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Mitos e verdades sobre as faculdades públicas no Brasil

Você já deve ter ouvido diversos mitos e verdades sobre faculdades públicas no Brasil. E, inclusive, muito do que já pode ter ouvido influência na sua decisão em optar por esse tipo de ensino ou não.

Por isso, para ajudar você a conhecer mais sobre esse tipo de instituição, preparamos um conteúdo completo que ajudará a desmistificar essas questões. 

Conheça os principais mitos e verdades sobre o assunto a seguir!

As faculdades públicas são só para pessoas ricas: mito

Durante muitos anos, de fato, as faculdades públicas foram um ambiente no qual os alunos de escolas mais elitizadas tinham acesso. Isso acontecia devido a disparidade nas condições socioeconômicas e qualidade de ensino dos estudantes de escolas particulares e públicas.

Porém, desde o começo dos anos 2000 em diante, isso tem mudado, principalmente, pelas medidas de incentivo e universalização do acesso ao Ensino Superior público no Brasil. Muitas medidas influenciaram nisso, entre elas:

  • A criação dos grupos de cotas para pessoas egressos de escolas públicas, pertencentes a grupos minoritários (pretos, pardos, indígenas e quilombolas) e Pessoas com Deficiência (PCD), que tinham maior dificuldade de acesso antes dessas medidas;
  • Melhoria da Lei de Cotas, que corrigiu algumas distorções que ocorriam anteriormente
  • Expansão do Ensino Superior com as medidas desde o Reuni, que aumentou o número de instituições públicas para além dos grandes centros urbanos, permitindo que alunos de regiões mais afastadas pudessem ingressar sem precisarem mudar para cidades mais distantes;
  • Criação dos Institutos Federais (IFs), já que muitos deles utilizam uma estrutura presente na região para criar espaços que ofertam cursos de Ensino Superior gratuitos no Brasil.

Com isso, nos últimos 20 anos, ocorreu uma expansão da diversidade no Ensino Superior, tornando-o mais acessível para diferentes faixas de renda. A tendência é que isso continue nos próximos anos e incentive o ensino público realmente universal.

As faculdades públicas são sempre gratuitas: parcialmente verdade

Uma curiosidade que poucas pessoas sabem é que, no Brasil, temos as faculdades públicas municipais. Ainda que em menor quantidade em comparação com as instituições estaduais e federais, elas oferecem uma excelente qualidade de ensino, tal como as suas companheiras de outras esferas.

Porém, pense o seguinte: o orçamento disponível para as prefeituras é bem menor do que o disponível para estados e, principalmente, para a esfera federal. Então, para manter uma educação de ponta, elas precisam de outras formas de financiar os cursos.

Por isso, as faculdades municipais cobram, geralmente, uma mensalidade dos alunos, mesmo sendo públicas. Porém, muitas vezes, elas possuem sistemas de bolsas ou permitem financiamento via Fies.

Já as faculdades estaduais e federais possuem acesso universal gratuito. Ou seja, toda pessoa que pode fazer o vestibular próprio ou acessar o Sisu tem direito a fazer sua formação de graça.

As faculdades públicas não entregam retorno para a sociedade: mito

Esse é um dos grandes mitos sobre as faculdades públicas, sabia disso? Além de gerar a formação de diversos profissionais que poderão ser excelentes em suas áreas, também pode proporcionar a geração de pesquisadores, que entregarão um forte avanço na ciência brasileira.

Mas não é só isso, sabia? As faculdades públicas são baseadas no tripé “ensino, pesquisa e extensão”. Os dois primeiros você acabou de ver mais sobre. Mas, e sobre a extensão?

Aqui estão diversas atuações que as faculdades públicas proporcionam para a comunidade, direta e indiretamente:

  • Realização de serviços de saúde por meio dos Hospitais Universitários e atendimentos odontológicos para a comunidade. Alguns dos hospitais mais importantes do país são gerenciados por faculdades públicas, como o Hospital das Clínicas de São Paulo, vinculado à Faculdade de Medicina da USP;
  • Criação, gestão e curadoria de museus e coleções exclusivas vinculadas a esses grupos;
  • Cursos gratuitos de extensão, que ajudam na capacitação de pessoas que fazem parte da comunidade. Estão inclusos nisso, até mesmo, a possibilidade de aprendizado de língua estrangeira;
  • Produção de festivais culturais universitários, como mostras de cinema, grupos de leitura, apresentações de peças teatrais, entre outros;
  • Gerenciamento de espaços de cultura, como grandes teatros e centros culturais;
  • Oficinas de conteúdos de interesse do público geral, como formação em fotografia, por exemplo;
  • Trabalho contínuo de acompanhamento psicopedagógico em escolas públicas;
  • Criação de projetos de desenvolvimento econômico local, como formação de empreendedores, entre outros.

Ou seja, muito do que você consegue experienciar na sua região pode, inclusive, ter sido proporcionado por alguma faculdade pública. Todos esses serviços são gratuitos ou a baixo custo para a população local.

