Simbolismo: o que é, características e mais!
Você sabe que, nos estudos da Literatura, um estilo de época segue o outro, buscando trazer valores e conceitos novos e opor-se aos antigos? É isso o que acontece com o Simbolismo, movimento literário que sucede o Parnasianismo, o Realismo e o Naturalismo — conhecidos por sua extrema valorização do real.
Os autores simbolistas, por sua vez, valorizavam o onírico — o que tem a ver com sonhos — e o imaginário. Para saber o que é o Simbolismo na Literatura e conhecer os poemas e autores mais importantes desse estilo literário do fim do século XIX, continue a leitura! Esse conteúdo costuma ser cobrado nos vestibulares e no Enem em forma de análise de poemas e, por isso, trouxemos um exemplo de exercício também. Acompanhe!
O que é Simbolismo?
Esse movimento artístico e literário começa a surgir na França, com Baudelaire, poeta parisiense que foi precursor do Simbolismo e levou ao auge a expressão dos sentimentos por meio da arte. Se o Realismo buscava, de certa forma, ser um tipo de denúncia dos males da sociedade e apontar suas imperfeições, o Simbolismo prezava a fluidez e o culto ao belo e ao perfeito.
O Simbolismo na Literatura teve início em Portugal em 1890 e, no Brasil, em 1893 com Cruz e Souza, com a publicação de Broqueis e Missal. Veremos a seguir mais características dessa escola literária que serviu de transição para o pré-Modernismo.
Características do Simbolismo
O Simbolismo na Literatura é marcado pela efusão de sentimentos e sensações, que são evidenciados na poesia por meio de:
- figuras de linguagem, como sinestesia: mistura de sensações, como cores e sons;
- musicalidade: uso de recursos poéticos, como aliteração e assonância; e linguísticos, como elementos de pontuação;
- temas mais voltados ao individualismo, em contraposição ao caráter social do Realismo e do Naturalismo;
- espécie de fuga da realidade e valorização do sonho e de lembranças.
Simbolismo em Portugal
Em 1890, Eugénio de Castro publica a obra Oaristos, marco do Simbolismo na Literatura Portuguesa. Porém, um dos nomes mais conhecidos é o de Florbela Espanca — um marco da emancipação feminina na Literatura. Conheça um trecho de sua produção artística considerada, por vezes, feminista e erotizada:
Charneca em flor
Ser Poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim…
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente…
É seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda gente!
Simbolismo na Literatura Brasileira
Como vimos, o Simbolismo na Literatura Brasileira teve início com a publicação de duas obras de Cruz e Souza: Broqueis e Missal, no finzinho do século XIX.
Um dos poemas mais célebres é Braços, que você vai conhecer agora:
Braços
Braços nervosos, brancas opulências,
Brumais brancuras, fúlgidas brancuras,
Alvuras castas, virginais alvuras,
Lactescências das raras lactescências.
As fascinantes, mórbidas dormências
Dos teus abraços de letais flexuras,
Produzem sensações de agres torturas,
Dos desejos as mornas florescências.
Braços nervosos, tentadoras serpes
Que prendem, tetanizam como os herpes,
Dos delírios na trêmula coorte…
Pompa de carnes tépidas e flóreas,
Braços de estranhas correções marmóreas,
Abertos para o Amor e para a Morte!
Perceba como o uso de exclamações e reticências provoca uma emotividade no leitor, como se o eu lírico estivesse sussurrando seus pensamentos. É importante notar, ainda, o uso exagerado de adjetivos que dão ao texto um caráter mais subjetivo.
Exercícios sobre Simbolismo
O conceito de Simbolismo na Literatura é bastante cobrado nos processos seletivos O texto de um dos mais conhecidos poetas simbolistas já foi tema de questão do Enem no caderno de Linguagens. Veja:
(Enem 2014)
Psicologia de um vencido
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
ANJOS, Augusto dos. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
A poesia de Augusto dos Anjos revela aspectos de uma literatura de transição designada como pré-modernista. Com relação à poética e à abordagem temática presentes no soneto, identificam-se marcas dessa literatura de transição, como:
a. a forma do soneto, os versos metrificados, a presença de rimas e o vocabulário requintado, além do ceticismo, que antecipam conceitos estéticos vigentes no Modernismo.
b. o empenho do eu lírico pelo resgate da poesia simbolista, manifesta em metáforas como “Monstro de escuridão e rutilância” e “influência má dos signos do zodíaco”.
c. a seleção lexical emprestada ao cientificismo, como se lê em “carbono e amoníaco”, “epigênesis da infância” e “frialdade inorgânica”, que restitui a visão naturalista do homem.
d. a manutenção de elementos formais vinculados à estética do Parnasianismo e do Simbolismo, dimensionada pela inovação na expressividade poética, e o desconcerto existencial.
e. a ênfase no processo de construção de uma poesia descritiva e, ao mesmo tempo, filosófica, que incorpora valores morais e científicos mais tarde renovados pelos modernistas.
Resposta: letra D.
Essa e outras questões sobre o Simbolismo estão disponíveis em nosso Banco de Exercícios. Agora que você aprendeu o que é Simbolismo na Literatura e teve a oportunidade de ler alguns exemplos dessa fluida poesia, aproveite também para conhecer o Plano de Estudos Stoodi e turbinar sua preparação para as provas de vestibular e para o Enem!