Revolta da vacina: entenda tudo!
A história do Brasil é recheada de revoltas, motins e movimentos populares. Particularmente, o início do período republicano brasileiro é marcado pelo estouro de vários conflitos. E o Rio de Janeiro não escapou de ser o centro de um dos movimentos mais importantes dessa época.
O início do século XX foi marcado por uma grande revolta popular, denominada Revolta da Vacina. Você quer saber o que aconteceu nesse conflito? Então continue neste post e descubra tudo sobre essa revolta para se dar bem na prova de História do Enem!
A Revolta da Vacina
A Revolta da Vacina foi um motim popular que aconteceu entre os dias 10 e 16 de novembro de 1905, na então capital do Brasil, Rio de Janeiro. Ela se deu como uma revolta da população contra a lei que obrigava a vacinação contra a varíola, mas também possui um contexto de insatisfação muito mais profundo.
Na virada do século XIX para o XX, em um contexto de movimentos de abolição da escravatura e fim do regime monárquico, um grande número de ex-escravos e imigrantes europeus se encontravam em um movimento migratório em direção ao Rio de Janeiro.
Sob forte processo de industrialização, a população total da cidade passou dos 522.000, em 1890, para os 811.000 em 1906. Com esse rápido crescimento, a demanda por habitação crescia consideravelmente, de modo que os donos de grandes casarões passaram a dividir seus cômodos, criando pequenos cubículos, que eram alugados para famílias inteiras. Esse foi o surgimento dos cortiços e pensões do início do século.
Com condições sanitárias muito precárias, esses locais eram favoráveis ao surgimento de epidemias de peste, varíola e febre amarela. O grande número de doentes na cidade passou a afastar os estrangeiros do Rio de Janeiro, de modo que o presidente Rodrigues Alves identificou esses problemas como urgentes, impedindo o desenvolvimento nacional. Sua prioridade era melhorar as condições sanitárias da capital, com programas intensivos de obras públicas em um contexto econômico mais favorável.
Revolta da Vacina: resumo
No contexto citado anteriormente, Rodrigues Alves passou a viabilizar as obras de saneamento do Rio de Janeiro, bem como seus planos de reforma urbana na capital. Então Ministro da Indústria, Viação e Obras Públicas, Lauro Müller foi o encarregado pelas reformas do porto, com um orçamento substancial.
Em vistas de utilizar o porto reformado como um bom cartaz do avanço e desenvolvimento do país, várias obras, demolições e novas construções foram feitas. O porto realmente precisava muito de uma reforma profunda. Principal do Brasil na época, estava completamente defasado e não acompanhava o ritmo de industrialização do país. Junto com as reformas portuárias, a própria cidade necessitava passar por reformas, principalmente pelas suas ruas pequenas e coloniais.
Assim, o engenheiro Pereira Passos ficou como responsável por realizar as obras no restante da cidade. Ruas foram alargadas e os cortiços foram destruídos, retirando a população pobre de suas moradias. Junto a essas ações, o diretor geral de Saúde Pública Oswaldo Cruz ficou encarregado de realizar o saneamento urbano, com o objetivo de erradicar a febre amarela, a peste bubônica e a varíola.
Assim, no ano de 1904, o governo instituiu a lei que fazia com que a vacinação da população fosse obrigatória. Apesar das 15 mil assinaturas contrárias à legislação, a mesma foi aprovada em 31 de outubro do mesmo ano.
Em conjunção com a impopular lei, Oswaldo Cruz trouxe uma regulamentação ainda mais problemática. O governo passava a exigir comprovantes de vacinação para que as pessoas pudessem matricular seus filhos nas escolas, começar em empregos, viajar, se hospedar na cidade e, até mesmo, se casar. Quem se negasse a ser vacinado seria multado.
Quando o conteúdo da proposta de Oswaldo Cruz chegou às mãos da imprensa, o povo iniciou a maior revolta urbana do Rio de Janeiro até então. Espalhando-se por vários bairros da cidade, o conflito envolveu uma violenta repressão policial. Nos 6 dias de revolta, 945 pessoas foram presas, 100 feridas, 30 mortas e mais 461 deportadas para o Estado do Acre.
De fato, a falta de tato do governo no esclarecimento acerca da vacina, e o contexto de higienização urbana levaram a população a se revoltar, causando um dos principais conflitos populares da história do Brasil.
Causas da revolta da vacina
A Revolta da Vacina teve como principais causas o contexto de higienização e reforma urbana presente na cidade do Rio de Janeiro, em conjunção com a campanha obrigatória e forçada de vacinação da população. Muitos estudiosos apontam que os motivos da Revolta da Vacina, em todas as classes sociais, foram a junção entre a política de tratamento com a população pobre e o sentimento de “invasão dos lares” das famílias mais ricas, obrigadas a se vacinarem.
Como terminou a Revolta da Vacina?
Seis dias após ter se iniciado, chegava ao fim a Revolta da Vacina, em 16 de novembro de 1904. Em decorrência do conflito, o governo suspendeu a obrigatoriedade da vacinação, declarando estado de sítio. Exército, Marinha e Polícia foram para as ruas, repreendendo o conflito, e restabeleceram a ordem no Rio de Janeiro.
É interessante observar que, durante a Revolta, os militares tentaram usar a massa popular insatisfeita como um pretexto para a tentativa de um golpe, que não obteve sucesso, contra o presidente Rodrigues Alves.
No fim, a Lei da Vacina Obrigatória teve seu texto modificado, tornando o uso da medicação facultativo. Pouco tempo depois, a varíola foi erradicada do Brasil.
Movimentos populares como a Revolta da Vacina ajudam a contar a história do Brasil, demonstrando o contexto em que estão inseridos e a maneira como esses conflitos se dão. Mais do que uma insatisfação contra a Lei da Vacina Obrigatória, a Revolta simboliza o período conturbado pelo qual passou o Rio de Janeiro, principalmente pelo caráter higienista e excludente adotado pelos governos da época.
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