Desabafo de estudante: 10 dicas essenciais para vestibulandos
Nem sempre quem está de fora sabe como é o dia a dia do vestibulando. Isso quem nos disse foi Amanda Vasques, recém-aprovada em Medicina na Faculdade Santa Marcelina. A caloura contou à Equipe Stoodi 10 fatos sobre a vida do estudante.
Sua trajetória, em específico, foi marcada por 4 anos e meio de estudos intensos. De acordo com ela, há algumas coisas que não reparamos no cotidiano e que fazem parte da vida do aluno. O estresse, a dúvida e o nervosismo são alguns exemplos.
Confira 10 pontos que você precisa saber sobre a vida de um estudante:
1. “Só estudar” é muita coisa
“Quando eu estava no cursinho, muita gente me falava ‘meu, mas você só estuda’ – no sentido de ‘como você não consegue passar no vestibular se você só estuda e não faz mais nada? ’”, conta Amanda.
Algumas pessoas podem dizer algo desse tipo por considerar que o vestibulando tem muito tempo para se preparar para a prova. Na verdade, ao abrir um edital de um processo seletivo como o ENEM ou a Fuvest, por exemplo, nós percebemos que o conteúdo cobrado é realmente imenso.
Para passar numa prova de Medicina, que geralmente você precisa acertar cerca de 90% do exame, estudar e revisar todas as matérias de cada disciplina é a única saída. Para conseguir se dedicar aos conteúdos, o fato de “só estudar” pode equivaler a uma carga horária de 8 horas diárias, o que é bem similar a uma jornada de trabalho.
2. Ambiente de cursinho não é como o da escola
“Quem não vive no ambiente de cursinho não tem noção do que é estar lá. A pressão vem de todos os lados”, afirma.
A primeira diferença entre o cursinho e o colégio é que a pessoa que está do seu lado pode ser seu concorrente. Quando você deixa de ver uma pessoa como colega e passa a enxergá-la como concorrente, já fica visível que o clima é mais sério e pesado.
Mas atenção: isso não quer dizer que não existe respeito e bom convívio neste local.
A única coisa é que a lógica é um pouco mais prática: as pessoas vão, assistem às aulas e seguem o dia estudando. As relações são mais impessoais, se comparadas às da escola.
3. Lidar com a pressão é uma das coisas mais difíceis em fase pré-vestibular
É muito comum a pressão vir dos pais, familiares e amigos, por exemplo.
“No meu caso, a pressão vinha mais de mim mesma, sabe? É uma decepção porque você estuda o ano inteiro, aí vai, chega no dia, e você não consegue dar o seu melhor. Ou se você deu, o seu melhor e não é suficiente”, confessa a recém-universitária.
Saber lidar com a pressão é muito complicado e necessário – mesmo porque ela pode te prejudicar na hora do vestibular. Às vezes, ela vem por meio de perguntas inocentes que não eram para causar um desconforto, mas acabam se tornando uma coisa chata.
4. Preocupação não é cobrança
Amanda chama atenção para o fato de que a preocupação não é a mesma coisa que a cobrança.
É muito confortante ver que alguém se preocupa conosco, mas não é legal ter que responder perguntas como:
“Você já passou? Está na hora, não acha? Quanto você tirou no simulado? Desse jeito você acha que dá para passar? Você achou essa prova fácil? Então por que não conseguiu passar? Já pensou em mudar de carreira? Por que você não faz outro curso? Você acha que vale o esforço? ”.
Por isso, é legal ter um cuidado especial na hora de perguntar algo para um vestibulando.
5. Ter foco e determinação não significa ser um robô
“Eu tentava seguir uma rotina, mas, às vezes, é desumano. Eu não sei se tem gente que consegue seguir um cronograma certinho, com horário para comer e dormir”, comenta Amanda.
Ela explica que tem dias que não adianta: você não rende, fica estafado mentalmente, precisa comer com mais calma e de umas horas a mais sono. Claro que sempre se dedicou ao máximo aos estudos, mas ela afirma que já deixou de estudar para assistir sua série, por exemplo.
A grande questão nesse caso é encontrar um equilíbrio entre a carga horária de estudos e a possibilidade de relaxar, fazer pausas e, até mesmo, de ficar um dia da semana sem ver o conteúdo. Imagine 4 anos e meio só estudando?
“Na minha família já teve gente que virou para mim e falou que eu não ia conseguir porque eu estava saindo. Meu, a gente tem que sair, senão a gente enlouquece”, afirma.
É importante destacar que o fato de sair ou descansar não prejudicou o seu foco e a qualidade de estudo. Esse é o ponto-chave.
6. Para passar, não é só decorar a apostila
“As pessoas me perguntavam ‘se você estuda há 4 anos, por que ainda não decorou a apostila? ’”. Ela explica que não é só o conteúdo que está em jogo na hora do vestibular.
Amanda acredita que o emocional é tão importante nesse momento que equivale a 50% da prova. Em geral, ela sabia o conteúdo, mas nem sempre conseguia o melhor desempenho no exame justamente pelo nervosismo e estresse.
7. Não estudamos apenas o que gostamos
Outro pronto que Amanda destacou foi que a rotina de estudos do vestibulando é pesada porque ele tem que ver (e revisar) muitas matérias que não gosta ou tem dificuldade.
“Não é tão simples quanto parece. Todas as matérias são importantes e você deve estudar, gostando ou não”, conta Amanda.
8. “Já pensei em desistir”
Existem alguns períodos em que o estudante passa por um momento de dúvida. Alguns chegam até mesmo a repensar a sua carreira. “Será que devo desistir? ”. Amanda conta que isso já aconteceu com ela – e com muitas pessoas que ela conhece. Ela sempre persistiu porque sabia que era exatamente aquilo que a faria feliz.
“Várias vezes eu pensei em mudar e desistir, porque eu já não aguentava mais. Só que eu não conseguia me ver fazer outra coisa”, explica.
9. Se animado já é difícil, imagine com alguém desestimulando?
Seguir essa mesma rotina puxada durante anos já é difícil. Agora, já pensou ouvir não só de uma pessoa, mas de várias que você deveria desistir? Ou então deveria fazer outro curso também relacionado à área da saúde? Não é uma coisa legal.
A verdade é que a maioria das pessoas pensa que falar isso é uma coisa boa – como se estivesse alertando algo. Porém, pode chatear quem escuta. “Eu já deixei de falar com parentes porque falaram que eu não ia passar”.
Outra coisa que desestimula é o fato de ficar comparando. “Tem gente que não tem noção nenhuma do que é um vestibular de Medicina. Acham que é fácil. Aí acabam te comparando com o sobrinho da filha de não sei quem porque fez um ano de cursinho e passou numa federal em outro curso”, afirma Amanda.
10. A sensação de passar é indescritível
Ser um vestibulando não é fácil, mas na hora em que você vê o seu nome na lista de aprovados: não existe felicidade maior que essa.
“Eu não conseguia acreditar. Eu dava risada, depois chorava, abraçava as pessoas e demorou muito tempo para eu realmente acreditar”, lembra Amanda.
Ser um vestibulando é testar frequentemente os seus limites, aprender a se surpreender e viver com a surpresa. Essa vida te faz ver as coisas de modo diferente, te ensina a estabelecer prioridades e mostra o grande valor de ser ponderado.
O melhor da vida de vestibulando é que ela é temporária e seus ganhos, provavelmente, permanentes.