Redação pronta sobre Preconceito Linguístico

Com o Enem tão pertinho da gente, bate aquele desesperos para adivinhar qual pode ser o tema da redação Enem 2018, não é mesmo? Por isso o Stoodi vem preparando diversos redações prontas para o aluno não ser pego de surpresa no grande dia.

Veja abaixo uma redação pronta sobre o tema: preconceito linguístico.

Mas se você é do tipo de aluno que gosta de saber quais são os erros que você pode cometer com este tema, logo abaixo separamos uma redação mediana, com uma correção baseada nas competências do Enem. Por meio dela você vai entender quais são os pontos que o Enem cobra e em como o assunto pode cair.

Como as redações e sua qualidade têm a ver também com as relações estabelecidas com os textos motivadores, a coletânea do Stoodi foi usada na produção dessa redação modelo.

Está preparado? Então vamos lá!

Redação pronta

O preconceito linguístico é praticado com base nas diferenças linguísticas que existem dentro de um mesmo idioma. No Brasil, especificamente, não se trata de um assunto novo, mas que se baseia sobretudo em uma língua padrão, próxima àquela falada no centro-sul do país, utilizada como motivação para o desrespeito às outras formas de falar. Desse modo, a parte da sociedade que foge a esse padrão considerado aceitável sofre represálias e exclusão, sendo tida como menos capaz apenas por conta das variedades linguísticas não consideradas. Por isso, é imprescindível debater e buscar minimizar os efeitos do problema.

Mundialmente, o Brasil é considerado um país miscigenado e de cultura ampla. Devido a isso, não é raro encontrar, dentro da sociedade brasileira, diversas manifestações artísticas, de expressão e, também, linguísticas. As variantes faladas no Nordeste, por exemplo, divergem das faladas no Sul, contribuindo para a riqueza de um idioma. No entanto, há resistência de parte da população em aceitá-las, refletida na criação de um estereótipo de nordestino analfabeto ou inferior, cuja fala é considerada errada e, por isso, é tido como incapaz. Esse tipo de preconceito acaba constrangendo e excluindo regionalmente populações inteiras, alimentando uma intolerância que beira a xenofobia e contrariando, assim, o Artigo 3 da Constituição de 1988, que garante liberdade de todos, independentemente de raça, cor, etnia, gênero, religião e região.

Ademais, a estereotipação que produz o preconceito linguístico se estende a quem possui baixa escolaridade. A crise educacional brasileira não é mistério, por isso há indivíduos que têm dificuldade de acesso às escolas. Essa deficiência educacional é utilizada muitas vezes por outros cidadãos e pela mídia para criar um imaginário de fala errada e fala de quem é pobre. A exemplo, a personagem Adelaide, do programa humorístico Zorra Total, é tratada comicamente como uma negra, de aparência grotesca e que fala tudo de forma errada com relação à norma padrão. Questões assim são uma arma de segregação porque facilitam a assimilação populacional de que indivíduos na mesma condição que Adelaide são inferiores e devem se envergonhar da forma como falam apenas por ser uma maneira pouco convencional dentro do padrão aceito.

Logo, para evitar maiores danos à liberdade de fala dos brasileiros, medidas precisam ser tomadas. O Ministério da Educação deve, por meio de prévia modificação dos conteúdos escolares nacionais, incentivar o debate direcionado acerca das variantes linguísticas nas aulas administradas por professores de português a fim de garantir que o caráter cômico de falas tidas como diferentes seja desconstruído na mente dos alunos. Além disso, o Poder Legislativo deve, através da votação de uma Lei no Congresso Nacional, proibir a veiculação de programas humorísticos que retratem com preconceito figuras nacionais estereotipadas, com o objetivo de extinguir o preconceito linguístico propagado em rede nacional.

Tema da redação

O preconceito linguístico é uma das principais apostas para o tema da redação Enem 2018. Entenda o que é uma variação linguística, não apenas para a sua redação, mas também para a prova de linguagens. Afinal, o Enem é sempre cheio de surpresas!

Redação corrigida

Se você é do tipo de aluno que gosta de ver seus erros ao invés dos acertos, essa correção é para você. Fizemos uma versão da redação pronta acima, porém, com diversas abordagens consideradas erradas.

Entenda cada etapa da correção, com base nas 5 competências do Enem, desde a introdução até a proposta de intervenção! Veja a redação mediana que separamos abaixo:

Redação mediana

O preconceito linguístico na sociedade brasileira não acontece de agora. Há anos podemos notar que há no país partes aonde a língua é “respeitada” e partes em que ela é tratada como se fosse engraçada e desrespeitada apenas por ser diferente do que foi escolhido como um bom padrão da língua. A partir disso, é fácil identificar que parte da população que fala diferente são desrespeitadas e com isso sofrem exclusão. Por isso, é preciso que a sociedade se mobilizem em prol de melhorar a situação desses indivíduos.

