Angústia: análise da obra literária!
E aí, caro(a) vestibulando(a)! Se você está por aqui, uma coisa é certa: uma vaga na Universidade de São Paulo (USP) faz parte de seus planos! Angústia, obra de Graciliano Ramos, é um dos livros que fazem parte da lista de leituras obrigatórias da Fuvest 2021. Por isso, nos próximos minutos, faremos uma viagem rumo à análise desse romance!
Graciliano — ou Mestre Graça, para os íntimos e também para os admiradores de seu talento como escritor — é um velho conhecido dos que fazem as provas da Fuvest. Sua obra mais conhecida, Vidas secas, figurou a lista de leituras para esse exame por muitos e muitos anos.
Angústia nos traz uma nova e completamente desconhecida faceta do autor. É uma obra altamente psicológica e que instiga reflexões profundas naqueles que a leem. E então, tudo pronto? Vamos começar a análise!
Análise da obra Angústia
Angústia é, provavelmente, uma das obras mais interessantes que passarão pela sua lista de leituras. O próprio título do livro já nos dá uma boa ideia do que nos espera, não é mesmo? E Graciliano Ramos não nos desaponta: logo nas primeiras páginas, já podemos ter uma ideia do teor pesado da narrativa.
O livro segue a mesma lógica de Crime e castigo, do russo Fiódor Dostoiévski. Em ambas as obras, o narrador se vê frente a um crime e lida com os sentimentos que acompanham esse tipo de atitude — medo, alívio, arrependimento, questionamentos e, claro, angústias.
O romance psicológico — estilo do qual Angústia é um pioneiro na Literatura brasileira — e impressionista nos coloca dentro da mente complexa, confusa e perturbada de um homem apaixonado e desiludido. Por isso, é importante nos lembrarmos de que esse é um livro contado por um ponto de vista particular e, portanto, imparcial.
Além disso, essa leitura nos ajuda a entender o contexto de uma época repleta de transformações em nosso país. Mais à frente, falaremos melhor sobre cada uma delas para que você pode compreender o contexto da obra!
Angústia, de Graciliano Ramos: resumo
A história de Angústia nos conta um pouco sobre a vida de Luís da Silva, um funcionário público que atua no ramo do Ministério da Fazenda em Alagoas. No entanto, ao contrário do que pode parecer, não há nada de glamouroso no ofício exercido por nosso protagonista.
Além de os dias de trabalho serem entediantes, Luís não é tão bem remunerado — vivendo sempre com as contas no vermelho — e ainda sofre explorações por parte do homem que aluga uma casa para que ele possa morar.
Tudo isso se reflete no modo como o nosso protagonista se relaciona com o meio em que está inserido. Solitário e de poucas palavras, ele tem poucos amigos e, em um determinado momento do livro, se apaixona por uma de suas vizinhas: Marina.
Eles até se envolvem e ficam noivos, mas Marina o troca por Julião Tavares, um homem que representa tudo aquilo que Luís mais despreza e inveja, por ser um membro da elite da cidade e desfrutar da boa vida que o narrador nunca pôde ter.
É a partir desse problema que o clímax da obra se desenha. Cego pelo desejo por Marina e pelos ciúmes e inveja que o romance da garota com Julião provoca nele, Luís toma uma decisão por impulso e precisa conviver com as consequências psicológicas desse ato.
Contexto histórico
O contexto histórico de Angústia está na consolidação do Brasil como uma República. Um dos objetivos de Graciliano é, ao longo da obra, nos mostrar as facetas das camadas exploradas da sociedade naquele período, ou seja, o trabalhador, como é o caso de Luís da Silva.
A história se passa entre as décadas de 20 e 30. Nosso país passava por uma série de transformações nos mais diversos setores: cultural (a Semana de Arte Moderna ocorreu em 1922), social (com a Revolução de 1930, por exemplo) e econômico (com a crise de 1929 e, no Brasil, a economia cafeeira).
Personagens da obra
A obra conta com os seguintes personagens principais:
- Luís da Silva: protagonista e narrador; é um funcionário público mal remunerado, caladão e que se apaixona por Marina;
- Marina: vizinha de Luís da Silva, se envolve com o narrador e eles ficam noivos. No entanto, acaba o trocando por Julião Tavares. Tem uma personalidade explosiva e um gênio forte;
- Julião Tavares: membro da elite alagoana, caminha pela cidade de Maceió com arrogância e desfruta de uma série de privilégios que fazem com que Luís o inveje;
- Dona Adélia: mãe de Marina. Defende a garota com unhas e dentes;
- Moisés: um dos amigos de Luís. É de origem judaica e tem tendências socialistas.
Foco narrativo
Angústia é um romance narrado em primeira pessoa. Nele, nos aprofundamos na mente nos pensamentos de Luís da Silva, que nos conta sua trajetória a partir de narrações sobre o presente e com muitos flashbacks, dispostos sem uma ordem cronológica bem definida ao longo da obra.
Essa é, mais ou menos, a mesma estratégia utilizada em Vidas secas. No entanto, aqui, Graciliano Ramos construiu um romance linear, no qual os capítulos se completam — ao contrário do primeiro, no qual a narrativa apresentava uma estrutura de contos que podiam ser lidos em qualquer ordem sem prejudicar o entendimento do leitor sobre a obra.
Sobre Graciliano Ramos
O autor de nossa obra (forte representante do Modernismo no Brasil) é de origem alagoana e escreveu muitas obras importantes da Literatura brasileira. Entre elas, podemos citar, além de Vidas secas, Caetés e São Bernardo.
Sua profissão inicial era jornalista, e a exerceu por bons anos. A literatura, no entanto, foi uma paixão nutrida por Graciliano desde seus tempos de escola, a qual fez em regime de internato.
Teve sempre uma ligação forte com as questões políticas do Brasil. Passou, inclusive, um tempo preso durante a Era Vargas e foi filiado ao Partido Comunista Brasileiro.
Faleceu em 1953, por complicações geradas por um câncer de pulmão.
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