O homem sempre contou histórias. Com a invenção da escrita, essas histórias passaram a ser registradas, e assim nasceu a literatura, umas das formas artísticas mais antigas, assim como a música e a pintura.
A Literatura é uma parte fundamental da experiência humana, e também é uma parte importante da prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias do Enem. Se você vai fazer o exame em breve, é bom estar por dentro dos movimentos literários e seus autores mais importantes. Vamos?
Literatura vem do latim”litteris”, que significa “letras”. Portanto, a palavra está intimamente associada com a escrita, mas, se pensarmos bem, nem todo texto é literário. Ninguém chamaria, por exemplo, uma bula de remédio, um manual de instruções ou um dicionário de textos literários. Então, de onde vem essa distinção, o que é literatura, e o que não é?
Essa definição exata do que a literatura compreende sempre esteve em disputa, e se modificou muito ao longos dos tempos, e talvez sempre estará em modificação. Em geral, podemos aceitar que um texto literário se preocupa, além da informação passada, com a forma como ela é passada. Isso quer dizer que existe uma preocupação com os sentidos, com as palavras escolhidas, com as emoções provocadas etc.
Essa definição abre a literatura para abarcar tantos textos quanto se queiram, com bastante liberdade, até mesmo em atrito com o que não seria literatura. Como já citamos, é difícil considerar um dicionário tradicional escrito dessa forma, mas é possível usar a forma do dicionário para extrapolar e fazer literatura: um livro de definições poéticas de palavras comuns, por exemplo. Portanto, temos que ter cuidado ao classificar os textos como sendo literários ou não sem antes tentarmos entender o seu propósito.
Como já vimos, o homem sempre gostou de contar história, e por isso a história da literatura segue muito da história da civilização em si. Há muito tempo, aproximadamente 4000 a.C., os egípcios e os sumérios já escreviam seus hinos, rezas, mitos e ensinamentos em formato de verso. Esses são considerados os primeiros exemplos de textos literários.
A maioria desses primeiros textos são o registro escrito de histórias que já eram contadas oralmente. Um dos maiores clássicos da literatura, o épico Odisseia, por exemplo, é a recontagem de uma lenda antiga dos gregos, a volta do herói da Guerra de Troia, Ulisses, para sua terra natal, Ítaca. No entanto, ao escrevê-la, junto com Ilíada, provavelmente no século VIII a.C., o poeta Homero passou a ser o primeiro autor da literatura ocidental,
Bem antes disso, no entanto, as civilizações chinesa, indiana e persa já utilizavam a literatura como meio de transmissão de conhecimento, registrando por escrito seus mitos, seus estudos de Filosofia, poesia e até mesmo formas antigas de teatro. Até mesmo a escrita de letras de música dessa época pode ser vista como uma forma de literatura.
Um famoso exemplo disso é o livro chinês Shi Jing, traduzido como Clássico da Poesia, uma compilação de 305 cânticos coletados entre os séculos XI e VII a.C. Outro clássico chinês, datado do século V a.C., é o manual militar A Arte da Guerra, escrito por Sun Tzu. Apesar de ser um livro sobre estratégias e táticas militares, a obra é considerada literatura por seu aspecto imaginário e filosófico.
A partir da Idade Média, a tradição literária do romance se concretiza com a contagem de histórias de aventuras ou narrativas mágicas que tinham grande apelo popular. Na época do Renascimento, com a invenção da prensa no século XV, o livro se prolifera, assim como os autores e os gêneros textuais. No século XVIII, o Romantismo passa a ser a maior tendência, por integrar histórias de indivíduos com os desenvolvimentos políticos e sociais da época.
No século XIX, outras correntes, o Realismo e o Naturalismo, se preocuparam em relatar com fidelidade as sociedades da época. No século XX, temos a consolidação da narrativa de gênero, com a explosão de categorias novas, como o romance policial, a ficção científica e os romances autobiográficos.
Vamos entrar em mais detalhes desses gêneros e movimentos literários?
Como já vimos, a literatura tem definições bem flexíveis, e isso acontece também com as subclassificações desta. Podemos tentar classificar as obras usando alguns critérios, como a forma, o contexto etc. As classificações clássicas de gênero literário foram feitas na antiguidade, pelos filósofos Platão e Aristóteles, e são usadas até hoje como a divisão mais geral dos gêneros. No entanto, a cada dia, novos gêneros e subgêneros surgem, para dar conta da variedade de obras que vão sendo escritas.
