Filosofia: o guia completo!
INTRODUÇÃO
Vai fazer o Enem ou algum vestibular em breve? Então é bom estar craque em Filosofia, uma das matérias que aparecem no caderno de Ciências Humanas e suas Tecnologias. Neste texto vamos falar sobre a origem da Filosofia, os filósofos mais importantes de cada época e dar uma ajuda para quem quer testar seus conhecimentos antes da prova. Vamos lá?
O que é filosofia?
Para começar, ver a origem da palavra é sempre uma boa ideia para entender seu significado. A palavra “filosofia” é uma aproximação da palavra grega “philosophia”, que significa literalmente “amor pela sabedoria”. Ou seja, basicamente, filosofar é pensar para ficar mais sábio. Mas não é ficar sábio em qualquer coisa, mas nas questões mais elementares: a existência humana, a ideia de conhecimento, de verdade, os valores morais, a mente, a linguagem, o universo.
Podemos perceber que essa definição é bem abrangente, e a Filosofia é realmente abrangente: tanta gente vem se dedicando a essas questões há tanto tempo que temos inúmeras linhas de pensamento, correntes filosóficas e inclusive inúmeras conclusões que divergem em torno de um mesmo tópico.
Mas e a religião, por exemplo? Ela também não se ocupa dessas mesmas questões? Sim, mas a diferença da Filosofia é que o pensamento racional deve ser a base da argumentação. Por isso, a lógica também é um dos campos da Filosofia, porque qualquer conclusão deve vir de um método racional. Por outro lado, a Filosofia também não é exatamente uma ciência, pois a investigação ocorre a priori e não se preocupa com métodos empíricos, de teste.
Já deu para ver que Filosofia se ocupa de praticamente tudo. E é verdade, a Filosofia é o que dá base para as outras instituições do conhecimento humano, como por exemplo a própria religião, a Ciência, a Arte e a Cultura.
História da Filosofia
Sabemos que a maior parte do conhecimento ocidental se fundamenta no conhecimento grego. Isso vale, antes de tudo, para a Filosofia. Não é à toa que quando vamos falar dos matemáticos gregos, por exemplo, eram todos filósofos. Isso porque o conhecimento em si está todo baseado na Filosofia.
Estima-se que os primeiros pensadores surgiram na Grécia Antiga, no século VI a.C. Alguns pensadores, como Pitágoras, Tales e Heráclito, estavam preocupados em entender a realidade que os cercava, a existência dos deuses e as questões relativas à natureza. Dá para entender porque as Ciências, antes de se separarem em ramos como a Matemática, a Física, a Biologia e a Química, eram consideradas parte da Filosofia.
Quem inventou a Filosofia?
Essa pergunta não tem uma resposta concreta. Podemos entender apenas de onde vem o ímpeto para o surgimento da Filosofia. Na Grécia Antiga, o mito era extremamente importante. Eram pelas narrativas míticas que se explicavam o que ocorria com o mundo, por exemplo, as estações climáticas, os principais marcos da vida, como nascimento, casamento e morte, além de fornecer toda as histórias das origens e os conflitos entre deuses.
Podemos pensar então que a invenção da Filosofia acontece como uma forma de negar que somente os mitos poderiam explicar essas questões. Mesmo assim, os primeiros pensadores não iam totalmente contra os mitos, mas buscavam incorporá-los ao pensamento racional.
Muitos estudiosos veem o surgimento da Filosofia como um momento de ruptura com a tradição mítica grega. Os mitos explicavam fenômenos particulares, além de dar rostos a conceitos como Amor, Verdade, Guerra e Sabedoria, enquanto os filósofos queriam falar de concepções abstratas e universais, além de evitar contradições lógicas em suas explicações.
Áreas da Filosofia
A Filosofia se divide em algumas disciplinas fundamentais, que encontram seguidores praticamente em todas as épocas. Vamos conhecer as mais importantes:
Metafísica
A metafísica trata de problemas centrais da natureza. É uma tentativa de descrever as leis, os princípios, as condições, as causas e a estrutura básica da realidade em que vivemos.
A metafísica ainda tem um ramo central, chamado de ontologia, que é a investigação sobre os fundamentos do ser. Um outro ramo é a cosmologia, que se preocupa com a totalidade dos fenômenos e a origem e os princípios do cosmos.
Epistemologia
A epistemologia trata do conhecimento científico, das etapas e limites do conhecimento humano. Se a metafísica está preocupada com o conhecimento fundamental, a epistemologia se questiona se é possível atingir esse conhecimento.
É um ramo que se dedica a conceitos como verdade, crença, e procura justificativas racionais para afirmar ou não uma verdade baseada em uma crença.
Lógica
A lógica vai buscar compreender o uso do raciocínio para resolver problemas. A Filosofia se baseia no pensamento racional, sendo que a argumentação deve ser lógica, ou seja, sem contradições. A lógica se aplica a todos os outros ramos da Filosofia, porque dá uma ferramenta para construção de argumentos.
