Quer saber mais sobre o que foi o trovadorismo? Então fique com o Stoodi e descubra!
Com uma mistura de poesia e música, o Trovadorismo foi uma importante expressão artística. Marcada como a primeira escola literária da época medieval, esse foi também o primeiro movimento da literatura portuguesa.
Se você está estudando para o Enem, aproveite para saber mais sobre esse movimento literário que deu voz às tradições culturais da época, com temas sociais, amorosos e profanos. Conheça mais sobre as características do Trovadorismo, seu contexto histórico e como ele se manifestou em Portugal.
O Trovadorismo é uma escola literária dividida em 2 grandes gêneros:
Não é possível precisar exatamente como apareceu essa expressão cultural. Entretanto, existem 4 teses que sustentam o surgimento do Trovadorismo:
Assim como os outros movimentos literários, para entender o que é Trovadorismo é preciso acompanhar o contexto histórico no qual ele se manifestou.
O contexto histórico do Trovadorismo se inicia por volta do século XI, com a queda do império romano, quando a Europa foi assolada pelas invasões bárbaras. Isso fez com que as pessoas se refugiassem nos campos, onde encontraram abrigo e segurança em troca do pagamento de imposto e até mesmo da própria liberdade.
Esses lugares foram denominados feudos, pedaços de terra onde os Senhores Feudais (clero e nobreza) recebiam os refugiados, que se tornavam servos.
Outro ponto importante nessa época é a força da Igreja Católica e o princípio do Teocentrismo, no qual Deus é o centro de tudo e o destino de todos os homens é justificado por essa força divina.
Para completar o quadro no qual surgiu o Trovadorismo, outro destaque está no cavalheirismo. Os homens eram educados para serem cavaleiros, defendendo seus territórios. Eles aprendiam valores como a lealdade, a honra e seguiam os princípios cristãos.
Como Portugal estava se estabelecendo como uma nação independente na mesma época e local em que o Trovadorismo surgia, essa foi também a primeira manifestação literária do país. O Trovadorismo em Portugal marca seu início com a obra “A Ribeirinha” de Paio Soares de Taveirós, escrita no final do século XII.
Esse movimento influenciou as novas escolas literárias portuguesas e, posteriormente, a literatura brasileira. As Trovas do país eram galego-portuguesas (idioma derivado do Latim, falado na parte ocidental da Península Ibérica até meados do século XIV), pois recebiam uma forte influência de Galiza, reino ao norte de Portugal.
Uma característica muito interessante do Trovadorismo, independentemente do seu gênero, é a representação metafórica da relação social. Ou seja, o trovador se coloca como servo e demonstra respeito e, ao mesmo tempo, sofrimento, por amar uma mulher que faz parte da nobreza.
Para reafirmar as características históricas da época, como o Teocentrismo e a relação de vassalagem, esse amor é apenas idealizado. O próprio trovador expressa como ele sabe que é algo que nunca se realizará devido à desigualdade dos dois na hierarquia social.
De maneira geral, as características do trovadorismo são:
As cantigas do Trovadorismo foram recolhidas em grandes cancioneiros. O Cancioneiro da Ajuda, o Cancioneiro da Biblioteca Nacional e o Cancioneiro da Vaticana — neles encontramos cantigas satíricas e líricas.
Existe também o Cancioneiro de Santa Maria, que não é exatamente considerado como parte da tradição cultural trovadoresca, por carregar um tom mais sacro, de louvor à Virgem Maria e da narração dos seus milagres.
Confira a seguir os principais gêneros trovadorescos usados na poesia galego-portuguesa profana.
Em voz masculina, apresenta um amor cortês, sentimental, que destaca as qualidades da mulher amada. Lembrando que essa representação feminina está sempre acima, como algo inatingível. No exemplo a seguir, o trovador imprime todas as características desse gênero da Trova de amor, na qual o trovador expressa a dor que o sentimento traz.
Se, por um lado, ele tem prazer em ver a mulher que ama, por outro, sabe que não é apropriado. Entretanto, quando não a vê, a vida perde sentido. O autor conclui que, apesar de ele próprio não acreditar, ele a vê sempre que pode, mesmo que devesse fazer o contrário.
A dona que eu quero bem
tal sabor hei de a veer
que nom saberia dizer
camanh’é; pero nom é sem,
poila end’eu mais desejo
sempre, cada que a vejo.
Pero que hoje no mund’al
que tanto deseje nom há
como d’ir u a possa já
veer, non’a veer mais val,
poila end’eu mais desejo
sempre, cada que a vejo.
Se a nom vir, nom haverei
nunca de mim nem d’al sabor;
se a vir, haverei maior
coita, mais por que o farei?
Poila end’eu mais desejo
sempre, cada que a vejo.
Esto soo nom é d’oir:
que eu já sempr’esta molher
nom veja, cada que poder,
pero devia-lhe fogir,
poila end’eu mais desejo,
sempre, cada que a vejo.
Em voz feminina, o termo amigo, que tem significado de amante ou namorado, é exposto como a donzela que canta com tristeza, saudade ou raiva pela ilusão do amado. Nesse gênero, o feminino é representado de forma mais material, como uma iniciação ao amor.
Na cantiga apresentada a seguir, o eu-poético, uma donzela, aguarda pelo namorado ou amante, que viaja pelo mar. Ela pergunta às ondas se sabem por onde ele anda e se ele já está chegando.
Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo?
e ai Deus, se verrá cedo?
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado?
e ai Deus, se verrá cedo?
Se vistes meu amigo,
o por que eu sospiro?
e ai Deus, se verrá cedo?
Se vistes meu amado,
o por que hei gram coidado?
e ai Deus, se verrá cedo?
No Trovadorismo, cantigas de maldizer ou de escárnio eram feitas quando os trovadores desejavam dizer mal de algo, como a estrutura social em que se encontravam ou alguém. Elas podiam ser diretas, no caso do maldizer, ou com um sentido ambíguo, que eram as de escárnio.
A seguinte cantiga de maldizer é uma paródia às Trovas de amor, em que o trovador elogia a senhora. No caso, a senhora se queixa de nunca ter recebido tal gentileza e o autor se dispõe a fazê-lo, só que do seu jeito.
Ai dona fea, fostes-vos queixar
que vos nunca louv’en o meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei todavia;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, se Deus mi perdom,
pois havedes a tam gram coraçom
que vos eu loe, em esta razom
vos quero já loar todavia;
e vedes qual será a loaçom:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
em meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já um bom cantar farei
em que vos loarei todavia;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!
No Trovadorismo, quem escrevia as Trovas eram os trovadores, enquanto quem faziam as apresentações eram os jograis ou menestréis. Isso porque quem escrevia era alguém da nobreza e o ato de apresentar não era bem-visto para pessoas dessa classe social.
Em contrapartida, um jogral que fizesse bem o seu trabalho e resolvesse compor poderia se transformar em um trovador, sendo reconhecido publicamente. Os principais autores no Trovadorismo foram:
Como você viu, o Trovadorismo foi um movimento literário muito importante não só para a Idade Média, como também para o desenvolvimento da literatura portuguesa e brasileira. Ele é escrito por membros da nobreza e representa o início do feudalismo, enaltecendo valores do Teocentrismo, além dos princípios dos cavaleiros.
Se você gostou deste texto e quer conferir o quanto aprendeu sobre esse gênero literário, faça nossos exercícios sobre Trovadorismo e garanta um melhor desempenho no Enem e em outros vestibulares!
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