Os gêneros clássicos se dividem em três diferentes grupos:
Os textos líricos são aqueles escritos em versos, explorando elementos como a sonoridade das palavras, as rimas e a forma da escrita, explorando principalmente os sentidos e os sentimentos. Certamente, o tipo mais comum de texto lírico é a poesia lírica, que trata geralmente de um eu lírico (o narrador), que expõe seus pensamentos e sentimentos.
Como um subgênero menos conhecido, temos a poesia dramática, que alinharia a ação de personagens aos seus estados emocionais. Na Grécia Antiga, temos os três grandes poetas que inauguraram essa tradição: Eurípedes, Ésquilo e Sófocles. E aqui mesmo no Brasil, tivemos o padre português José de Anchieta, que relatou a campanha catequista dos jesuítas entre os índios com uma forma de poesia dramática: o auto sacramental.
É nesse gênero que se encaixam a maioria das obras já escritas pelo homem. A forma de narração pode ser em prosa ou em versos, variando imensamente em seus temas e formas textuais. Em geral, o épico se concentra em narrativas de personagens centrais a grandes acontecimentos, misturando temas mitológicos e lendários. Podemos pensar nos épicos, nos contos, nas novelas, nos romances, nas crônicas e nas fábulas, todos como formas textuais diferentes dentro do épico-narrativo.
A maioria desses textos são escritos em prosa, mas como já vimos, na Antiguidade, a poesia épica também era bem comum. Também chamada de epopeia, esse tipo de poesia se dedicava a contar a história de heróis ou guerreiros, mas alinhando a narrativa à preocupação estética. É o caso da Odisseia, de Homero.
O gênero dramático também pode ser escrito em versos ou em prosa, e é destinado à encenação, ou seja, ao teatro. Os gregos desenvolveram esse gênero amplamente, criando inclusive subcategorias, como Comédia, Tragédia e Tragicomédia. Um aspecto que o difere dos outros gêneros é a ausência de um narrador, já que no teatro clássico os personagens eram responsáveis por todo o enredo.
Hoje, podemos ter textos dramáticos com a presença de narradores, e além disso, os roteiros de cinema também podem ser considerados dramáticos, já que também são escritos com a ideia de serem representados por atores. Esse é um dos muitos exemplos que mostram como as definições de gêneros literários evoluíram ao longo do tempo.
A literatura no Ensino Médio se dedica aos principais aspectos dos gêneros literários, às diferenças entre prosa e poesia, às principais escolas literárias, à literatura brasileira e a algumas obras e autores importantes no Brasil e na literatura mundial.
A literatura brasileira tem origem na literatura portuguesa. A literatura no Brasil se desenvolveu a partir dos incentivos dos padres jesuítas, após o descobrimento. Muitas das correntes que se desenrolaram no Brasil estavam alinhadas com os movimentos que ocorriam na Europa, seguindo tendências da literatura mundial. No entanto, cada período tem suas particularidades, levando em conta as tradições e acontecimentos da história brasileira.
Com a chegada dos portugueses ao Brasil, temos grande influência da literatura de informação, ou seja, feitas pelos viajantes, pelos colonizadores e pelos padres jesuítas, com a intenção de registrar as características do Brasil recém-descoberto, como a fauna, a flora e os habitantes. O texto mais importante desse período, chamado de Quinhentismo, é a carta de Pero Vaz de Caminha para Dom Manuel, Rei de Portugal. Ela é considerada o primeiro documento escrito da História do Brasil, apesar de não ter sido escrita por um brasileiro.
Os jesuítas faziam a poesia de devoção e também o teatro pedagógico, tudo parte da campanha de catequização dos índios, como vimos com o padra José de Anchieta, considerado o percursor do teatro no Brasil.
No século seguinte ao descobrimento, aflorou no Brasil a literatura barroca. A produção literária se concentrava em alguns poucos escritores que tinham muita influência europeia, portanto, mais que um período barroco, o que vimos foi um período de influência do barroco europeu, com temas religiosos e uma linguagem rebuscada, mas não ainda um movimento que conseguisse expressar nossas características nacionais. Alguns autores importantes desse período são o poeta Gregório de Matos e o padre Antônio Vieira, com seus sermões e cartas.