O Brasil é um país com uma cultura muito ampla e assim não é raro obter diferentes formas de expressão, de cultura, de artes e também da fala. A fala em específico é bastante diversa nas regiões do país. Por exemplo, há gírias faladas no nordeste que são incomuns no sudeste e assim por diante. Isso não deveria ser considerado como um problema, mas apesar disso há casos de retratar a cultura nordestina com preconceito, criando um estereótipo de que os nordestinos são menos capacitados e por isso são engraçados. O preconceito linguístico acaba acontecendo, por exemplo, quando se diz que nordestino não sabe falar e outras falas nesse sentido de criar a ideia de que as pessoas daquela região, por causa da sua fala, são inferiores.

Existe também a questão da escolaridade. Não é novidade que o Brasil passa por uma crise educacional, sobretudo quando falamos em escolas públicas brasileiras. Uma parte considerável da população não tem acesso às escolas. Como disse Paulo Freire, “Se a educação não muda o mundo, sem ela tampouco o mundo muda”. Assim, por conta da baixa escolaridade das pessoas que geralmente são mais pobres, aqueles com escolaridade mais alta se sentem no direito de inferiorizar essas pessoas atrás da fala. A educação, portanto, acaba sendo só uma arma para rebaixar o outro por meio do preconceito linguístico.

Por isso, o governo precisa melhorar a educação brasileira com o intuito de ensinar sobre as diferenças da fala e também conscientizar os alunos de que não é bom fazer chacota com o colega porque o jeito dele falar é diferente. Também é preciso retratar nas mídias que o respeito é necessário e não representar os personagens dos estereótipos como burros ou sem informação só por terem sotaque ou falarem diferente dos outros. Assim caminharemos para aquilo que Paulo Freire disse que é imprescindível para o mundo.

Correção de redação:

Introdução:

“O preconceito linguístico na sociedade brasileira não acontece de agora. Há anos podemos notar que há no país partes aonde a língua é “respeitada” e partes em que ela é tratada como se fosse engraçada e desrespeitada apenas por ser diferente do que foi escolhido como um bom padrão da língua. A partir disso, é fácil identificar que parte da população que fala diferente são desrespeitadas e com isso sofrem exclusão. Por isso, é preciso que a sociedade se mobilizem em prol de melhorar a situação desses indivíduos.”

Logo é possível notar que a linha de raciocínio estabelecida faz sentido, mas está um pouco prolixa e repetitiva com relação à palavra “parte”, por exemplo. É relevante ter uma linguagem mais direta e objetiva, separando de maneira mais precisa os pontos que serão trabalhados (a tese) e a negatividade da situação, pois é isso que constituirá o tema como um problema, de fato. Além disso, há alguns problemas de linguagem, como a utilização de “aonde” no lugar de “onde” ou “nas quais”. Há, também, a falta de concordância entre “população” e “são desrespeitadas”, que deveria ser “é desrespeitada” e o mesmo em “mobilizem” no lugar de “mobilize”.

Sugestão de reescrita:

“O preconceito linguístico é praticado com base nas diferenças linguísticas que existem dentro de um mesmo idioma. No Brasil, especificamente, não se trata de um assunto novo, mas que se baseia sobretudo em uma língua padrão, próxima àquela falada no centro-sul do país, utilizada como motivação para o desrespeito às outras formas de falar. Desse modo, a parte da sociedade que foge a esse padrão considerado aceitável sofre represálias e exclusão, sendo tida como menos capaz apenas por conta das variedades linguísticas não consideradas. Por isso, é imprescindível debater e buscar minimizar os efeitos do problema.”

1º parágrafo do desenvolvimento:

“O Brasil é um país com uma cultura muito ampla e assim não é raro obter diferentes formas de expressão, de cultura, de artes e também da fala. A fala em específico é bastante diversa nas regiões do país. Por exemplo, há gírias faladas no nordeste que são incomuns no sudeste e assim por diante. Isso não deveria ser considerado como um problema, mas apesar disso há casos de retratar a cultura nordestina com preconceito, criando um estereótipo de que os nordestinos são menos capacitados e por isso são engraçados. O preconceito linguístico acaba acontecendo, por exemplo, quando se diz que nordestino não sabe falar e outras falas nesse sentido de criar a ideia de que as pessoas daquela região, por causa da sua fala, são inferiores.”

Inicia-se falando sobre a pluralidade das formas de falar na sociedade brasileira, que é algo positivo para o tema. O preconceito regional que se transforma em linguístico é outro ponto positivo, mas está perdido em meio ao preconceito geral. Isso significa que o aluno está mais focado em falar do preconceito contra nordestinos que do preconceito linguístico em si, que acaba ficando em segundo plano. Nesse caso, o ideal é sempre deixar o tema em evidência, mesmo em uma situação específica como essa. Além disso, falta um pouco mais de diversificação de conectivos para ligar as orações e os períodos. Por fim, é primordial expressar o porquê de a ocorrência ser um problema somando, ainda, um repertório sociocultural que ajude na sustentação da ideia central.

