João Goulart: quem foi, carreira e governo!

Um dos temas de História sempre presentes nas provas do Enem e dos vestibulares é o período da Ditadura Militar no Brasil, que durou de 1964 a 1985. Foram 21 anos de suspensão de direitos civis, autoritarismo e censura.

Porém, antes de saber o que aconteceu durante o Regime Militar, é preciso saber em que circunstâncias ele se instalou. Por isso, neste post, você vai conhecer a biografia de João Goulart, o presidente que viveu anos conturbados antes do golpe civil-militar de 1964.

Preparado para revisitar esse período da nossa História? Então, vamos em frente!

Quem foi João Goulart?

Conhecido como Jango, João Belchior Marques Goulart foi o 24º presidente do Brasil. Nascido em São Borja, no Rio Grande do Sul, em 1919, formou-se em Direito com 20 anos de idade, mas não exerceu a profissão: ficou encarregado de cuidar dos negócios agropecuários da família. Após a morte do pai, em 1943, dedicou-se inteiramente a essa tarefa.

Casou-se com Maria Thereza Fontella Goulart quando já era ministro e concorria à vice-presidência. O casal teve dois filhos: João Vicente e Denise.

E como esse pacato são-borjense chegaria à presidência do país em menos de duas décadas? Simples: Getúlio Vargas, nascido na mesma cidade, retorna para casa após ser deposto com o fim do Estado Novo. Foi por causa da amizade com Getúlio que Jango inicia na política.

Carreira de João Goulart

A carreira política de Jango teve início durante as frequentes visitas que fazia à estância de Getúlio, que foi incutindo em sua cabeça as ideias políticas, visto que ele demonstrava aptidão para liderar e sabia se comunicar com as pessoas mais humildes.

João foi, então, intensificando sua participação na política local e estadual, lançando-se candidato a deputado em 1946 e a senador em 1947. Após um tempo em retiro, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1952 e, a partir de então, só aumentou sua aura populista.

Aos 35 anos, em 1953, Jango torna-se ministro do trabalho do segundo governo de Getúlio, com ideias revolucionárias, como dobrar o valor do salário-mínimo. E esse acabou sendo um dos motivos para os militares exigirem a renúncia de Vargas, taxado por eles de comunista.

Como sabemos, o presidente acabou se suicidando em 1954. O golpe já estava preparado, mas foi adiado pela comoção popular.

Governo de João Goulart

Juscelino Kubitschek foi eleito presidente e Jango, seu vice, em 1956. Os dois governaram até 1961, levando o Brasil a um grande desenvolvimento. Nas eleições seguintes, João Goulart volta a ser eleito vice-presidente, dessa vez com Jânio Quadros, um antigetulista, como presidente.

Vale lembrar que, à época, não se constituía uma chapa, como ocorre hoje. Por isso, candidatos com visões quase que opostas acabaram juntos no mesmo governo.

Presidencialismo

O presidente João Goulart só chegou a esse posto devido à renúncia de Jânio Quadros, após seis meses de governo. Enquanto Jango se encontrava fora do país, recebeu um telegrama convocando seu retorno imediato para assumir a presidência.

Foi um período bastante tumultuado, mas Jango conseguiu fazer um plano de governo e o levou adiante com muitas intempéries, inclusive a decisão por um plebiscito para manter o regime parlamentarista ou instalar o presidencialismo, que era o desejo dele, em janeiro de 1963.

Naquele ano, a crise econômica estava aprofundada, com enorme endividamento do país, e as disputas políticas acirradas dentro do governo. Uma grande insatisfação dos militares já se fazia notar.

Depois de reunir forças com o regime presidencialista, que lhe garantia mais poderes, Jango deu início a uma série de reformas: agrária, educacional e bancária, entre outras.

Golpismo

Desde a era Vargas até o governo João Goulart, o golpismo vinha se fazendo presente, articulado pela extrema-direita, interessada em atender aos interesses estrangeiros. Houve uma onda de radicalização, e os meios de comunicação foram responsáveis por fomentar o clima antigoverno.

Golpe civil-militar

Em meio a esse cenário, em 1964 os grupos conservadores optaram por depor Jango do cargo, após rebeliões militares. O presidente, para evitar derramamento de sangue, entregou o poder.

Você sabe quem foi o presidente do Brasil depois de João Goulart? O primeiro general a assumir o governo ditatorial no regime militar foi Humberto Castello Branco, que governou o país até 1967. O governo de João Goulart foi bruscamente interrompido e os ideais trabalhistas e desenvolvimentistas caíram por terra.

Governo João Goulart: exercícios

Veja como o governo do presidente João Goulart tem sido cobrado em vestibulares e no Enem.

1. (Unicamp 2011) Em 30 de março de 1964, o Presidente João Goulart fez um discurso, no qual declarou: “Acabo de enviar uma mensagem ao Congresso Nacional propondo claramente as reformas que o povo brasileiro deseja. O meu mandato será exercido em toda a sua plenitude, em nome do povo e na defesa dos interesses populares.”

(Adaptado de Paulo Bonavides e Roberto Amaral, Textos políticos da história do Brasil. Brasília: Senado Federal, 2002, vol. 7, p. 884.)

Sobre o contexto em que esse discurso foi pronunciado, é possível afirmar o seguinte:

a. Enfrentando a oposição de setores conservadores, Jango tentou usar as reformas de base, que deveriam abranger a reforma agrária, a eleitoral, a educacional e a financeira, para garantir apoio popular ao seu mandato.

b. Quando Jango apresentou ao Congresso Nacional as reformas de base, elas já haviam sido alteradas, abrindo mão da reforma agrária, para agradar aos setores conservadores, e não apenas às classes populares.

c. Com as reformas de base, Jango buscou afastar a fama de esquerdista, colocando na ilegalidade os partidos comunistas, mas motivou a oposição de militares e políticos nacionalistas, ao abrir o país ao capital externo.

d. Jango desenvolveu um plano de reformas que deveria alterar essencialmente as carreiras dos militares, o que desagradava muitos deles, mas também reprimiu várias greves do período, irritando as classes populares.

2. (Enem 2018) A democracia que eles pretendem é a democracia dos privilégios, a democracia da intolerância e do ódio. A democracia que eles querem é para liquidar com a Petrobras, é a democracia dos monopólios, nacionais e internacionais, a democracia que pudesse lutar contra o povo. Ainda ontem eu afirmava que a democracia jamais poderia ser ameaçada pelo povo, quando o povo livremente vem para as praças — as praças que são do povo. Para as ruas — que são do povo.

Disponível em: www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/discurso-de-joao-goulart-nocomicio-da-central. Acesso em: 29 out. 2015

Em um momento de radicalização política, a retórica no discurso do presidente João Goulart, proferido no comício da Central do Brasil, buscava justificar a necessidade de:

a. conter a abertura econômica para conseguir a adesão das elites.

b. impedir a ingerência externa para garantir a conservação de direitos.

c. regulamentar os meios de comunicação para coibir os partidos de oposição.

d. aprovar os projetos reformistas para atender a mobilização de setores trabalhistas.

e. incrementar o processo de desestatização para diminuir a pressão da opinião pública.

Gabarito: 1. a; 2. d.

João Goulart foi uma figura importante na História recente do Brasil. Como esse tema é bastante cobrado nos exames, aprofunde seus estudos! Sabia que uma ótima maneira de aprender é assistindo a filmes?

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