Foi no governo Geisel (1974-1979) que o Brasil começou a vivenciar a transição para o regime democrático.Apesar de ter sido o quarto militar a assumir a Presidência ao longo da ditadura, ele fazia parte de uma ala mais moderada do Exército e, inclusive, derrubou o AI-5, o ato institucional que impôs várias medidas restritivas e violentas contra a nação.
Com o objetivo de aprofundar seu conhecimento nessa parte da história política brasileira, elaboramos este post trazendo detalhes sobre o governo Ernesto Geisel. Continue a leitura!
Nascido no Rio Grande do Sul, no dia 3 de agosto de 1907, Ernesto Beckmann Geisel foi um dos militares que esteve presente nas articulações para a implantação daditadura militar no Brasil, regime que durou de 1964 a 1985.
Geisel era filho de imigrantes alemães e estudou no colégio militar de Porto Alegre. Formou-se como aspirante de oficial na Escola Militar de Realengo, atual Academia Militar das Agulhas Negras.
Sua história política começou no governo de Castelo Branco, em 1964. Foi presidente da Petrobras no governo de Emílio Médici, inclusive com a indicação de seu irmão, Orlando Geisel, ao Ministério do Exército.
A atuação de Orlando, que era bem-articulado, foi fundamental para que Médici indicasse Geisel como Presidente pela Aliança Renovadora Nacional (ARENA), assumindo a cadeira em 15 de março de 1974.
Foram quatrocentos votos à frente da chapa oposicionista comandada por Ulysses Guimarães, do MDB.
Em sua história de vida, Geisel participou de ações militares ao longo da Revolução de 30 e combateu na Revolução Constitucionalista de 1932, integrando as forças federais.
Foi ainda Secretário da Fazenda da Paraíba durante a ditadura de 30 e se casou com uma prima de primeiro grau, com quem teve dois filhos.
O governo de Geisel marcou a transição para o processo democrático tão quanto a entrada do Brasil na política neoliberal. Ele extinguiu o AI-5 e concedeu anistia política a várias pessoas que estavam exiladas em outros países, principalmente artistas e políticos.
Uma das marcas desse quarto governo militar foi a proposta de reforma do Poder Judiciário, que gerou críticas por grande parte dos deputados e fechamento do Congresso Nacional por 14 dias.
O militar sabia que estava passando por um processo “lento, gradual e seguro” do término da ditadura, pois a sociedade já sinalizava que não suportava mais as arbitrariedades e o autoritarismo do regime.
Tanto é que as vagas ocupadas pelo MDB na Câmara aumentaram consideravelmente, ou seja, o objetivo do governo Geisel foi criar uma sustentabilidade para o país.
Foi nesse período que se intensificaram as relações diplomáticas e comerciais do Brasil com outros países, em especial da Europa, África e Ásia.
A indústria de base recebeu fortes investimentos. Só para você ter uma ideia, o PIB, a soma de todas as riquezas do país, alcançou a marca de 31,88% de crescimento.
Durante o governo de Ernesto Geisel, também foi criada a Lei Falcão, que proibia campanhas eleitorais nos meios de comunicação, ampliando ainda o mandato do presidente de cinco para seis anos.
Além disso, um terço do Senado seria escolhido por voto indireto por meio das assembleias estaduais.
Outrofato histórico do governo Geisel foi o congelamento dos salários, causando revolta, crise econômica e manifestações populares, como os protestos de sindicatos, principalmente na região do ABC paulista.
A sociedade começa a se unir e ganha apoio de entidades de classe, como a OAB e UNE, em busca da redemocratização do país.
A área econômica do governo Geisel ficou conhecida por meio do II Plano Nacional de Desenvolvimento, elaborador pelo ministro da época, Mário Henrique Simonsen.
A ideia era conter a alta da inflação, buscando alternativas para incentivar o crescimento econômico.
Entre as medidas que foram tomadas, estão:
Houve investimentos na indústria com o objetivo de gerar empregos, tendo em vista que o Brasil enfrentava os reflexos da crise do petróleo de 1973.
No entanto, houve ampliação da dívida externa e a inflação continuou subindo, causando um período de recessão econômica e crise política.
Ao assumir, Geisel pegou um país com 15,54% de inflação, entregando o governo no dia 15 de março de 1979 com 40,81%, ou seja, a população estava tensa e totalmente contrária às decisões impostas pelos militares.
Se não bastassem os protestos de sindicalistas e estudantes, o governo de Ernesto Geisel foi atingido em cheio com a morte do jornalista Vladimir Herzog e do operário Manoel Fiel Filho, ambos em São Paulo, em 1975, nos porões da ditadura, após sessões de torturas.
Enfraquecido o poder da linha dura dentro do governo militar, Geisel consegue evitar que houvesse um golpe comandado pelo general Sylvio Frota, extinguindo o AI-5. Assim, o país começava a ser preparado para o próximo presidente, João Figueiredo,o último do regime militar.
E é no governo de Figueiredo que a sociedade monta um movimento civil reivindicando eleições diretas para a Presidência da República, popularmente conhecido como Diretas Já, em março de 1983.
O movimento foi liderado por Tancredo Neves, Leonel Brizola e Miguel Arraes, entre muitas outras personalidades, sendo consolidado com a eleição de Tancredo de forma indireta. Porém, ele acabou falecendo antes de assumir, deixando a vaga para seu vice, José Sarney.
Assim, foram encerrados 21 anos de ditadura militar no Brasil, tendo como principal vitória a promulgação da Constituição de 1988, que vigora até hoje.
Após crises econômica e política, o governo de Ernesto Geisel chega ao fim com a imagem de que a sociedade brasileira não suportava mais os militares no Poder.
Portanto, foi um governo marcado pelos primeiros sinais de abertura do Brasil para a democracia por meio das eleições diretas, garantindo direitos que, ao longo da ditadura militar, foram deixando de existir.
Entre eles, podemos citar:
Sendo assim, o governo Geisel foi uma espécie de despedida dos militares do poder, enfraquecendo o golpe que havia se consolidado em 1964. Trata-se de um período importantíssimo para a História brasileira, ou seja, é fundamental você explorá-lo em sua preparação.
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