Transição Demográfica: o que é, como funciona e fases!

Saiba tudo sobre a teoria social da transição demográfica: confira as fases, características e consequências!

Transição Demográfica: o que é, como funciona e fases!

A demografia é a área da Geografia que estuda a dinâmica das populações, sendo um dos nichos mais importantes dessa ciência. Assim, incluindo ainda estudos de sociologia e outras áreas, é natural que existam diversas ferramentas e teorias que buscam explicar a maneira como uma população se comporta.

Uma das teorias mais complexas e fundamentais para o entendimento da demografia é a Transição Demográfica. Você sabe o que é e como ela funciona? Neste artigo vamos contar tudo para vocês. Confira!

O que é transição demográfica?

É uma teoria social desenvolvida pelo demógrafo norte-americano Frank Notestein, no início do século XX. Ela surgiu como uma forma de refutação, a partir de argumentos sólidos, à teoria Malthusiana, que estabelecia o crescimento populacional a partir de um ritmo exponencial.

Teoria da transição demográfica

Segundo a teoria da transição demográfica, não existe um processo homogêneo e unificado de constante explosão de crescimento populacional. Na verdade, quando esse fenômeno acontece, acredita-se que a tendência é de uma futura estabilização, principalmente por conta das alterações nas taxas de natalidade e mortalidade.

Dessa forma, ainda de acordo com essa teoria, o processo se dá em quatro fases diferentes, resultando no efeito do envelhecimento da população.

Fases da transição demográfica

De acordo com Frank Notestein e outros grandes pesquisadores da dinâmica populacional, a transição demográfica acontece em quatro fases distintas. Veja!

Pré-transição

A primeira fase do processo de transição demográfica é a pré-transição, quando a população se encontra em um estágio de equilíbrio entre as taxas de natalidade e mortalidade. Entretanto, esse equilíbrio se dá por meio da elevação dessas taxas. Ou seja, à medida que nascem muitas pessoas, muitas também morrem.

Essa é a característica principal das sociedades que vivem em um baixo nível de desenvolvimento socioeconômico. A qualidade de vida também é pequena e as condições sanitárias e de saúde são precárias. O melhor exemplo desse tipo de sociedade corresponde aos países europeus no início do processo de industrialização.

Aceleração ou explosão demográfica

Na segunda etapa da transição demográfica ocorre um fenômeno conhecido como explosão (ou “boom”) demográfica. Ou seja, em um curto período de tempo a população cresce a níveis exponenciais.

Ao contrário de outras teorias, a transição demonstra que esse processo não acontece pelo aumento das taxas de natalidade, mas sim pela diminuição da mortalidade. Isso se dá, principalmente, por meio das melhorias sociais nos campos da saúde, saneamento e outros.

Na Europa, essa fase se deu durante todo o século XIX. Já nos países emergentes, como o Brasil, o processo aconteceu ao longo do século XX. A aceleração demográfica volta a atingir a Europa durante o pós-guerra, o que resultou na criação da expressão “geração baby boom”.

Desaceleração demográfica

Ao longo do processo de desenvolvimento das sociedades, tende-se à entrada em uma fase de desaceleração das taxas de natalidade. Isso é explicado, principalmente, pela difusão de ideias como o planejamento familiar, a entrada feminina no mercado de trabalho, a urbanização, o aumento do custo de vida, entre outros fatores.

Assim, a tendência é que a sociedade que se encontra no processo de desaceleração demográfica entre em um gradativo e constante declínio da quantidade de nascimentos, ao passo que a queda da mortalidade começa a entrar em um processo de estabilização.

Estabilização demográfica

Por fim, a última fase da transição demográfica se dá quando a sociedade atinge a estabilidade. Esse cenário equivale ao equilíbrio das taxas de natalidade e mortalidade em patamares muito mais baixos que no início do processo, apesar de uma ou outra oscilação conjuntural.

Nesse panorama, o crescimento populacional está contido e controlado. Apesar disso, a população atinge, nessa etapa, um processo de envelhecimento populacional, com elevada expectativa de vida e baixas taxas de natalidade. O resultado é uma sociedade que enfrenta maiores gastos em previdência e saúde, além de queda na população economicamente ativa.

metrópole transição demográfica

Transição demográfica no Brasil

O Brasil encontra-se, atualmente, na terceira fase do processo de transição demográfica. Isso significa que, de acordo com os últimos dois censos demográficos (2000 e 2010), o país está em um período de desaceleração do crescimento populacional.

Isso acontece, principalmente, pelo maior acesso às políticas públicas de saúde e saneamento básico, que resultam em uma queda da mortalidade. Ao mesmo tempo, a constante urbanização enfrentada pelo país garante o aumento do acesso a práticas de planejamento familiar, o que leva a uma redução significativa das taxas de natalidade.

Entretanto, alguns dados demonstram que, nos últimos dez anos, a queda nas taxas de fecundidade e mortalidade no Brasil estão ainda mais aceleradas, o que leva a indícios da entrada do país na fase de estabilização demográfica.

Consequências da transição demográfica

No cenário mundial, a transição demográfica é um processo natural e esperado, principalmente por conta do maior acesso às condições de saúde e aumento da qualidade de vida das populações. Entretanto, tal processo também tem suas consequências.

Como citamos, o principal aspecto decorrente da finalização do processo de transição demográfica é o envelhecimento da população. Com a estabilização das taxas de natalidade e mortalidade, a sociedade entra em um cenário de envelhecimento natural, pois a expectativa de vida aumenta consideravelmente.

Isso faz com que os governos encontrem dificuldades com gastos da previdência social, além da queda da população economicamente ativa, já que o número de idosos aposentados tende a crescer. Em decorrência disso, muitos países europeus estão incentivando suas populações a engravidarem, buscando corrigir o futuro déficit de mão de obra, por exemplo.

Entretanto, até que se atinja esse ponto, uma sociedade passa por um período conhecido como bônus demográfico. Ele corresponde à diminuição do número de nascimentos enquanto a população idosa e inativa ainda não é tão grande.

Isso significa uma predominância da parcela adulta da sociedade, sendo essa economicamente ativa. O resultado é a maior disponibilização de recursos e investimentos para o país, resultando em mais oportunidades para empresas e empreendedores.

É no estágio de bônus demográfico que o Brasil se encontra, devendo sair dele em cerca de 20 anos. Por isso, é fundamental que se aproveite ao máximo essa maior disponibilidade de mão de obra, investindo na geração de empregos.

A transição demográfica é um dos processos mais complexos e que exige maior esforço para se entender todos os fatores que podem alterar sua dinâmica. Por isso, dentro da Geografia, é um dos temas mais explorados nas provas de vestibular e, também, no Enem.

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