Sugestão de reescrita:

“Mundialmente, o Brasil é considerado um país miscigenado e de cultura ampla. Devido a isso, não é raro encontrar, dentro da sociedade brasileira, diversas manifestações artísticas, de expressão e, também, linguísticas. As variantes faladas no Nordeste, por exemplo, divergem das faladas no Sul, contribuindo para a riqueza de um idioma. No entanto, há resistência de parte da população em aceitá-las, refletida na criação de um estereótipo de nordestino analfabeto e inferior, cuja fala é considerada errada e, por isso, é tido como incapaz. Esse tipo de preconceito acaba constrangendo e excluindo regionalmente populações inteiras, alimentando uma intolerância que beira a xenofobia e contrariando, assim, o Artigo 3 da Constituição de 1988, que garante igualdade de todos, independentemente de raça, cor, etnia, gênero e região.”

2º parágrafo do desenvolvimento:

“Existe também a questão da escolaridade. Não é novidade que o Brasil passa por uma crise educacional, sobretudo quando falamos em escolas públicas brasileiras. Uma parte considerável da população não tem acesso às escolas. Como disse Paulo Freire, “Se a educação não muda o mundo, sem ela tampouco o mundo muda”. Assim, por conta da baixa escolaridade das pessoas que geralmente são mais pobres, aqueles com escolaridade mais alta se sentem no direito de inferiorizar essas pessoas atrás da fala. A educação, portanto, acaba sendo só uma arma para rebaixar o outro por meio do preconceito linguístico.”

Nesse parágrafo, um segundo problema é apresentado, mas que também deriva de uma causa parecida com a primeira. No entanto, aqui a comparação é entre boa escolaridade e baixa escolaridade, que resulta na inferiorização de quem possui menos conhecimento sobre a fala tida como padrão. O primeiro ponto relevante é que a citação de Paulo Freire está sem contexto no meio do parágrafo, por isso está pouco articulada e prejudica que a nota seja elevada. Dito isso, é recomendável uma ilustração que tenha a ver com o tema e com o argumento que estão sendo trabalhados. Com reorganização, a ideia passada fica mais clara e devidamente ilustrada, deixando de ter brechas.

Sugestão de reescrita:

“Ademais, a estereotipação que produz o preconceito linguístico se estende a quem possui baixa escolaridade. A crise educacional brasileira não é mistério, por isso há indivíduos que têm dificuldade de acesso às escolas. Essa deficiência educacional é utilizada muitas vezes por outros cidadãos e pela mídia para criar um imaginário de fala errada e fala de quem é pobre. A exemplo, a personagem Adelaide, do programa humorístico Zorra Total, é tratada comicamente como uma negra, de aparência grotesca e que fala tudo de forma errada com relação à norma padrão. Questões assim são uma arma de segregação porque facilitam a assimilação populacional de que indivíduos na mesma condição que Adelaide são inferiores e devem se envergonhar da forma como falam apenas por ser uma maneira pouco convencional dentro do padrão aceito.”

Conclusão:

“Por isso, o governo precisa melhorar a educação brasileira com o intuito de ensinar sobre as diferenças da fala e também conscientizar os alunos de que não é bom fazer chacota com o colega porque o jeito dele falar é diferente. Também é preciso retratar nas mídias que o respeito é necessário e não representar os personagens dos estereótipos como burros ou sem informação só por terem sotaque ou falarem diferente dos outros. Assim caminharemos para aquilo que Paulo Freire disse que é imprescindível para o mundo.”

As medidas aqui possuem, no máximo, agente, ação e efeito. É necessário fazer essa complementação dos elementos para que as propostas estejam, de fato, completas. Ademais, Paulo Freire é novamente citado, mas a ideia dele não ficou muito clara para o tema. Assim, há, novamente, desarticulação e, por isso, essa menção não era necessária. Sem ela, ainda há mais espaço para trabalhar os elementos obrigatórios e deixar a proposta de intervenção bem completa.

Sugestão de reescrita:

“Logo, para evitar maiores danos à liberdade de fala dos brasileiros, medidas precisam ser tomadas. O Ministério da Educação deve, por meio de prévia modificação dos conteúdos escolares nacionais, incentivar o debate direcionado acerca das variantes linguísticas nas aulas administradas por professores de português a fim de garantir que o caráter cômico de falas tidas como diferentes seja desconstruído na mente dos alunos. Além disso, o Poder Legislativo deve, através da votação de uma Lei no Congresso Nacional, proibir a veiculação de programas humorísticos que retratem com preconceito figuras nacionais estereotipadas, com o objetivo de extinguir o preconceito linguístico propagado em rede nacional.”

E aí? Gostou das dicas que quer mandar super bem na redação? Então assine o Stoodi e se prepare com nossa correção de redação!