Seja no Enem ou nos principais vestibulares, a função emotiva sempre marca presença nas provas de Língua Portuguesa. Por isso, trata-se de uma forma de linguagem que necessita de um estudo bem apurado para você não ser pego de surpresa.
Além disso, ficar antenado no assunto ajuda no aprimoramento da redação, aspecto fundamental para você obter uma nota digna da sua sonhada vaga. Quer conhecer os principais aspectos da função emotiva? Então, embarque nessa com a gente!
Encontrada em diferentes tipos de gêneros textuais, a função emotiva é caracterizada pela subjetividade e está centrada no emissor da mensagem.
Assim, a função de linguagem emotiva vem em discursos caracterizados por verbos e pronomes em primeira pessoa, interjeições (que revelam o estado emocional do emissor), adjetivos valorativos e sinais de pontuação que expressam sentimentos, como reticências ou pontos de exclamação.
Como o próprio nome sugere, a função emotiva é sempre introduzida em textos carregados de sentimentos, como cartas de amor, poesias, descrições em primeira pessoa, versos ou frases que revelam o mundo interior e as questões do eu.
A função desse tipo de linguagem é justamente emocionar. Apesar de um mesmo texto poder contar com mais de uma função das seis existentes na linguagem (referencial, poética, fática, conativa, metalinguística e emotiva), sempre haverá uma predominante. É aí que você precisa se concentrar, pois pegadinhas poderão acontecer justamente para confundir a sua mente.
No caso da emotiva, fique atento sempre à subjetividade. Ela norteia os textos e deve ser analisada com muita atenção.
As duas formas estão corretas. Você poderá se deparar com questões que solicitem aspectos da função emotiva ou expressiva. Ambas têm as mesmas características, com alteração apenas no nome.
Por exemplo, o enunciado pode aparecer da seguinte maneira: “Assinale a opção correta que indica as características da função emotiva ou expressiva”.
O que você não pode deixar de sempre lembrar é a funcionalidade: discursos em 1ª pessoa, com sentimentos aflorados e presença de interjeições que enfatizam o discurso. Veja, agora, alguns exemplos que vão clarear mais o assunto.
Existem inúmeros escritos que revelam a função emotiva em textos literários, músicas, cartas, diálogos, tirinhas de quadrinhos e entrevistas. Então, fique atento quando aparecerem notícias jornalísticas: estas nunca serão emotivas, pois descrevem o fato de modo imparcial, ou seja, utilizando a função referencial ou denotativa.
Para a função emotiva ficar bem fixada em sua mente, veja alguns casos em que esse tipo de linguagem tem destaque.
Vamos começar o tópico citando um dos maiores poetas da Língua Portuguesa: Fernando Pessoa. Observe que no poema Não sei quantas almas tenho, Pessoa faz referências aos próprios sentimentos, descrevendo as experimentações em 1ª pessoa. Leia e confira.
Não sei quantas almas tenho
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu.
No poema, o autor expressa os sentimentos e as próprias impressões sobre a sua autoanálise, centrando a mensagem em si mesmo, ou seja, no emissor. Observe o tom emotivo marcante nas palavras. Veja mais um exemplo, agora, de autoria de Vinicius de Moraes.
Soneto de Fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama.
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Perceba, mais uma vez, que o escritor enfatiza as vivências em torno de um grande amor, revelando o que sente ou experimentou. Nada melhor do que “rir o meu riso e derramar o meu pranto” para mostrar como a função emotiva é totalmente sentimental e sintonizada no aspecto pessoal do autor da mensagem. Veja como Álvaro de Campos nos presenteia com mais um exemplo de função emotiva.
Mas eu, em cuja alma se refletem
Mas eu, em cuja alma se refletem
As forças todas do universo,
Em cuja reflexão emotiva e sacudida
Minuto a minuto, emoção a emoção,
Coisas antagônicas e absurdas se sucedem
Eu o foco inútil de todas as realidades,
Eu o fantasma nascido de todas as sensações,
Eu o abstrato, eu o projetado no écran,
Eu a mulher legítima e triste no Conjunto
Eu sofro ser eu através disto tudo como ter sede sem ser de água.
Além de nos poemas, muitas vezes, a função emotiva está descrita em frases das mais variadas possíveis, inclusive com diversas questões de prova, tanto no Enem quanto nos vestibulares, solicitando justamente a identificação do uso pelos candidatos. Portanto, observe alguns exemplos para você não perder as questões que envolvam o assunto.
Nasci em 1980. Sempre estive a frente do meu tempo, mas confesso: nunca vi tamanha ignorância como nesta primeira década do século 21.
Além de em narrativas, a função emotiva da linguagem pode aparecer em frases de tirinhas, como esta da série Vida de Passarinho, da autoria de Caulos, transcrita abaixo:
_ Olá papagaio!
_ Olá papagaio!
_ Eu não sou um papagaio. Eu sou um sabiá.
_ Eu sou um sabiá.
_ Nada disso, você é um papagaio.
_ Você é um papagaio.
_ Puxa vida, falar com você é perder tempo, papagaio. Eu sou mesmo um bobo!
_ Você é mesmo um bobo!
Como você pôde perceber, a função emotiva é facilmente percebida, então, esteja bem atento para acertar as questões que envolvam o assunto. No mais, bons estudos e foco na missão!
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