Estas duas palavrinhas, coesão e coerência, podem fazer muita confusão na cabeça de algumas pessoas, ao mesmo tempo que são elas as responsáveis pela ordenação das palavras e das ideias quando você escreve.
Você já deve ter notado que sempre que falamos delas, estamos falando de textos, portanto, tudo que você redige precisa ser coeso e conciso, seja um e-mail, um texto narrativo e, principalmente, os mais pedidos nos vestibulares, os textos dissertativos-argumentativos.
As duas caminham juntas e, dessa maneira, havendo uma boa coesão, a coerência fica mais fácil de aparecer. No entanto, existem algumas diferenças entre as duas e que falaremos agora nesse artigo. Vamos lá?
A coesão tem a ver com a estrutura do texto, quando as palavras adequadas são utilizadas para construí-lo, por isso é importante saber usar corretamente as conjunções, os advérbios, os pronomes e outros elementos linguísticos.
Você precisa trabalhar a gramática e a escrita dentro do seu texto para que ele tenha uma boa estrutura e que seu leitor entenda de forma clara a informação que está sendo passada.
Como o texto é um emaranhado de palavras, frases, orações e parágrafos, a coesão é a conexão que existe entre todos esses elementos. Quando você escreve, sabe dizer se os elementos estão bem ligados? Vamos conhecer um pouco mais sobre o assunto a seguir.
Para saber escrever um texto coeso é preciso, primeiro, saber identificar os elementos da coesão. Mas, afinal, quais são eles?
São as conjunções que opõem as ideias, que as complementam, são os pronomes que retomam outras partes no texto, os advérbios que marcam o tempo, lugar, ou seja, todas as palavras que têm a função de conectivos. Vejamos um exemplo:
Maria saiu de casa para ir ao supermercado, mas estava chovendo, então retornou ao seu quarto para pegar o guarda-chuva, o qual estava na gaveta.
Perceba que essa frase tem uma sequência bem coordenada e que as conjunções, preposições e pronomes fazem a ligação entre todos os períodos.
A conjunção “mas” traz a adversidade, pois se estava chovendo, Maria não poderia sair. “Então” (conjunção conclusiva), retornou ao “seu” quarto. O pronome “seu” retoma o sujeito, que é Maria, e a frase segue com uma locução prepositiva que é o “para”, que indica uma finalidade.
Para encerrar, “o qual”, pronome relativo, refere-se ao guarda-chuva. É nesse momento que mostramos a riqueza de nosso vocabulário, sem precisar repetir a mesma palavra.
Existem, portanto, elementos que fazem referência e elementos que dão sequência de sentido.
A coesão referencial serve para evitar a repetição dos termos, desse modo, ela aponta para outros elementos do texto, para acrescentar novas informações sobre o que já foi dito. Por exemplo:
Maria e João são pais de Pedro. Eles têm uma linda casa na praia, na qual estão todos os finais de semana.
A coesão sequencial se utiliza das conjunções para encadear as ideias no texto, estabelecendo relações lógicas como as de causa, efeito, oposição, consequência, tempo, modo, finalidade etc.
Esses elementos são a ligação entre tudo que está dentro do texto. Eles se dividem em anafóricos (quando se referem a um termo já citado) e catafóricos (quando se referem a um termo posterior).
Como pode ser formulada uma questão sobre eles no vestibular? Por exemplo, uma palavra é destacada e pedem para que você encontre um pronome com referência anafórica ou catafórica. Veja:
Ricardo é amigo de Karina. Eles se conhecem há muitos anos, mas ambos trabalham muito e não se encontram com frequência.
O pronome “eles” se refere à Ricardo e Karina, é um elemento anafórico, porque o nome dos dois já foi citado, da mesma forma que o pronome “ambos”.
A seguir temos uma frase com um elemento catafórico:
Dele eu só quero distância e que me deixe em paz, o meu ex-marido.
O pronome possessivo “dele” aparece antes da informação de quem a pessoa está querendo distância, ou seja, o ex-marido. Sendo assim, tem uma função catafórica.
A elipse também funciona como um termo anafórico, ela aparece para evitar de se usar um termo que já apareceu no texto.
Elementos exofóricos são aqueles que apontam para fora do texto, que necessitam de um contexto, então só vou conseguir dizer quem é o referente por esse contexto.
Os pronomes demonstrativos são bastante utilizados para essa função:
Agora que você já sabe da importância de estruturar bem seus textos e conhece alguns elementos que o ajudam a conseguir isso, passemos para a construção dos sentidos, a coerência.
Coerência é a organização das ideias em uma forma lógica, assim, um texto precisa estar escrito corretamente, mas com ideias interligadas e que fazem sentido.
Se eu digo: Os cachorros em minha casa têm asas e voam por toda parte. Apesar da estrutura correta, você já viu algum cachorro voar?
A não ser que esteja escrevendo um conto de ficção, é algo que não faz sentido. Por isso, para que o texto seja coerente, as informações precisam ser passadas de forma clara e objetiva.
Existem vários tipos de coerência (semântica, sintática, estilística, pragmática, temática ou genérica), porém, o que determina um texto coerente é o encadeamento das ideias dentro da estrutura. É preciso:
Podemos concluir que coesão e coerência têm as suas diferenças, mas andam juntas, porque a estrutura e a organização do texto necessitam das ideias que irão trazer a informação de forma clara e objetiva.
A coesão é o tecido no qual está contido o texto e todos os seus fios e a coerência é a agulha que alinhava os sentidos, tornando tudo “amarradinho”.
O Enem trabalha muito a coesão e a coerência e em todas as suas questões, sejam elas de Língua Portuguesa ou de outra matéria, o tempo todo você precisa ler e interpretar de maneira correta o que é solicitado.
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