No século XVIII temos a corrente literária chamada Arcadismo, ou Neoclassicismo, que se expandiu principalmente em Minas Gerais, onde a descoberta do ouro tornava a região o centro econômico da colônia. É um estilo que se caracteriza principalmente pelas descrições da vida no campo, idealização da natureza e a utilização de personagens mitológicos, quando o índio também foi plenamente integrado a literatura nacional.
Os principais poetas do Neoclassicismo são Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, que escreveu o clássico Marília de Dirceu, e os poetas épicos Basílio da Gama e José de Santa Rita Durão.
O Arcadismo abriu as portas para o Romantismo no Brasil, no século XIX, marcado fortemente pela influência do Romantismo europeu. A literatura romântica no país exaltava o nacionalismo, a natureza e fazia grande uso da linguagem coloquial, o que ajudou a tornar as obras dessa época muito populares. Os índios e os negros ganham papeis centrais nessas narrativas, que ajudaram a firmar a identidade nacional brasileira.
Na poesia, temos autores como Gonçalves Dias, Manuel de Araújo , Álvares de Azevedo (que também escreveu Noite na Taverna, em prosa), Cassimiro de Abreu, Castro Alves e Sousândrade. Já na prosa, temos o importante José de Alencar, que firmou a narrativa indianista com Iracema, Ubirajara e o Guarani, e também romancistas como Bernardo Guimarães, de A Escrava Isaura, Visconde de Taunay, e Manuel Antônio de Almeida, com Memórias de um Sargento de Milícias.
Com o decaimento do Romantismo, a influência de autores europeus realistas, como Émile Zola e Gustave Flaubert, chega ao Brasil acompanhando uma série de transformações políticas e sociais. A cidade é abordada com todos os seus problemas e classes sociais, como em O Cortiço, de Aluísio de Azevedo.
Após essa primeira fase, entram em cena Machado de Assis e Euclides da Cunha, dois dos mais importantes autores brasileiros. Machado de Assis retratou as condições brasileiras com profundo humor e pessimismo em relação às convenções sociais da época, se caracterizando por um “anti-romantismo”. Suas principais obras são: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, Quincas Borba e o Alienista. Enquanto Machado de Assis descrevia a decadência do Rio de Janeiro, Euclides da Cunha se dedicou a apresentar o sertão nordestino, relatando a Guerra de Canudos em Os Sertões.
Na mesma época, a poesia está vivendo a corrente do Parnasianismo, que também se dedicava a combater o sentimentalismo do Romantismo. Na poesia brasileira se destacou o poeta Olavo Bilac, que também fez grandes contribuições à literatura infantil.
O período entre o Realismo e o Modernismo é chamado de Pré-Modernismo, porque apesar de não haver um domínio de uma única corrente literária, podia se perceber algumas manifestações iniciais do modernismo. Entre os autores mais conhecidos dessa época, estão Monteiro Lobato, Lima Barreto e o poeta Augusto dos Anjos. Alguns críticos consideram textos do Realismo como sendo também pré-modernistas, como é o caso de Os Sertões, de Euclides da Cunha.
Com a Semana de Arte Moderna de 1922, começa o modernismo, uma corrente que aconteceu praticamente em todas as artes, não só na Literatura. Os autores modernistas misturavam as tendências nacionalistas com influências europeias, como o Surrealismo. O folclore brasileiro é bem presente nas obras do modernismo, assim como a presença indígena e negra. Nessa época, Oswald de Andrade publica o Manifesto Antropófago, defendendo que o Brasil precisava “comer” a cultura estrangeira e, durante a digestão, produzir uma cultura própria.
Outro autor muito importante do Modernismo foi Mário de Andrade, que escreveu a saga do maior anti-herói brasileiro, Macunaíma. Essas obras eram marcadas principalmente pelo experimentalismo na linguagem e uma consciência crítica sobre a sociedade. Na poesia, temos Manuel Bandeira, Vinícios de Moraes, Murilo Mendes e Carlos Drummond de Andrade.
Em uma fase posterior, o Modernismo assume uma postura mais séria em relação às condições política, social e econômica do país. Autores como Jorge Amado, Rachel de Queiroz, José Lins do Rego e Érico Veríssimo surgem nessa época. O regionalismo é firmado com Graciliano Ramos. Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles, que fazem uma prosa que se volta ao psicológico e introspectivo. Na poesia, temos Cecília Meireles, João Cabral de Melo Neto e Lêdo Ivo.
