões de História, Filosofia e Sociologia. Entender seu pensamento ajuda a compreender o Iluminismo, os antecedentes da Revolução Francesa e a formação das ideias modernas de cidadania.
Além disso, suas obras fornecem argumentos valiosos para redações, especialmente temas que abordam liberdade, tolerância e direitos civis.
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