Não sei qual profissão seguir. Isso é normal?

Sim. Edvaldo Colen, psicólogo e doutorando em Ciências Humanas pela UFSC, explica o porquê nos sentimos em dúvida na hora da escolha vocacional

Não sei qual profissão seguir. Isso é normal?

Sim. Edvaldo Colen, psicólogo e doutorando em Ciências Humanas pela UFSC, explica o porquê nos sentimos em dúvida na hora da escolha vocacional

 

Ficar em dúvida na hora de escolher uma profissão é normal e existem vários fatores que contribuem para isso. Num bate-papo com Edvaldo Colen, psicólogo, mestre em Psicologia pela UFSJ e atualmente doutorando em Ciências Humanas pela UFSC, descobrimos o motivo dessa insegurança ser comum.

De acordo com o especialista, o trabalho sempre foi um elemento muito importante em nossas vidas, tanto que ele faz parte da nossa identidade.

“Hoje, como nunca antes, temos um número gigantesco de possibilidades de atuação no campo profissional. Temos uma grande liberdade de escolha, e isso é ótimo, não é?”, pergunta Edvaldo. Ele logo responde, “Não necessariamente”.

O psicólogo explica que essa quantidade enorme de opções é o primeiro fator que causa um certo receio no estudante – já que, ao escolher uma carreira, você está, automaticamente, renunciando a outras várias.

Outro ponto muito importante que alimenta essa dúvida é acreditarmos que essa escolha é eterna. “É como se no momento da inscrição para o vestibular estivéssemos nos comprometendo para o resto da vida”, comenta.

Mas não é bem assim. Se você não gostar do curso que escolheu, você pode trocar. Ou se você gostar, mas não corresponder às suas expectativas, você pode fazer outra graduação. De qualquer forma, existem várias opções.

Edvaldo explica que para fazermos uma escolha coerente, precisamos nos conhecer, de fato. Só depois disso vamos entender quais são as possíveis carreiras que condizem com nossos princípios e estilo de vida.

Agora, imaginem fazer isso em plena adolescência – fase da vida em que começamos a questionar valores, a experimentar coisas diferentes e sentir o peso das responsabilidades. “Se para um adulto tomar uma decisão pode ser difícil, imagine para alguém que acredita estar decidindo todo o seu futuro sem ter as informações necessárias”, afirma o psicólogo.

Portanto, fiquem tranquilos. De acordo com Edvaldo, as coisas mais importantes que devemos ter em mente na hora de fazer a escolha profissional são: a impossibilidade de sabermos exatamente como são todas as áreas de atuação das mais diversas profissões e a consciência de que essa escolha não é eterna.

“Escolher pode ser muito angustiante, principalmente se considerarmos que uma escolha é irreversível e o fantasma do arrependimento sussurrar constantemente em nosso ouvido. A pressão familiar às vezes é muito grande, e precisamos escolher entre o que realmente gostamos e o que tem o maior salário”, descreve.

Não se abale com isso tudo. Lembre-se que há muitas pessoas fazendo segunda e terceira graduação. O psicólogo conta que é comum pessoas mudarem completamente o seu rumo mesmo tendo uma carreira consolidada – o que não implica necessariamente em perda de tempo, pois o que aprendemos ajuda a enriquecer nossa experiência e a amadurecer nossa forma de ver o mundo.

“A dúvida é natural e, na ausência de uma bola de cristal, a possibilidade de acertar é inversamente proporcional ao quanto cedemos a pressões externas e não damos ouvido aos nossos desejos”, conclui o Edvaldo Colen. 

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