A partir do Modernismo, os estilos se multiplicam, sendo impossível delimitar a literatura brasileira como um conjunto de características. Na literatura contemporânea, temos na prosa autores como Rubem Fonseca, Sérgio Sant’Anna, Murilo Rubião, Otto Lara Resende, Fernando Sabino, Dalton Trevisan, Carlos Heitor Cony, Moacyr Scliar, João Ubaldo Ribeiro, Luiz Vilela, Ariano Suassuna, Pedro Nava, Raduan Nassar, Ignacio de Loy Ignacio de Loyola Brandão, João Gilberto Noll, Cristóvão Tezza e Milton Hatoum.
Na poesia, temos autores contemporâneos importantes: Manoel de Barros, Adélia Prado e Ferreira Gullar.
A maioria das escolas literárias brasileiras mantinha paralelos com esses movimentos na Europa. Conheça mais alguns autores e características das escolas literárias europeias.
Movimento poético da Idade Média, o primeiro movimento de língua portuguesa. Chamadas de cantigas, as obras dos trovadores eram tocadas e cantadas, e se dividem entre cantigas de amor, de amigo, de escárnio e de maldizer.
Essa corrente surge no século XIV e vai até o Renascentismo. Os textos literários dessa época acompanham a filosofia do Humanismo em outras áreas, colocando os humanos como centro do mundo. Na Literatura, temos as prosas doutrinárias, dirigidas à nobreza, e as poesias feitas pelos fidalgos.
O Classicismo ocorre dentro do Renascimento, principalmente na Itália. Se caracterizava pelo racionalismo e, portanto, o equilíbrio entre as expressões sentimentalistas e a razão. A forma é bem importante para essa escola, que busca sempre a perfeição estética, principalmente na poesia, que contava com um conjunto extenso de regras que ditavam como os versos deveriam ser escritos.
O Barroco surge por causa do declínio do Renascentismo. A linguagem rebuscada é sua principal característica formal, com emprego amplo das figuras de linguagem. Os temas são o confronto entre o Antropocentrismo e o Teocentrismo, a religiosidade medieval e o paganismo do período.
Essa escola se opõe fortemente ao Classicismo e ao Racionalismo. O sentimentalismo nas narrativas dão origem a uma prosa com figuras idealizadas do amor, da mulher e da pátria. Na Alemanha, temos o autor Johan von Goethe, com o romance Os sofrimentos do jovem Werther. O apelo popular do livro era tanto que chegou a ocorrer uma onda de suicídio entre os jovens leitores, que buscavam imitar o desfecho do personagem principal da obra. Na poesia, destaca-se o ultrarromântico Lord Byron.
O Realismo e o Naturalismo se alinham com as tendências filosóficas do Positivismo, reproduzindo a realidade com fidelidade. Nessa época, o ambiente da cidade passa a ser muito mais valorizado que o campo, enquanto as convenções sociais são desafiadas pelo pessimismo. A linguagem deixa de ser rebuscada e passa a ser clara e limpa. Obras famosas desse período são: Madame Bovary, de Gustave Flaubert, e A Comédia Humana, de Honoré de Balzac.
O Parnasianismo é contemporâneo do Realismo e do Naturalismo, mas ocorre principalmente na poesia. Poetas importantes são Théophile Gautier, François Coppée e Antero de Quental.
O Simbolismo veio para se opor justamente a objetividade do Realismo e do Parnasianismo, por isso é tido também como uma forma de Neorromantismo. Essa escola ocorre principalmente na França, com o poeta Charles Baudelaire e seus discípulos.
No início do século XX, alguns autores rompem com o tradicionalismo e iniciam uma revolução estética na literatura. O Modernismo abraça a liberdade da linguagem e a experimentação, e acaba se espalhando pelo mundo inteiro. Autores importantes dessa época se destacam tanto na poesia, com Walt Whitman, Ezra Pound, William Carlos Williams, T.S. Eliot, Federico García Lorca, Fernando Pessoa, na prosa, com Franz Kakfa, William Faulkner, James Joyce, D.H. Lawrence, quanto no drama, com Beltold Brecht e Samuel Becket.
Os autores da literatura brasileira e suas obras aparecem frequentemente nas questões da prova de Linguagens do Enem. Conheça alguns dos autores mais cobrados no Enem:
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