A matéria de Literatura é extremamente importante para o estudante que deseja fazer um bom Enem e posteriormente conseguir uma vaga em uma universidade. Desse modo, é interessante destacar para os vestibulandos alguns escritores expoentes da literatura luso-brasileira, como é o caso de Fernando Pessoa.
Seja por meio da leitura de um poema e sua posterior interpretação, seja pela leitura de algum de seus principais livros, são muitas as possíveis abordagens que o Enem poderá cobrar do estudante. Assim, aprender mais sobre esse importante escritor é fundamental nos seus estudos!
Fernando Pessoa foi um famoso poeta português, o qual participou ativamente do movimento literário modernista de Portugal.
Por ser um autor de várias obras importantes, bem como influenciar diretamente a literatura da época (início do século XX), vale destacar que Fernando Pessoa até hoje é estudado nas universidades e é constantemente tema de questões de vestibular, seja pela análise de seus livros, seja pela interpretação de suas poesias!
Natural de Lisboa, capital de Portugal, Fernando Pessoa nasceu no dia 13 de junho de 1888. Mesmo sendo português, Fernando passou anos de sua infância na África do Sul (ficou órfão de pai aos 5 anos e foi para o continente africano acompanhando a nova família).
Foi logo aos 13 anos de idade, no continente africano, que o autor começou a sua história na literatura, escrevendo seus primeiros poemas em inglês (língua oficial da África do Sul). Mesmo com toda a família retornando para Portugal em 1902, Fernando Pessoa volta para a África em 1903 sozinho com intuito de ingressar na Universidade de Capetown.
Já em 1905, o poeta retorna para Lisboa e inicia sua formação em Filosofia, entretanto, não chegou a concluir o curso.
A sua relação com a literatura começou cedo na adolescência, mas Fernando Pessoa passou a ser mais reconhecido pelos seus dons literários após começar a trabalhar como crítico literário, em 1912. Atuando em uma revista portuguesa, foi nessa época que o autor criou seus famosos heterônimos, ganhando assim projeção nacional.
Fernando Pessoa faleceu no dia 29 de novembro de 1935, em Lisboa, devido a problemas acarretados pela cirrose hepática. Ao longo de sua vida, o autor fez excessivo consumo de bebidas alcoólicas e, infelizmente essa prática não saudável o levou a óbito precocemente.
Mesmo morrendo aos 47 anos de idade, cabe ressaltar que Fernando Pessoa conseguiu impactar profundamente na literatura de sua época, por meio de dezenas de obras relevantes. Conheça algumas agora!
As principais obras de Fernando Pessoa, caracterizado essencialmente por ser um escritor à frente do seu tempo, são:
Crédito: Foto: Mônica Torres Maia / Arquivo
Ao ler Fernando Pessoa, o vestibulando rapidamente precisa associá-lo com a ideia de que o autor se empenhava em escrever sobre temas tradicionais de Portugal, porém, com elementos textuais que chocavam principalmente a sociedade conservadora portuguesa da época.
Além disso, Fernando também era conhecido pelo seu lirismo saudosista (descrevendo em suas obras tempos passados gloriosos), explorando suas próprias reflexões internas (eu profundo), solidão, tédio e inquietações.
Como mencionado acima, são vários os poemas famosos de Fernando Pessoa, entre os quais destacaremos dois.
Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.
Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.
Como um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.
Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.
Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.
E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),
É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
Sozinho, no cais deserto, a esta manhã de Verão,
Olho pró lado da barra, olho pró Indefinido,
Olho e contenta-me ver,
Pequeno, negro e claro, um paquete entrando.
Vem muito longe, nítido, clássico à sua maneira.
Deixa no ar distante atrás de si a orla vã do seu fumo.
Vem entrando, e a manhã entra com ele, e no rio,
Aqui, acolá, acorda a vida marítima,
Erguem-se velas, avançam rebocadores,
Surgem barcos pequenos detrás dos navios que estão no porto.
Há uma vaga brisa.
Mas a minh’alma está com o que vejo menos.
Com o paquete que entra,
Porque ele está com a Distância, com a Manhã,
Com o sentido marítimo desta Hora,
Com a doçura dolorosa que sobe em mim como uma náusea,
Como um começar a enjoar, mas no espírito.
Olho de longe o paquete, com uma grande independência de alma,
E dentro de mim um volante começa a girar, lentamente.
Os paquetes que entram de manhã na barra
Trazem aos meus olhos consigo
O mistério alegre e triste de quem chega e parte.
Trazem memórias de cais afastados e doutros momentos
Doutro modo da mesma humanidade noutros pontos.
Todo o atracar, todo o largar de navio,
É — sinto-o em mim como o meu sangue —
Inconscientemente simbólico, terrivelmente
Ameaçador de significações metafísicas
Que perturbam em mim quem eu fui…
Ah, todo o cais é uma saudade de pedra!
E quando o navio larga do cais
E se repara de repente que se abriu um espaço
Entre o cais e o navio,
Vem-me, não sei porquê, uma angústia recente,
Uma névoa de sentimentos de tristeza
Que brilha ao sol das minhas angústias relvadas
Como a primeira janela onde a madrugada bate,
E me envolve com uma recordação duma outra pessoa
Que fosse misteriosamente minha.
Inicialmente, precisamos esclarecer que a prática literária de heteronímia é aquela em que o autor assume outras personalidades (fantasias literárias) como se fossem pessoas reais. Essa prática foi genialmente explorada por Fernando Pessoa e o ajudou a divulgar seu trabalho também fora de Portugal.
Nessa heteronímia, Ricardo Reis era um médico português que recebeu asilo político no Brasil após discordar da Proclamação da República de Portugal. Reis era conhecido pelo seu olhar descrente para com a sociedade e o seu estilo de vida campestre.
Órfão de pai e mãe, Caeiro era caracterizado essencialmente pelo seu modo objetivista e real de encarar a vida. Com uma rotina simples, Alberto procurava desmistificar o conceito de vida como algo a ser complexo; em outras palavras, sua visão de vida se limitava à realidade enxergada.
Engenheiro formado na Escócia, Álvaro abriu mão de sua profissão para escrever poesias modernistas e futuristas. Campos teve 3 fases distintas de estilo literário: decadentista (forte ligação com o Simbolismo); futurista (associada ao presente e elementos modernos) e pessoal (indagações de si mesmo, infelicidade e tristeza).
Além de suas obras e poemas, Pessoa reconhecido por suas frases.
Seguem algumas frases de Fernando Pessoa:
Sendo assim, depois de ler sobre parte da biografia de Fernando Pessoa, bem como compreender sua real importância para a literatura da língua portuguesa, o vestibulando percebe o quão relevante é estudar sobre as obras desse autor.
É importante lembrar ainda que o Enem é uma prova que explora vários conceitos literários, isto é, são grandes as chances de uma obra de Fernando Pessoa ser cobrada no vestibular.
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