Teoria evolucionista, um dos assuntos mais polêmicos nas aulas de biologia
Como você já deve ter percebido, o assunto hoje é polêmico: a teoria evolucionista. Mas ao contrário dos debates nas redes sociais, para nós estudantes importa a ciência.
Portanto, neste artigo, nós discutiremos como a percepção científica da formação e evolução das espécies se alterou ao longo do tempo. E para fazer isso, seguiremos uma trilha histórica, percorrendo os seguintes tópicos:
Por outro lado, apesar de seguirmos este rastro histórico, não podemos esquecer que este é um assunto que pertence à disciplina de Biologia. Sendo assim, precisamos explicar alguns aspectos mais diretamente ligados à genética, mas veremos isso mais adiante.
Por enquanto, vamos começar com uma explicação sucinta da própria teoria do evolucionismo.
A teoria evolucionista é a explicação mais completa que temos sobre a forma como a vida (as diferentes espécies de seres vivos) evoluiu ao longo de milhões de anos, desde a origem da vida.
E assim como a vida, a própria teoria evoluiu, conforme vários cientistas foram fazendo observações e descobertas, principalmente a partir do século XIX (anos 1800).
Porque antes disso a ideia dominante era a de que os seres vivos não mudavam e, portanto, não evoluíam.
Esta ideia predominou durante a maior parte da nossa história: primeiro, porque não se pesquisava sobre o assunto, mas depois por um motivo bem mais simples.
Teoria criacionista e evolucionista não pertencem ao mesmo mundo, porque a chamada teoria criacionista não tem base científica. Ao contrário, se baseia na fé religiosa para afirmar que os seres vivos seriam produto da criação divina e, assim, imutáveis.
Seja como for, este pensamento religioso estabeleceu uma forma básica de entendimento da vida, como fruto da ação divina, que prevaleceu por muitos séculos.
Mas, a partir dos anos 1800, pesquisas científicas começaram a apontar para um novo entendimento, baseado em evidências. Sobretudo, a partir das observações de dois grandes pensadores da humanidade, começando por Jean-Baptiste de Lamarck (1744-1829).
Lamarck foi um naturalista francês que desenvolveu um longo trabalho de observação de moluscos e estabeleceu a primeira teoria evolucionista, assentada em duas compreensões principais, que seriam as leis da evolução:
Para quem já está por dentro deste assunto, é possível perceber que a teoria de Lamarck está errada, mas não completamente, principalmente porque foi a primeira a perceber que os seres vivos evoluíam com o passar das gerações.
Pouco depois de Lamarck, Charles Darwin deu um passo muito mais profundo e certeiro para comprovar a teoria evolucionista, a partir da observação e comparação de fósseis, percebendo alguns pontos fundamentais:
Destas observações, Darwin estabeleceu suas principais hipóteses, sobre as quais falaremos a seguir.
Para entender o que é seleção natural segundo a teoria evolucionista, é preciso lembrar que a noção de “seleção artificial” já existia no século XIX. Basta que você pense nos cachorros.
Ao longo do tempo, nós incentivamos o cruzamento entre raças diferentes de cachorros, porque queríamos obter resultados específicos, como animais mais fortes, mais ágeis ou mais inteligentes.
A seleção natural seria um processo similar, mas que ocorreria aleatoriamente, na própria natureza, sendo que as pequenas diferenças entre os seres de uma mesma espécie fariam com que alguns indivíduos fossem mais aptos a sobreviver.
Ou seja, a longo prazo, sobreviveriam apenas os indivíduos de uma determinada espécie, que possuíssem aquelas pequenas diferenças que lhes davam alguma vantagem.
Podia ser uma pelagem um pouco mais grossa, um bico um pouco mais comprido ou qualquer outro detalhe.
Com o tempo, estes indivíduos mais bem adaptados se tornavam mais numerosos porque tinham mais chances de procriar, com seus filhos herdando as mesmas características, até que se tornassem dominantes, dando origem à uma nova espécie.
Esta é a forma como a teoria evolucionista explica a adaptação das espécies, ou seja, a seleção natural favorece a sobrevivência dos mais adaptados ao ambiente, até que as suas características se tornem dominantes.
As teorias evolucionistas de Darwin estavam muito próximas da realidade, mas eram incapazes de explicar a origem daquelas pequenas diferenças, por exemplo.
Esta explicação só se tornou possível com os avanços mais recentes na área da genética, quando descobrimos o funcionamento da reprodução dos seres vivos, especialmente, através da descoberta da possibilidade de “erros” durante a formação das células.
Isso deu origem ao chamado “neodarwinismo”, ou Teoria Sintética da Evolução, explicando que uma mutação (um bico ou pelo mais longo) é resultado de um destes “erros” que, uma vez estabelecidos em um código genético, passam para a geração seguinte (filhos e netos).
Resumindo, dentro de uma espécie de gorilas por exemplo, cada indivíduo tem um código genético muito parecido com os demais membros da espécie, mas com pequenas diferenças (ou “erros”).
Dependendo das condições do ambiente em que aquela espécie vive, alguns destes “erros” conferem uma vantagem a certos indivíduos da espécie.
Digamos que alguns gorilas nasçam com uma pelagem muito mais espessa do que o normal da espécie, enquanto uma glaciação (frio intenso) atinge sua região durante milênios. A pelagem mais grossa, neste caso, seria uma vantagem para a sobrevivência.
Como estamos falando de um longo período, apenas filhotes com o mesmo “erro” genético teriam uma chance razoável de sobreviver e a espécie inteira se transformaria aos poucos, até que a pelagem grossa se tornasse padrão.
Sendo assim, podemos dizer que a teoria evolucionista se tornou mais completa com as descobertas da genética, que preencheram muitas das lacunas deixadas por Darwin.
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