Preconceito linguístico é um tema que vale a pena ser discutido, especialmente por quem está se preparando para o vestibular, já que pode aparecer em questões na prova de Língua Portuguesa ou mesmo na Redação do Enem.
Se você ainda não sabe o que é preconceito linguístico ou tem apenas uma vaga ideia sobre o assunto, continue a leitura e entenda como ele ocorre no Brasil e de que forma o tema pode ser tratado nas provas! Traremos ainda um resumo do livro Preconceito linguístico, exemplos práticos da manifestação desse mal na sociedade e um projeto de redação para você desenvolver. Prepare-se!
Preconceito linguístico é uma forma de discriminação social que consiste em julgar o indivíduo pela forma como ele se comunica, seja oralmente, seja por escrito. O parâmetro desse julgamento é a chamada norma culta: quanto mais distante dela, mais criticado (e rebaixado) é o falante.
Dizemos que o preconceito linguístico é social porque, no país, educação e renda estão interligadas. Se a criança não frequenta a escola, geralmente porque sua família vive em condições de extrema pobreza, ela não terá acesso às ciências nem a essa norma culta, o que a deixará ainda mais afastada de exercer plenamente sua cidadania.
Nosso país é rico em cultura, e as variantes linguísticas são prova disso. Para além dos sotaques — o modo de falar de cada região —, que configuram as diferenças geográficas, existem as variações socioculturais e situacionais.
É aceitável que haja diferenças. O que não deve ocorrer é a escolha de uma dessas variantes como sendo a “certa” e todas as outras serem consideradas erradas ou de menor prestígio. Como essa “língua correta” é a ensinada nas escolas e utilizada nos centros de maior importância econômica, você pode imaginar como o preconceito vai muito além da língua.
No livro Preconceito linguístico, cujo resumo você vai ler abaixo, Marcos Bagno constata que, no Brasil, a discriminação e a exclusão em relação a “negros, nordestinos, pobres, analfabetos etc.” são acentuadas.
Por isso, ele escolheu usar, na capa de sua obra, uma foto de seus sogros, os quais representam essa parcela da população, como forma de homenageá-los e de difundir a luta pelo fim de todo tipo de preconceito.
Quem deseja conhecer mais sobre o tema precisa conhecer a obra Preconceito linguístico. Marcos Bagno, um importante linguista brasileiro, professor da UnB e colunista da revista Caros Amigos, escreveu esse pequeno livro em 1999. Hoje, já está em sua 56ª edição e foi lido por mais de 300 mil pessoas. Vale a pena saber um pouco sobre essa obra!
O livro de Marcos Bagno, Preconceito linguístico: o que é, como se faz, está dividido em três partes.
O autor constata a presença desse tipo de preconceito na sociedade, fruto “da ignorância, da intolerância ou da manipulação ideológica”. Para ele, meios de comunicação e a própria escola são responsáveis por disseminar e intensificar o preconceito linguístico quando valorizam a gramática normativa em detrimento da língua realmente falada pela população.
Bagno apresenta, então, oito mitos sobre a língua portuguesa em que as pessoas acreditam e comprova a falsidade de cada um. Entre eles, destacam-se:
O linguista fala, nessa segunda parte do livro, que os mitos são propagados pela gramática tradicional, pelos livros didáticos e pelo próprio ensino nas escolas, em um círculo vicioso difícil de ser quebrado.
Dessa forma, perpetuam-se os mitos, e a população mais carente, que, muitas vezes, não têm acesso à educação, é discriminada por não falar a variante padrão da língua.
Para quebrar essa corrente, Bagno propõe atacar três problemas básicos:
A partir do momento em que reconhecermos que existe uma crise nesse setor, teremos mais “autoestima linguística” e saberemos valorizar, por exemplo, a fala de habitantes da zona rural como uma variante, nem certa nem errada.
Essa mudança de atitude se dará aos poucos, com o auxílio dos professores e com a tomada de consciência de cada brasileiro.
Quer ver, na prática, como ocorre o preconceito linguístico em diferentes aspectos?
Em Minas Gerais e na Bahia, verbos no gerúndio costumam ser pronunciados sem o “d” final e substituindo o som de “o” pelo de “u”: pensanu, sentinu, fazenu, por exemplo. Sem alteração na grafia, essa forma de comunicação é facilmente entendida pela comunidade e não há por que humilhar quem fala assim.
Outro caso ocorre com o “r”: ele pode ser pronunciado mais seco, como o dos cariocas, ou mais “puxado”, como o dos goianos. Ambas as formas estão corretas e configuram uma variação fônica.
Um dos pontos que mais são notados com relação a erros gramaticais é a concordância, tanto verbal como nominal. Falar “menas” gente, “nós vai” e “os livro”, por exemplo, é motivo de desmerecimento da pessoa, principalmente se ela estiver ocupando cargo de responsabilidade.
Outra questão refere-se ao uso da preposição com pronome relativo, que, na fala, quase nem existe mais, mas é cobrado na escrita:
Portanto, antes de ridicularizar alguém pela forma como fala ou escreve, procure entender o que houve linguisticamente para que aquela palavra ou expressão fosse utilizada, por que uma variante foi escolhida e não outra… Enfim, há uma razão para aquilo que chamamos de “erro”.
Como esse é um tema que deixa os ânimos alterados, é bem provável que uma redação sobre preconceito linguístico seja cobrada no Enem. Por isso, trouxemos um esboço de redação com essa proposta para que você possa desenvolvê-la.
É importante começar o texto demonstrando que você compreendeu o tema. Fale sobre a presença e a manifestação do preconceito linguístico no Brasil e posicione-se de forma a combatê-lo.
Apresente exemplos de preconceito mostrados pela mídia (programas humorísticos), dados referentes à educação e comprove a existência do preconceito. Fale também de causas históricas e socioculturais. Este é o momento de você exibir seu repertório (seus conhecimentos) de forma coesa e articulada, com argumentos hierarquizados.
Além de fechar a discussão, a conclusão traz uma proposta solução para o problema. Indique quem, como, por que e de que forma o preconceito pode ser amenizado ou, até mesmo, extirpado da sociedade.
Desenvolva cada tópico em um parágrafo, mantendo conexão entre eles. É claro que o enfoque da proposta pode sofrer alterações, por isso é importante ler as instruções completas para fazer o texto da forma como foi pedido, certo?
Agora, você amadureceu sua reflexão sobre o tema e aprendeu mais sobre preconceito linguístico, coloque em prática essa ideia!
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