As faculdades públicas entregam uma experiência completa para os estudantes: verdade

Um estudante de faculdade particular tem acesso a diversas experiências durante sua formação, permitindo experimentar um amplo universo para definir qual será sua trajetória profissional. Assim, você consegue definir, com mais certeza, o que realmente quer para seu futuro.

Ainda, consegue também ter boas experiências que podem ser incluídas no seu currículo e facilitar sua vida profissional no futuro. Estão entre as possibilidades:

  • Participar de projetos de monitoria;
  • Ser introduzido no ambiente de pesquisa por meio das Iniciações Científicas;
  • Realizar projetos de extensão;
  • Participar de intercâmbio com universidades internacionais parceiras;
  • Poder fazer parte de uma empresa júnior e atuar já de forma profissional, ainda dentro da faculdade.

As faculdades públicas não se relacionam com empresas: mito

Outro mito bastante recorrente é de que as faculdades públicas estão descoladas das demandas de mercado atuais e que não ajudam o setor produtivo do país. Mas você sabia que elas são responsáveis pelo registro da maioria das patentes do Brasil?

Segundo pesquisa do Inpi (Instituto Nacional da Propriedade Intelectual), 76% dos registros de patentes nacionais são feitos pelas universidades públicas. Um número maior do que os registros de empresas.

“As universidades ao longo do tempo, principalmente após a promulgação da Lei da Inovação, em 2004, vêm adquirindo conhecimento e enxergando a importância estratégica de não apenas publicar seus artigos, mas também proteger essas invenções através de direitos de propriedade intelectual”

Felipe Oliveira, coordenador geral de disseminação para a inovação do Inpi no ano de 2021.

Esse é um movimento forte do Brasil, no qual a inovação nacional é liderada pelas instituições públicas de ensino. É um processo que não ocorre, por exemplo, em países como China, Coreia do Sul, Dinamarca e Estados Unidos. Isso mostra a força do ensino superior nacional.

Além da inovação, as instituições também atuam em muitas parcerias com empresas privadas. Por exemplo, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a Universidade de São Paulo (USP) realiza pesquisas em parceria com a Shell para inovações no setor de gás.

Até mesmo a Petrobras possui vínculos de pesquisa com as faculdades públicas. Por exemplo, o núcleo de pesquisas tecnológicas da Petrobrás fica dentro do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

As faculdades públicas são responsáveis pela maior parte das pesquisas no Brasil: verdade

Por meio das agências de fomento de pesquisa, é possível ter uma expansão forte das pesquisas no Brasil nas faculdades públicas. Por exemplo, no ranking das 50 instituições do país que mais publicam trabalhos científicos, 43 são universidades federais ou estaduais.

Além disso, o top 10 é composto por 9 delas (a única exceção é a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária — Embrapa). Isso acontece porque temos fortes agências de fomento à pesquisa pública no Brasil, entre elas:

As faculdades públicas são muito difíceis de serem acessadas: mito

Até o surgimento do Sisu, de fato, era bem mais difícil conseguir acessar o Ensino Superior público nacional. Afinal, cada faculdade pública tinha o seu cronograma, vestibular e conteúdo programático próprios.

Imagine, por exemplo, um candidato que quisesse tentar uma vaga na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e na Universidade Federal Fluminense (UFF), mas morasse no interior do estado.

Ele precisaria viajar duas vezes para cada fase do vestibular para fazer as provas, o que era inviável para muitos. Estudar para dois perfis de exames que poderiam ser completamente diferentes.

Ainda, poderia correr o risco de as provas caírem no mesmo dia e ele ter que escolher entre uma das opções. Isso provocava muita angústia nos alunos.

Com o Sistema de Seleção Unificado (Sisu), o estudante pode tentar as duas opções. Basta fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em sua própria cidade e fazer a inscrição na plataforma. Muito mais prático do que era anteriormente.

Isso facilitou muito para que mais pessoas pudessem ter acesso às faculdades públicas, alo que não era tão fácil assim antes desse momento.

As faculdades públicas no Brasil possuem cursos com alta avaliação: verdade

Para quem está em busca de uma formação de alta qualidade, contar com as faculdades públicas é uma ótima opção. A maioria dos cursos são sempre bem avaliados pelo Ministério da Educação, seja pelo Índice Geral de Cursos (IGC), seja pelo Exame Nacional do Desempenho dos Estudantes (Enade).

Além disso, outras avaliações também conceituam muito bem as instituições públicas nacionais. É o caso, por exemplo, do Ranking Universitário Folha. Na edição de 2023, as 10 mais bem ranqueadas na avaliação eram faculdades públicas, tanto federais quanto municipais.

Com isso, você sabe que terá uma excelente formação e sairá preparado para o mercado de trabalho. Além, claro, de ter um nome forte no currículo, destacando-o nos processos seletivos.

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Luciana Rodrigues

Doutoranda em Ciências Humanas e Sociais pela UFABC. Mestra em Comunicação e Sociedade pela UFJF. Bacharel em Comunicação Social pela UFJF. Atua como redatora e copywriter desde 2013, escrevendo para diferentes segmentos, incluindo a área educacional. Também exerce atividade como conteudista.

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