Saiba tudo sobre a variação linguística e como diferenciar cada uma
Certamente você já deve ter se deparado com determinados tipos de variação linguística, seja conversando com os colegas na sala de aula, assistindo uma reportagem na TV ou lendo textos históricos. Essas variações podem acontecer de diversas formas e estão diretamente relacionadas ao fenômeno do uso do idioma, em que seus próprios falantes podem alterar o modo de falar, escrever e passar as informações adiante.
Assim, surgem as variações linguísticas envolvendo vários traços históricos, sociais, culturais e geográficos. Um bom exemplo que pode ser observado com facilidade nos tipos de variação linguística no Brasil, é a variação linguística regional.
No post de hoje, você verá os tipos de variação linguística e exemplos de variação linguística deles. Continue a leitura para entender tudo sobre o assunto!
São as variações que dependem do contexto comunicativo, ou seja, a ocasião é que determina a maneira como nos dirigimos ao nosso interlocutor, se deve ser formal ou informal.
A linguagem formal ou culta, por exemplo, leva em consideração as normas da língua. Ela pode ser usada quando não há familiaridade entre os ouvintes da comunicação ou em situações que necessitam de maior elegância.
Por outro lado, a linguagem informal é usada quando há familiaridade entre os ouvintes da comunicação ou em situações descontraídas.
A língua portuguesa vive em constante movimento, e essa característica faz com que ocorra uma alteração na maneira de escrever, no significado de determinadas palavras e até mesmo no emprego delas.
As variações históricas podem ser observadas a partir de três formas:
Bons exemplos de variação linguística histórica são a remoção do uso do “ph” de algumas palavras, como pharmácia (forma antiga), que se tornou farmácia (forma atual) e a diminuição de vossa mercê (forma antiga) — que hoje só vemos em séries e novelas de época — para você (forma atual).
São variações que acontecem de acordo com o local onde vivem os falantes, sofrendo sua influência. Esse tipo de variação ocorre porque diferentes regiões têm culturas diversas, com hábitos, modos e tradições distintos, estabelecendo assim outras estruturas linguísticas.
Podem ser observadas por diferentes palavras para os mesmos conceitos, diferentes sotaques, dialetos e falares, e até mesmo com reduções de palavras ou perdas de fonemas.
A abóbora que conhecemos no sudeste é chamada de jerimum no nordeste brasileiro pela influência indígena. Assim como a mandioca, que pode ser encontrada como aipim ou macaxeira, dependendo da região do país.
São aquelas variações que ocorrem em virtude da convivência entre os grupos sociais. Como exemplo podemos citar a linguagem dos advogados, dos surfistas, da classe médica, entre outras.
Bons exemplos são as gírias, expressões populares de um determinado grupo social e os jargões, que compõem o linguajar usado em um grupo especifico, podendo ser profissional, cultural ou social.
As variações linguísticas encontradas no Brasil são as mesmas que observamos em qualquer idioma, ou seja, podem ser históricas, diafásicas, diastráticas ou diatópicas.
O trecho a seguir mostra o poeta maior, Drummond, ilustrando a variação linguística histórica ao relembrar o uso da língua portuguesa no início do século XX:
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio.”
Carlos Drummond de Andrade
Caso você faça um passeio pelos rios do Norte do Paraná, é preciso entender como se deve avisar sobre uma correnteza. O exemplo abaixo ilustra uma variação diatópica:
“Aqui no Norte do Paraná, as pessoas chamam a correnteza do rio de corredeira. Quando a corredeira está forte é perigoso passar pela pinguela, que é uma ponte muito estreita feita, geralmente, com um tronco de árvore. Se temos muita chuva a pinguela pode ficar submersa e, portanto, impossibilita a passagem. Mas se ocorre uma manga de chuva, uma chuvinha passageira, esse problema deixa de existir.”
(TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1º e 2º graus. São Paulo: Cortez, 1996.)
Por outro lado, a variação diastrática fica abaixo muito bem representada nos versos da música de Luiz Gonzaga:
“Óia eu aqui de novo xaxando
Óia eu aqui de novo pra xaxar
Vou mostrar pr’esses cabras
Que eu ainda dou no couro
Isso é um desaforo
Que eu não posso levar
Que eu aqui de novo cantando
Que eu aqui de novo xaxando
Óia eu aqui de novo mostrando
Como se deve xaxar.
Vem cá morena linda
Vestida de chita
Você é a mais bonita
Desse meu lugar
Vai, chama Maria, chama Luzia
Vai, chama Zabé, chama Raque
Diz que tou aqui com alegria.“
E. ainda, a variação diafásica acontece quando adequamos a nossa linguagem a cada situação. Você mesmo a utiliza diversas vezes, quer ver um exemplo? Quando pergunta a um colega sobre a matrícula na faculdade:
Mas, por outro lado, se for perguntar a uma funcionária, vai falar diferente:
O preconceito linguístico ocorre quando há diferenças linguísticas entre os falantes de um mesmo idioma. Assim, ele está associado às diferenças regionais — desde dialetos, regionalismo, gírias e sotaques — desenvolvidas ao longo do tempo e que envolvem os aspectos históricos, sociais e culturais de determinado grupo.
Atualmente, o preconceito linguístico é recorrente e pode ser um fator importante para a exclusão social. No Brasil, ele pode ser observado com muita facilidade, levando em consideração que muitos creem que a sua maneira de falar seja superior a de outros grupos.
Um exemplo claro é observar um sulista que considera a sua maneira de se comunicar mais elegante aos que vivem no norte e nordeste do país. Vale ressaltar que o Brasil possui dimensões continentais e, embora todos falemos a língua portuguesa, ela apresenta diversas variações e particularidades regionais, como visto.
Sem entender que as diferenças existem, o preconceito da língua acontece no teor de deboche, comportamento que pode gerar diversos tipos de violência (física, verbal e psicológica). Além disso, os indivíduos que sofrem com o preconceito linguístico, muitas vezes, adquirem problemas de sociabilidade ou mesmo distúrbios psicológicos.
Os sotaques que se distinguem não somente nas cinco regiões do Brasil, mas também dentro de um próprio estado, são os principais alvos de discriminação. Por exemplo, uma pessoa que nasceu e vive na capital do Estado e outra que vem do interior.
Nesse caso, muitas palavras são usadas para identificar algumas dessas pessoas, usando um tom pejorativo e depreciativo associado às variedades linguísticas, por exemplo: o caipira, o baiano, o nordestino, o roceiro etc.
Percebe que as variações linguísticas não têm nada de complicado? Exercitar o conhecimento é a melhor forma de identificar cada uma delas sem erro. Aproveite exemplos de edições anteriores de alguns vestibulares e do Enem para entender como esse assunto é abordado e fixar bem o conhecimento.
Assim, você saberá identificar com facilidade cada um dos tipos de variação linguística e vai garantir questões importantes na hora da prova! Quer saber mais?
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