Pesquisa aponta aumento de 775% de consumo de medicamentos de metilfenidato em 10 anos
Os remédios que estimulam a concentração, diminuem o cansaço e aumentam o foco, como a Ritalina®, estão cada vez mais fazendo parte da rotina dos estudantes. Isso foi o que descobriu uma pesquisa realizada pelo Instituto de Medicina Social da UERJ, em 2014. De acordo com o resultado do estudo, o consumo de medicamentos de metilfenidato aumentou em 775% durante dez anos.
“Medicamentos como o metilfenidato são fármacos que agem em nível cerebral indicados para pessoas com o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), distúrbio ou transtorno psiquiátrico popularmente conhecido como ” DDA – Déficit de Atenção”, explica o Dr. Daniel de Sousa Filho, médico psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein.
Esses remédios são utilizados basicamente para auxiliar na concentração de pacientes com o transtorno. Leonardo Mello, aluno do Stoodi, descobriu em 2016 o motivo de suas dificuldades no estudo: foi diagnosticado com o TDAH.
Ele explica que entendia as matérias, absorvia os conceitos, só não conseguia utilizar o que já havia aprendido no momento certo – no seu caso, durante o vestibular. Desta forma, ele decidiu começar o tratamento com prescrição, avaliação e acompanhamento médico.
Porém, não são somente alunos com necessidade, como Leonardo, que utilizam esse remédio. Esse aumento no consumo de medicamentos como a Ritalina® pode ser o reflexo da automedicação de alguns estudantes que estão em busca de melhorar seu desempenho – aí é que está o problema.
O professor de biologia do Stoodi, Rafael Lomazi, explicou exatamente como agem esses medicamentos no nosso corpo:
De acordo com ele, é preciso lembrar rapidamente de aulas de Fisiologia. “O Sistema Nervoso Central é uma base de comando de nosso corpo. Os neurônios, principais células deste sistema, agem fazendo sinapses, que é que a liberação de vesículas recheadas de neurotransmissores, como dopamina e noradrenalina. Assim, um sinal é enviado de neurônio para outro e uma ação é tomada”, introduz.
Aula de visão geral do Sistema Nervoso do prof. Rafael Lomazi
Ele conta que medicamentos que ajudam a se concentrar, diminuir o cansaço e acumular mais informação em menos tempo de estudo aumentam consideravelmente a concentração destes neurotransmissores no cérebro, agindo, portanto, no Sistema Nervoso Central.
“Parece bom, mas não é!”, alerta o professor. Os medicamentos para concentração como a Ritalina® e Concerta® são remédios compostos por metilfenidato, da família das anfetaminas. “Esse tipo de composto tem um mecanismo de ação semelhante ao da cocaína (!!) no nosso organismo, levando a crises de abstinência”, explica Rafael.
Entenderam o risco? Alunos que não precisam realmente da medicação podem desenvolver insônia, agitação, nervosismo, taquicardia, bruxismo, tiques, entre outros efeitos colaterais.
Leonardo Mello contou que para se adaptar a medicação levou um tempo. Ele começou tomando Ritalina® e teve que aumentar a dose durante um tempo.
“A Ritalina® me deixava totalmente sem apetite e, por isso, comecei a emagrecer bastante. Também passei a ter insônia e tive crises de estresses que prejudicavam meu estudo”, conta o estudante. Foi nesse momento que ele decidiu mudar de medicação e seguir o tratamento com o Venvanse®.
É principalmente por isso que o Dr. Daniel de Sousa diz que medicamentos de controle especial, os chamados “tarja-preta” como os remédios citados, devem ser utilizados com muito critério, já que eles podem desenvolver dependência física.
Ele recomenda que, antes de fazer uso desses remédios, o paciente procure um médico familiarizado com o assunto para fazer as devidas indicações clínicas.
“Portanto pessoal, o melhor remédio para melhora do seu desempenho se chama saúde!”, conclui o prof. Rafael. A alimentação saudável, o período adequado para dormir e a prática de atividades físicas é o mais recomendado para enfrentar o sono e o cansaço.
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