A cultura da música é tão rica que apresenta possibilidades quase infinitas de ritmos e gêneros. Sua história exibe a mesma complexidade, misturando sons e cenários sociais e políticos, que moldam frequentemente a maneira como se faz música.
O nascimento do Hip Hop, por exemplo, se dá em um contexto sociopolítico bastante específico e delicado, criando um dos gêneros musicais mais ouvidos até hoje. Quer saber mais sobre o Hip Hop e suas origens? Então siga o ritmo e continue lendo este post!
Mais que um gênero musical, o Hip Hop é uma cultura popular, surgida nas comunidades de origem africana, caribenha e latina localizadas nos subúrbios de Nova Iorque em meados da década de 1970.
Em um contexto de excessiva violência urbana e alta criminalidade, os jovens tinham apenas as ruas como forma possível de lazer. Assim, conseguiam se expressar nesse ambiente por meio da música, da dança e da pintura, manifestando e contestando a realidade em que viviam.
Neste cenário, em 1973, um DJ de 18 anos conhecido como DJ Kool Herc (Clive Campbell) tocou na festa de aniversário da sua irmã Cindy, utilizando apenas alguns trechos instrumentais de várias músicas, fazendo com que os convidados dançassem por muito mais tempo. Os segmentos de músicas escolhidos pelo DJ eram sempre acompanhados por letras feitas por um amigo seu, o MC. Surgia assim o Hip Hop.
No mesmo ano, no dia 12 de novembro de 1973, era fundada a ONG Zulu Nation, que buscava promover a cultura e o Hip Hop como o melhor caminho para manter os jovens afastados do crime e da violência presentes na rua.
De pouco em pouco, a parte lírica do Hip Hop, representada pelo rap, passou a ganhar espaço nas discotecas, muito comuns nos anos 1970 e 1980, que, até o momento, tocavam apenas os hits musicais de disco. Assim, duplas de DJ’s e MC’s começaram a conquistar seu espaço, competindo entre si nas batalhas de rap.
Um dos nomes mais importantes para a cultura do Hip Hop é o de Afrika Bambaataa, pseudônimo de Lance Taylor, um DJ do Bronx, líder da banda Zulu Nation, que deu origem à ONG citada. Apesar de não ser o primeiro a tocar o Hip Hop, Bambaataa foi o precursor na utilização do termo, sendo o responsável por prover as bases técnicas e artísticas para a expressão cultural que hoje conhecemos.
A ONG de Bambaataa promovia a inclusão dos jovens, oferecendo oportunidades por meio de palestras e aulas, nas quais eram trazidos conhecimentos gerais de matemática, economia, ciências, prevenção de doenças e outros. A ideia da Zulu Nation era mudar o pensamento violento e autodestrutivo das gangues que dominavam a Nova Iorque da época, apoiando a sabedoria, a compreensão, a justiça, a igualdade e a paz.
Para Bambaataa, os pilares da cultura do Hip Hop eram definidos por quatro pontos principais, sendo eles o DJ, o MC, o B-boy/breakdance (dança) e o Graffitti. Dessa maneira, o Hip Hop se tornava uma cultura inclusiva da qual todos poderiam participar, contribuindo com criatividade e arte.
O Hip Hop, enquanto um termo da língua inglesa, tem origens mais antigas do que pode parecer. A palavra “hip” é utilizada desde 1898 para se referir a algo atual, acontecendo no exato momento em que é falada. Já o “hop” faz referência ao movimento de dança.
Além de Afrika Bambaataa, Keith “Cowboy” Wiggins e Grandmaster Flash são referenciados como os primeiros utilizadores do termo “Hip Hop”, no ano de 1978. Enquanto Flash utilizava repetidamente as palavras “hip” e “hop” para zombar de um amigo que entrava no exército, imitando assim a cadência rítmica da marca dos soldados, Cowboy passou a utilizar a sequência para marcar o ritmo dos MC’s no palco.
Inicialmente, as duplas de artistas (MC e DJ) eram chamadas de “hip-hoppers”, mas como um sinal de desrespeito. Entretanto, os artistas passaram rapidamente a se identificar com o termo, adotando-o como uma nova forma de se fazer arte, música e cultura.
As músicas “Rapper’s Delight”, do Sugarhill Gang e “Superrappin”, de Grandmaster Flash, lançadas em 1979, tiveram um sucesso estrondoso, sendo seguidas por diversos outros hits na década de 1980. Várias delas, como as duas acima, faziam clara referência ao Hip Hop e ao Rap.
Pode-se considerar a cidade de São Paulo como o berço brasileiro do Hip Hop. Na década de 1980, ocorriam festas e encontros de jovens na rua 24 de Maio e no Metrô de São Bento. Nestas festas, foram formados diversos artistas de renome, como Thaíde, DJ Hum, Rappin Hood e os próprios Racionais MC’s.
Entretanto, diferentemente do que aconteceu nos Estados Unidos, a cultura do Hip Hop ganhou força, inicialmente, por meio do breakdance. O que marcou de vez o gênero musical no Brasil foi o lançamento do disco Cultura de Rua, com a participação de Thaíde e DJ Hum, entre outros rappers.
Não demorou muito para o Hip Hop alcançar fama internacional. Um dos principais discos precursores neste sentido foi o Straight Outta Compton, do grupo N.W.A., em 1988. A partir daquele momento, vários artistas, como Dr. Dre e Ice Cube, alcançaram patamares de muito prestígio na cena musical norte-americana.
O Hip Hop também é tema frequente de filmes, séries e documentários, como a série The Get Down, da Netflix (cancelada após duas temporadas) e a série-documentário Hip Hop Evolution, de 2016, que conta a história do gênero musical em quatro episódios.
Atualmente, o Hip Hop é um dos ritmos mais ouvidos em todo o mundo, carregando a expressão de toda uma cultura por meio de músicas que trazem, também, uma grande carga de manifestação popular.
E aí, curtiu descobrir sobre o nascimento do Hip Hop? Como uma expressão cultural, são grandes as chances de o Hip Hop ser tema de questões do Enem ou mesmo da própria redação do exame! Então, não deixe também de conferir nossas dicas para outros 10 temas que podem ser cobrados na prova de redação!
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