Se você está por dentro das séries do momento, já deve ter ouvido falar Vikings, que conta a história de Ragnar Lothbrok e de como ele se tornou um lendário rei da Dinamarca e da Suécia, durante os séculos VIII e IX.
A série retrata o crescimento de Ragnar, de fazendeiro a rei escandinavo, passando a ser considerado um dos terrores da Inglaterra e da França. Produzida pelo History Channel, a série está atualmente em sua quinta temporada, sendo transmitida desde 2013.
Com o sucesso de crítica e a popularização do tema, muitas pessoas passaram a se interessar mais pela história do povo Viking. Pensando nisso, trouxemos neste artigo tudo sobre a história dos Vikings. Continue lendo para descobrir muito mais!
Os vikings foram um povo que viveram na Escandinávia, conquistando territórios como a Inglaterra e a França, na Alta Idade Média. Embora o termo se refira a um povo específico, é importante lembrar que não consistia em uma nação homogênea, mas vários clãs e tribos que tinham costumes e línguas parecidos entre si. Para alguns pesquisadores, o termo pode ser adaptado para “povos nórdicos”.
Localizados na região da Escandinávia, o que hoje compreende os países de Suécia, Dinamarca e Noruega, os vikings estabeleceram uma cultura muito rica, desenvolvida principalmente por meio das atividades agrícolas, do artesanato e, principalmente, das habilidades de navegação, bem como o comércio relacionado à elas.
Este bom trato nos mares fez com que a pirataria também fosse uma das principais atividades dos vikings, que realizavam várias incursões na Europa Continental, saqueando e conquistando terras, principalmente na ilha que hoje é o Reino Unido. O auge dos vikings como uma civilização ocorreu entre os séculos VIII e XI.
O principal processo de invasão às terras britânicas se deu na segunda metade do século VIII. Em 865, um grande e poderoso exército viking dinamarquês causou uma guerra que resultou na conquista de boa parte das terras da Bretanha. Essas terras eram o que ficou conhecido como Danelaw, um largo território viking no Centro-Norte e Leste bretão. O exército ainda expandiu para as terras escocesas, aumentando consideravelmente o território conquistado.
Famosos pelas invasões e expansões territoriais, os vikings empreenderam por várias terras, conquistando e saqueando boa parte do continente europeu. Necessidade ou retaliação, não se sabe ao certo o que motivava o povo escandinavo a invadir as terras europeias. Alguns estudiosos apontam até mesmo a tentativa feita pelo rei francês Carlos Magno de converter a força dos vikings ao cristianismo, executando aqueles que não cediam.
A chegada da religião cristã na Noruega, inclusive, causou vários conflitos entre os povos nativos, dividindo a região. Dessa forma, muitos historiadores apontam que as invasões, os saques de igrejas e o massacre de fiéis, principalmente nas terras britânicas, indique uma guerra religiosa. Assim, seria muito mais do que um movimento vingativo contra Carlos Magno, já que o ataque à França aconteceu muitos anos depois.
O potencial agrícola das terras escandinavas também pode ser uma outra razão para as invasões vikings. Algumas teorias apontam que a população teria crescido mais do que a agricultura do local pudesse alimentar. Jovens, sem terras para herdar e partindo para conquistas, também são outra hipótese. Fato é que as invasões e os saques se constituíram como a principal característica estratégica do povo viking.
Entre as expansões mais notáveis, podemos destacar os vikings dinamarqueses na França e no Sul da Inglaterra, entre os anos de 1013 e 1042. Vários reis vikings, inclusive, chegaram a mesmo ocupar o trono inglês. Suecos chegaram a fundar territórios no que hoje é a Rússia e norueguesas viajaram para noroeste e oeste, invadindo terras britânicas do Norte.
A organização social dos vikings era muito bem dividida e estratificada. No topo, estava o rei. Abaixo do rei, ficavam os latifundiários e magnatas, conhecidos como jarls. No meio da pirâmide social, os fazendeiros ou karls. Já na base estavam os escravos, também chamados de thralls.
Os vikings também se organizavam de maneira a diferenciar livres e não-livres, pobres e ricos, homens e mulheres. Comandados por um rei, a monarquia viking não funcionava da maneira como acontecia normalmente no resto do mundo. Isso porque o direito ao trono não era passado hereditariamente, de modo que os candidatos à coroa precisavam batalhar entre si. Dessa forma, qualquer um que pretendesse ser rei precisaria de muitas alianças, seja por meio de casamentos, seja por meio da lealdade de outros homens.
A língua falada entre os vikings era a mesma, apesar das variações. Além disso, utilizavam o mesmo alfabeto rúnico. Os povoados vikings eram compostos, geralmente, por pequenas fazendas, agrupando de 50 a 500 pessoas. Em uma vida comunitária, todo o trabalho era dividido, com ferreiros, fazendeiros, pescadores, artesãos, entre outros.
Nesses povoados, as pessoas costumavam morar em casarões comunitários, habitados por núcleos familiares extensos. Valorizadas, essas famílias eram consideradas provedoras de abrigo, proteção e alimento, sendo que rivalizavam entre si.
Caso alguma morte acontecesse de maneira não-natural dentro de uma família, era comum que houvesse vinganças. Mesmo após o casamento, os membros das famílias continuavam juntos, trabalhando e morando sob o mesmo teto. As mulheres, após se casarem, se mudavam para a casa da família de seus maridos.
A posição feminina na sociedade viking apresenta algumas diferenças em relação à tradição europeia. Apesar de terem que ser obedientes aos seus maridos, podiam pedir o divórcio em casos de motivo plausível. Já os maridos podiam ter amantes e matar esposas adúlteras, mas precisavam pagar algo ao pai da noiva para se casarem.
