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Guia Completo do Romantismo: História e características

Você é romântico? Hoje em dia, quando alguém faz essa pergunta, normalmente está querendo falar de pessoas mais sentimentais, que expressam seu amor de forma pública ou poética. Porém, na Literatura e nas Artes esse conceito é bem diferente.

Você vai descobrir hoje, ao estudar as características do Romantismo, que a produção artística referente a esse período tem uma série de particularidades que tornam essas obras únicas, refletindo o pensamento e o contexto social referente àquela época.

Ficou curioso para saber quais são as principais características do Romantismo? Então, não perca este post! Continue a leitura e saiba tudo sobre esse movimento e seu impacto na Literatura Portuguesa e Brasileira.

Conceito de Romantismo

O Romantismo foi um movimento que começou na Europa, nas últimas décadas do século XVII. Ele teve um impacto muito além da Literatura, apesar de seu nome ser associado a essa matéria. O Romantismo influenciou as Artes de forma geral, a filosofia e até mesmo o pensamento político de sua época.

Durante o período em que esse movimento durou, a sociedade destacou o que foi chamado de espírito romântico: uma atitude e visão de mundo centrada no indivíduo. Seu objetivo era se diferenciar do pensamento iluminista, que pregava a objetividade e colocava a razão no centro do mundo.

Portanto, mesmo em grande parte do século XIX, esse espírito romântico produziu teorias filosóficas e obras artísticas bastante subjetivas. Os autores retratavam o drama humano, as emoções vivenciadas pelas pessoas, os amores trágicos e ideais utópicos.

Vamos falar um pouco mais desses pontos ao tratarmos das características do Romantismo. Confira a seguir!

Características do Romantismo

Como já falamos, no período romântico o ser humano queria se libertar da visão objetiva trazida pelo Iluminismo. Por isso, as obras literárias têm as seguintes características:

Liberdade de criação e de expressão

O que importa, nesse movimento, não são as regras externas. As obras têm o objetivo de retratar e valorizar o eu, o indivíduo. Por esse motivo, os autores se sentem em total liberdade para expressarem seus sentimentos e visão de mundo da forma como desejam.

Nacionalismo

Muitas obras exaltam os feitos dos heróis nacionais. Para isso, elas resgatam o passado histórico das nações, principalmente o período medieval. Também é comum a valorização da pátria. Um exemplo clássico é o do poeta Gonçalves Dias que, quando estava em Portugal, escreveu a Canção do Exílio. Os versos mais conhecidos são:

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá.

Religiosidade

Mais uma vez, uma característica do Romantismo mostra uma reação aos valores do Iluminismo. Se o racionalismo considerava a religião uma inimiga, o espírito romântico exalta o cristianismo como consolo diante das frustrações impostas pela vida real.

Mais do que isso, no Romantismo o cristianismo é a causa da ingenuidade e a crença que inspira ações nobres e virtuosas.

Valorização da natureza

O autor romântico é fascinado pela natureza. Ele descreve as paisagens exóticas e usa, também, essa característica para exaltar sua nação. Voltando à Canção do Exílio, o poeta afirma:

Nosso céu tem mais estrelas

Nossas várzeas têm mais flores

Nossos bosques têm mais vida

Nossa vida, mais amores.

Além disso, o autor romântico transforma a natureza em uma personagem que reflete o eu. Portanto, ela assume as emoções, como tristeza, e esbanja exuberância diante da alegria e das conquistas do indivíduo.

Valorização das emoções

A ênfase nas emoções pessoais é uma das principais características do Romantismo. O autor expressa não só os sentimentos dos personagens, mas sua própria percepção das situações e da vida.

Individualismo, egocentrismo

Para os autores românticos, eles e seus sentimentos estão no centro do universo. Seus desejos, paixões e frustrações são mais importantes do que os acontecimentos do entorno ou do mundo. É o microcosmos se sobrepondo ao macrocosmos.

