Hoje, Adriano Guilhen estuda Composição Musical na Universidade São Paulo
Adriano Guilhen se formou no colégio em 2012 e começou a sua busca por uma vaga na faculdade. O estudante conta que chegou a cogitar a entrada em cursos como Psicologia e Arquitetura, por exemplo. Mas não era bem isso que ele realmente queria.
“Eu já era músico, mas achava que não dava para entrar na faculdade de Música. Quando eu vi que era possível, fui atrás e comecei a me preparar para o vestibular e as provas específicas”, afirma ele. “Não entra só quem é muito bom. A gente desconstrói isso, dá para estudar e passar”, completa.
Em 2015, ele já tinha um professor particular para se preparar para as provas e entrou num curso preparatório da Unesp, ministrado pelos alunos de Música. “O lance é pedir dicas para a galera que já passou, seguir o edital e resolver as provas anteriores”, explica Adriano.
Em 2016, ele começou a fazer Stoodi e se preparou para os vestibulares tradicionais. Depois de muito foco e determinação, o resultado foi a aprovação em algumas das principais universidades do país: USP, Unesp e Unicamp.
Pensando em orientar os estudantes que vão prestar Música neste ano, Adriano separou várias dicas e explicou como foi a sua experiência em cada vestibular. Confira o nosso bate-papo e veja tudo o que você precisa saber referente às provas de habilidades específicas de Música.
Stoodi: Vimos que um músico pode escolher sua graduação com várias vertentes: licenciatura, regência, composição e instrumentos. Qual foi a sua especificação?
Adriano: Eu escolhi composição.
Stoodi: Como é a prova de habilidades específicas de Música?
Adriano: A prova de habilidade específica acontece antes dos vestibulares e é dividida em duas partes, a prova teórica e a prova prática.
Se você escolher o curso de Música com foco em instrumentos, a prova vai ser diferente do que é a prova de composição – então tem que ficar muito atento no edital.
Stoodi: Como foi sua experiência na prova teórica de cada universidade?
Adriano: A prova teórica são questões dissertativas e tem a parte de Percepção, Teoria Musical e História da Música. Então, podem perguntar, por exemplo, se você conhece alguma música de ouvido, o período que ela foi escrita, característica dos instrumentos, análise harmônicas, intervalos, escrever uma melodia ou um ritmo que você ouviu.
A prova teórica da Unicamp e da USP eram parecidas até o ano retrasado. Em 2016, elas não foram mais parecidas. A Unesp não disponibiliza as suas provas e é uma pena porque elas são mais completas e difíceis de todas.
Na prova da USP, eles repetem 7 vezes uma melodia simples. Na prova de Unesp, eles repetem 4 vezes uma melodia a duas vozes simultâneas – é muito mais difícil.
A parte de História da Música da Unicamp foi diferente esse ano, eles deram nome de compositores e nós tivemos que falar os períodos. Porém, o mais comum é a prova apresentar uma série de músicas e você ter que reconhecer o estilo, os instrumentos, que ano foi composta e a que período ela pertence.
Para Teoria da Música não tem muito segredo: tem que estudar intervalo, análise harmônica, entre outros. Esse tipo de coisa que está no edital.
Stoodi: Como foi a experiência na prova prática de cada universidade?
Adriano: A prova prática de cada vestibular é bem diferente. Ela começa com a prova oral – quando você vai contar sobre o seu passado e vai fazer uma espécie de entrevista para traçar o seu perfil.
Nesta parte eles querem saber onde você estudou, com quem ou como você estudou. Vou explicar de cada universidade.
Unicamp: Antes de participar da prova prática, os alunos tiveram que mandar um vídeo com a interpretação de uma peça. Esse vídeo não valia nota, mas era uma pré-seleção dos candidatos.
Depois disso, foi super rápido.Tinha a entrevista e você apresentava uma composição para o avaliador. Ou seja, a prova prática foi a conversa e a entrega da música.
USP: Na prova da USP, você faz a entrevista com dois avaliadores e tem a entrega da obra. Depois disso, tem a leitura à primeira vista – eles me deram duas melodias para ler e deram, também, uma parte de uma obra para eu tocar no piano à primeira vista.
Passando as leituras, você tem a interpretação que vale muito nota. Ela é importantíssima, porque muito compositor não é intérprete, então tem que se preparar. Eu, por exemplo, não sou intérprete, mas eu me preparei com um professor e foi a melhor coisa.
Unesp: A prova prática da Unesp é bem diferente de todas. Por exemplo, ela é toda feita no papel. Você compõe diretamente na partitura.
Uma coisa que sempre cai é tema e variação. Eles vão dar um tema e vão pedir para você fazer duas variações – você vai ter que fazer ou para piano, ou para violão, ou para os dois. É uma prova bem técnica, por isso você tem que conhecer repertório.
Além de ter essa diferença, vai cair apreciação musical – eles vão tocar uma música e você vai ter que reconhecer. Provavelmente eles vão focar em composições mais modernas. Pode acontecer, também, de darem uma partitura na prova e você ter que falar quem compôs.
Stoodi: Você tem alguma dica para dar ao alunos?
Adriano: Sim, leia o livro “Uma Breve História da Música”, do Roy Bennett, porque ele é essencial – sem dizer que é extremamente fácil e importante para todos os vestibulares de música.
Outra dica é pegar as provas anteriores e procurar o que você ainda não sabe. Aí você direciona os seus estudos. O músico tem uma formação que é muito diversa. Tem gente que estudou em conservatório, tem gente que estudou em casa. É muito diferente, então é bom se basear pela prova.
Além disso, converse com gente que entrou na faculdade, porque todo mundo é muito amigável. Quando eu decidi entrar no vestibular e eu achava que não era uma coisa possível, eu cacei a lista de aprovados na Unesp e fui adicionando a galera, até que uma menina me respondeu.
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