Comparado com o restante da Europa na Idade Média, as mulheres gozavam de um status, de certa forma, mais “livre”. Uma tia, sobrinha ou neta paterna poderia herdar a propriedade de um homem falecido na linha de sucessão. Sem parentes masculinos, uma mulher solteira e sem filhos poderia, inclusive, assumir a posição de chefe familiar.
Entretanto, após se casarem, perdiam esses direitos para seu novo marido. Após a introdução do cristianismo, essas pequenas liberdades foram cessando até desaparecerem completamente, de modo que não há mais registros desse tipo de organização após o século XIII.
Já na organização militar, havia um surpreendente equilíbrio entre os gêneros. Na década de 1880, foi encontrado o corpo de uma mulher viking do século X, com traços e vestimentas que sugeriam um posto de guerreira, sendo essa a primeira mulher guerreira viking de alto escalão a ser identificada.
Na organização social em fazendas e pequenos povoados, o trabalho na terra e as práticas de agricultura tinham uma importância social muito grande na sociedade viking. Assim, internamente o comércio era feito nas bases de itens de agricultura e pesca.
Entretanto, as invasões e excursões marítimas também eram parte importante da economia viking. Sua proeza na construção de barcos rápidos e de boa navegabilidade permitiam não somente a realização de atos de pirataria, mas mesmo o comércio com outros povos nos mares da Europa.
Culturalmente, o povo viking desenvolvia uma arte extremamente complexa e elaborada. Seus barcos costumavam ser entalhados com formas de plantas e animais. As armas e os capacetes eram esculpidos nos mínimos detalhes, introduzindo nesses objetos desenhos de proteção e prestígio na sociedade.
Ainda hoje é possível encontrar objetos do cotidiano com inscrições em runas, apresentando ricos detalhes. O senso estético da sociedade viking era muito exacerbado, de modo que mesmo os guerreiros mais simples apresentavam ornamentos em seus uniformes e armas.
As mulheres dos altos estratos sociais também costumavam se enfeitar com joias e amuletos, feitos até mesmo dos ossos de animais e das cascas de tartarugas, além dos objetos provenientes das invasões.
Os vikings eram politeístas. Isso é, adoravam vários deuses, cada um com sua característica e personalidade distintas. Esse povo explicava coisas do cotidiano, como a presença do sol e da lua, por meio de várias histórias mitológicas. Sua religião cultuava os ancestrais, valorizando seus mortos e a vida após a morte.
Para os vikings, o mundo era dividido em nove “andares” conectados em uma gigantesca árvore da vida, denominada Yggdrasil. Haveria um mundo para os deuses, chamado de Asgard, um mundo onde vivem os humanos, chamado de Midgard e os outros sete, sendo:
Diferentemente do que acontecia com outros povos e culturas, a religião viking não se baseava em uma luta entre bem e mal, mas sim entre a ordem e o caos. Nenhum dos deuses era visto como totalmente bom ou totalmente mau, de modo que as histórias sobre eles mostravam atitudes que explicitam seu comportamento mais próximo da humanidade.
Como falamos, os vikings tinham uma relação especial com a morte. Diferentemente da nossa cultura ocidental, a morte não era lamentada, mas valorizada e até festejada. Após o falecimento de alguém, o corpo era queimado com os pertences pessoais do falecido, as cinzas eram recolhidas e depositadas em potes de cerâmica. Além disso, eram feitos sacrifícios animais, como de cães, cavalos, bois e ovelhas. Havia, inclusive, um estranho costume de enterrar viva a mulher favorita de um homem falecido.
Os principais deuses adorados pelos vikings eram:
Pelo seu caráter expressivo e esteticamente apelativo, a cultura viking sempre foi muito valorizada na cultura pop atual. Vários filmes, jogos e livros com a temática foram produzidos, além de séries especiais sobre o tema. Abaixo, separamos algumas curiosidades sobre esse povo:
Como falamos no começo do post, o History Channel produziu uma série sobre a história dos Vikings, particularmente sobre a vida e a lenda de um dos maiores heróis da cultura escandinava: Ragnar Lothbrok.
Segundo algumas lendas, ele foi um rei nórdico famoso pelos ataques à Inglaterra e à França no século IX. Existem referências à Ragnar em poemas e lendas famosas da cultura viking. Entretanto, não existem muitas evidências históricas de que Ragnar tenha realmente existido.
A principal e mais aceita teoria é de que, na verdade, as histórias de vários guerreiros diferentes tenham sido utilizadas para criar a figura de Ragnar. Vikings famosos, como Reginherus (que invadiu Paris) e Reginfrid (rei de parte da Dinamarca) seriam inspirações para a lenda de Ragnar.
Até mesmo sua morte é cercada de dúvidas. Existem duas versões para o fim de Ragnar, que pode ter acontecido no Reino da Nortúmbria, onde hoje é o Reino Unido. Esse é o fim retratado na série, no qual Ragnar é jogado em um fosso de cobras venenosas e agoniza até a morte, enquanto jura que será vingado pelos seus filhos.
Já a outra versão é bem menos digna de um herói, embora seja muito comum para a época medieval. Diz-se que Ragnar teria morrido de disenteria nas terras da Dinamarca, logo após o fim do Cerco de Paris.
Independentemente de ter sido uma única pessoa ou não, a lenda de Ragnar inspirou e continua inspirando muitas pessoas, principalmente por meio das histórias contadas na cultura viking.
E aí, curtiu nosso post? Então, não deixe de conferir nosso resumo sobre os reinos bárbaros da Alta Idade Média e do Império Bizantino! Aproveite também para dar aquela olhada no nosso Guia Completo do Enem e se preparar para as próximas provas!
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