Pessimismo

Os autores românticos frequentemente se deparam com a impossibilidade de realizar os desejos do seu “eu”. Como resultados, eles demonstram angústia, solidão, desespero, tristeza e frustração. Esse estado de espírito é conhecido como o “mal do século”.

Por isso, o final de muitas obras românticas traz a saída encontrada pelos autores para essa tristeza e angústia. Morte, suicídio (como em Romeu e Julieta), fuga para a natureza ou a pátria são os escapes possíveis para esse mal.

Escapismo

O romantismo é marcado também pela fuga de uma realidade que o autor (ou personagem) não consegue suportar. A causa dessa frustração vem do contexto histórico: a Revolução Francesa promoveu mudanças, mas que não satisfizeram os desejos do homem.

Dessa forma, ele sente a necessidade de escapar da realidade. Essa fuga pode acontecer por meio da morte ou suicídio ou na busca por um mundo utópico e perfeito, presente apenas no passado histórico. Por isso, eles resgatam fatos heroicos, principalmente do período medieval.

Idealismo

O autor romântico tem uma visão idealizada do mundo. A realidade, para ele, é desesperadora. Porém, a pátria, a mulher e o amor são vistos não da forma como são, mas como ele acredita que deveriam ser.

Por isso, a pátria é sempre perfeita. A mulher (virgem, frágil, bela e submissa), além dessas características, é inatingível. O amor é espiritual, geralmente inalcançável e a causa de grande sofrimento.

Gerações do Romantismo

O Romantismo se expressou na Literatura de formas diferentes ao longo do tempo. Especialistas dividem esse movimento em três gerações que são caracterizadas por traços e temas diferentes.

Características da primeira geração do Romantismo

No início do Romantismo, os autores mantinham em seus textos algumas características clássicas, seguindo regras da produção literária referentes ao período.

Em Portugal, os temas mais frequentes eram o nacionalismo, o romance histórico e o medievalismo. No Brasil, esse apego ao passado era visto no indianismo.

Características da segunda geração do Romantismo

Esse período também é conhecido como Ultrarromântico. Suas características marcantes são o exagero no subjetivismo e emocionalismo. As menções ao tédio e desejo de morte são frequentes. O mal do século ganha um papel de destaque.

Características da terceira geração do Romantismo

Finalmente, nesse período final a produção romântica já começa a apresentar algumas características que farão parte do movimento Realista. Os debates sociais e políticos referentes àquela época começam a ganhar destaque na Literatura.

Características do Romantismo em Portugal e no Brasil

Portugal iniciou o movimento romântico ainda no século XVIII e estava imerso na cultura europeia. Portanto, a Literatura característica desse período é marcada pelas características que já comentamos neste post.

O Romantismo Português se destaca do brasileiro por um motivo não literário. Na verdade, a Europa vivia um momento de domínio burguês. Esses comerciantes financiavam artistas, o que significa que os escritores se tornaram profissionais que recebiam uma remuneração para produzir suas obras.

No Brasil, o Romantismo chegou no início do século XIX. Porém, em outro continente e com uma história diferente, a Literatura daqui começou a apresentar algumas características distintas.

Se na Europa o passado histórico produzia histórias medievais, em nosso país esse retorno chegava aos nossos ancestrais que já viviam aqui: os índios.

Por isso, a Literatura romântica brasileira é marcada pelo indianismo e culto à nossa fauna e flora. Também está presente o regionalismo ou sertanismo, que é o fato de os autores concentrarem-se em personagens que retratam o típico brasileiro do interior, que vive com o folclore característico de sua região e costumes locais.

A Literatura desse período também retrata lutas políticas e sociais que atingiam nosso povo: movimento abolicionista, sentimento liberais e poder agrário estão entre os temas presentes. Também não podemos nos esquecer que, devido à época, começavam a surgir problemas urbanos relacionados à relação delicada entre indústrias e operários, assim como a corrupção e o materialismo.

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