Figuras de construção: o que são, tipos e exemplos!

Independentemente de sua idade, é bem provável que você já tenha assistido a algum episódio do seriado mexicano Chaves, certo? Na trama, o personagem principal constantemente dizia estar falando apenas “em sentido figurado”. Hoje, portanto, conheceremos as figuras de construção e você finalmente entenderá, de maneira mais técnica, o que ele queria dizer!

As figuras de construção, também conhecidas como figuras de sintaxe, são estratégias e ferramentas linguísticas utilizadas quando queremos, de certo modo, alterar o sentido de algo que está sendo dito.

No entanto, saber isso não basta para os vestibulares. Por isso, hoje, descobriremos esse assunto mais profundamente e tiraremos dúvidas sobre os principais tipos de figuras de construção. Esse é um tema essencial, sendo muito cobrado na prova de Linguagens e para a Redação. Boa leitura!

O que são as figuras de construção?

Figuras de construção são, de modo simplificado, estratégias utilizadas para modificar a estrutura sintática de períodos em um texto. Uma de suas principais funções é tornar o conteúdo mais expressivo ou enfatizar alguma passagem em específico.

Elas são parte das figuras de linguagem, mas esses termos não podem ser utilizados como sinônimos, já que as figuras de construção são uma subdivisão da primeira. É como se disséssemos que bananas são frutas (correto!) e que todas as frutas são bananas (errado!).

Dentro dessa divisão, as figuras de construção são as utilizadas como estratégia para alterar a parte visual do texto. Assim, são mais diretas e menos “filosóficas”, de certo modo. Ao vermos os principais tipos, esse conceito ficará menos abstrato. Então, vamos continuar!

Tipos de figuras de construção

Agora, veremos alguns tipos de figuras de construção que são comumente cobrados nos vestibulares e podem, sem dúvidas, enriquecer muito a sua produção textual quando bem utilizados.

Elipse

A elipse é uma das figuras mais comuns e, claro, uma das mais observada nas provas de todo o Brasil. Sua regrinha é: ela é utilizada quando vamos omitir um termo que só pode ser compreendido pelo contexto geral do texto.

A elipse denota leveza e concisão quando empregada na frase. Confira:

Quantas estrelas no céu! (Quantas estrelas no céu!)

Zeugma

O zeugma é, muitas vezes, confundido com a elipse. De fato, é um tipo particular da figura de construção vista acima.

Ela funciona da seguinte forma: é utilizado quando um termo é substituído por uma vírgula, que o retoma por já ter sido usado no passado.

Veja um exemplo:

Maria viajou no mês de março; eu, em abril.

Silepse

Silepses são figuras um pouco complexas de entender. Por isso, é fundamental que você treine bastante para pegar bem o jeito!

Sua regra é: ela é utilizada quando expressamos uma concordância a uma ideia implícita no texto e não com os termos expressos na frase.

As silepses podem ser:

  • de pessoa:

Milhões de brasileiros sofremos com a derrota do Brasil na Copa (sujeito na 3ª pessoa e verbo na 1ª).

  • de gênero:

A bela Rio de Janeiro é um patrimônio nacional (Rio de Janeiro é masculino, mas cidade é feminino).

  • de número:

A banda é incrível, eles envolveram a plateia como ninguém! (o verbo na 3ª pessoa do plural retoma a ideia coletiva de banda).

Hipérbato

O hipérbato (ou inversão) ocorre quando há uma alteração na estrutura das orações (sujeito + verbo + complemento + adjunto adverbial).

Exemplo:

Maria comprou bananas na feira (não há hipérbato: ordem canônica dos termos na oração).

Na feira, Maria comprou bananas (há hipérbato: o adjunto adverbial é deslocado para o início da frase).

Polissíndeto

Essa é uma figura de construção caracterizada pelo uso, muitas vezes excessivo, de conjunções. As aditivas são as mais comuns. Veja um exemplo:

Para chegar até a escola, preciso passar pela padaria, e virar à esquerda, e passar pelo parque, e subir duas ruas, e virar à direita, e ultrapassar a venda da Dona Maria.

Assíndeto

O assíndeto é o exato oposto do polissíndeto. Por isso, há uma omissão das conjunções aditivas.

Confira o contraste entre as figuras:

Para chegar até a escola, passo pela padaria, viro à esquerda, passo pelo parque, subo duas ruas, viro à direita e ultrapasso a venda da Dona Maria.

Anáfora

A anáfora é uma estratégia de construção que repete, sempre no começo de períodos, trechos, frases ou parágrafos, os mesmos termos. Ela é muito identificada em textos mais longos ou poemas.

Exemplo:

A lua brilhava lá no céu.

A lua olhava para nós.

A lua se questionava os motivos que nos deixavam tão tristes.

Anacoluto

Essa é uma figura de construção pouco observada em construções textuais, mas que costuma pegar os estudantes pelo pé quando é cobrada. Ela consiste na interrupção abrupta da estrutura de uma oração. Veja um exemplo a seguir:

O homem daqui, seu conceito de felicidade é muito mais subjetivo. (Rachel de Queiroz)

Pleonasmo

Essa é, provavelmente, uma das figuras mais conhecidas. Ela consiste em uma espécie de redundância ou repetição de ideia, seja ela proposital ou não (no caso de vícios de linguagem, como o famoso subir para cima).

Confira um exemplo de pleonasmo bem utilizado:

Chovia uma triste chuva de resignação. (Manuel Bandeira)

Por fim, podemos salientar que as figuras de construção são utilizadas em qualquer tipo de redação, mas são mais facilmente observadas em textos descritivos. Fique ligado!

Figuras de construção: exercícios

Para fechar, que tal fazer alguns exercícios para treinar o que aprendemos ao longo de nossa conversa? Vamos lá!

1. (Vunesp) Na frase: “O pessoal estão exagerando, me disse ontem um camelô”, encontramos a figura de linguagem chamada:

a)     silepse de pessoa.

b)     elipse.

c)      anacoluto.

d)     hipérbole.

e)     silepse de número.

Resposta: E

2. (Cescea) Identifique os recursos estilísticos empregados no texto:

“Nem tudo tinham os antigos, nem tudo temos, os modernos”. (Machado de Assis)

a)     anáfora – antítese – silepse.

b)     metáfora – antítese – elipse.

c)      anástrofe – antítese – elipse.

d)     pleonasmo – antítese – silepse.

e)     anástrofe – comparação – parábola.

Resposta: A

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