Aluna de escola pública passa em História na USP
Gabriella Ortola, estudante do interior de Minas Gerais, afirma que ficou surpresa com a aprovação
Imagine você pensar a sua vida inteira que não tem capacidade para estudar numa universidade bem conceituada? Essa é a realidade dos alunos de escola pública, segundo Gabriella Ortola. Ela é um exemplo de que pensar assim não está com nada.
Aprovada no curso de História em uma das melhores universidades do país, Gabriella vai se mudar do interior de Minas Gerais para estudar na USP, Universidade São Paulo.
“Foi uma grande surpresa, na verdade. Eu achei que não ia dar, mas no fim das contas fui aprovada em 3° lugar, pelo SiSU. Fiquei maravilhada, fazia mais de três anos que eu sonhava com essa vaga, e conseguir isso logo na primeira tentativa foi uma realização pra mim”, afirma a aluna.
Gabriella é a desconstrução de muitos modelos de estudantes que vemos por aí. Ela não tinha rotina fixa de estudos: às vezes, ela estudava 7 horas seguidas (fora o tempo que passava no colégio) e tinha ocasiões que ficava três dias seguidos sem acessar o Stoodi, cursinho online.
Não que ela estivesse nem aí para os estudos, muito pelo o contrário. Ela afirma que apenas respeitava o seu corpo. “Eu acredito que se sentir bem estudando é melhor do que estudar insanamente. Eu, por exemplo, costumava estudar quando eu me sentia bem e acredito que esse tenha sido um ponto muito importante para aprovação”, afirma ela.
E não é que deu certo?! Ela fez o ENEM e conquistou uma média de 734 pontos. “Eu acertei mais ou menos 110 questões e tirei 920 na redação”, conta a recém-universitária.
O segredo, para Gabriella, é focar em qualidade e não em quantidade. “Se seu corpo pede dois ou três dias longe dos livros, faça isso. Três horas bem estudadas e agradáveis é muito melhor do que sete horas, quando você deseja apenas que isso acabe logo”, explica.
De acordo com a aluna, ela escolheu estudar num cursinho online porque ela poderia ganhar mais tempo, seria prático e ainda uniria ao fato da mensalidade ser menor. “Extrema é uma cidade tranquila e agradável para se viver, mas não para quem quer estudar. Aqui tem poucos cursinhos presenciais, e nem cheguei a olhar os valores, porque eu não confiava na qualidade deles”, confessa.
Como ela passou por escola particular e terminou seus estudos na rede pública, ela consegue ver bem a diferença de motivação e apoio para os alunos de cada instituição.
“Os alunos de escola pública não são encorajados a tentar coisas grandes como a USP, eu vi isso de perto. Eu gostaria que esses alunos soubessem que eles são capazes, e que eles podem, sim, ter uma ótima formação superior, apesar do sistema não ser muito favorável”, finaliza Gabriella Ortola.