Ética
A ética é o estudo dos valores sociais, das morais, dos costumes, sempre na busca pela melhor maneira de se conviver em sociedade. Na Antiguidade, a ética abrangia conhecimentos hoje conhecidos como antropologia, psicologia, sociologia, economia, pedagogia e política.
Estética
A estética é o ramo da Filosofia que estuda a beleza, a arte, a natureza, a ideia de obra e criação. Da mesma forma, os estéticos também se questionam sobre a falta de beleza, o que é considerado feio, e de que forma os fenômenos estéticos produzem emoções.
Filosofia Antiga
A Filosofia Antiga diz do período do surgimento da Filosofia, no século VII a.C. na Grécia Antiga, até aproximadamente o século VI d.C., quando passamos à Filosofia Medieval. A Filosofia Antiga se divide em está dividida em três períodos: pré-socrático, socrático ou clássico, e helenístico.
Filosofia pré-socrática
A Filosofia da Grécia Antiga é dividida entre pré-socrática e pós-socrática, que se refere ao filósofo Sócrates. Os pré-socráticos também são chamados de filósofos da natureza, porque se dedicavam à natureza das coisas, à origem, ao fundamental. Em um primeiro momento, os pré-socráticos focavam no cosmos, ou a origem do universo.
Em um segundo momento, esses filósofos passaram a se preocupar com as questões morais do homem. É importante notar que as obras desses pensadores se perderam e, atualmente, não temos nenhuma obra completa conservada desse período. Muito do que sabemos sobre eles vem do que outros filósofos, principalmente Platão e Aristóteles, posteriormente escreveram sobre eles As obras costumavam referenciar filósofos anteriores, e é assim que sabemos o que eles pensavam, um conhecimento considerado “de segunda mão”.
Os pensadores mais importantes desse período foram: Tales de Mileto, Heráclito, Pitágoras, Parmênides e Demócrito.
Filosofia clássica ou socrática
No século V a.C., surge uma nova forma de governo na Grécia: a democracia. Com isso surgem as cidades, as polis, e Sócrates muda os rumos da Filosofia, que agora precisa se preocupar com o indivíduo. Daí surge uma das frases filosóficas mais clássicas:
Conhece-te a ti mesmo.
Sócrates propõe uma filosofia desenvolvida por meio de diálogos, os quais podem se dividir em dois tipos, a ironia e a maiêutica. Em um primeiro momento, deve se fazer perguntas: “ironia”, em grego, quer dizer “interrogação”. A intenção de Sócrates com as perguntas era demonstrar que não há certezas. Ele acreditava que o primeiro passo para se adquirir sabedoria é admitir sua própria ignorância:
Só sei que nada sei.
A segunda fase é a reconstrução do pensamento. Nessa fase do diálogo, a maiêutica, as questões eram feitas com o objetivo de fazer os interlocutores desenvolverem suas próprias ideias.
Também não há registros das obras originais de Sócrates, e só conhecemos seu pensamento porque seu mais conhecido discípulo, Platão, o transmitiu em suas próprias obras, e posteriormente, Aristóteles, discípulo de Platão, também o fez. Aristóteles e Platão iriam, mais tarde, aperfeiçoar o método científico iniciado por Sócrates. Depois da morte de Sócrates, Platão amadureceu suas próprias ideias, criando sua própria escola filosófica, a Academia, considerada uma das primeiras instituições de ensino superior do mundo ocidental.
Platão fundamentou a teoria das ideias, que tenta explicar o desenvolvimento do conhecimento humano. Segundo ele, para conhecer teríamos que passar progressivamente do mundo dos sentido para o mundo das ideias. No primeiro, temos as impressões e sensações, que dão origem a opinião que temos da realidade. No segundo estaria o verdadeiro conhecimento, atingível somente pela filosofia. O processo proposto por Platão para fazermos esse pulo é a dialética, que consiste na concepção de uma tese e em seguida a discussão sobre ela, afim de consertar os erros e torná-la mais pura.
A teoria das ideias é bem exemplificada pelo mito da caverna de Platão, uma analogia para explicar a passagem. De acordo com o mito, a maioria dos homens se encontraria prisioneiro em uma caverna, na qual uma luz que passa pela entrada produz sombras dos objetos lá fora. Os prisioneiros veem as sombras e acreditam que aquilo que veem é a realidade. O objetivo da Filosofia seria escapar da caverna e passar a ver os objetos à luz do sol, a fonte de toda a sabedoria.
Já Aristóteles não concordava muito com seu mestre. Ele rejeitava o conceito de mundo das ideias porque a realidade deveria ser conhecida pelos sentidos e pela experiência. Aristóteles pregava que a partir da existência do ser podemos atingir sua essência, ou seja, que o conhecimento pode passar do individual ao genérico.
Filosofia helenística
O período helenístico, que vai da morte de Alexandre, o Grande (que era aluno de Aristóteles), até o final da República Romana, transformou tanto a política e a geografia do local, como a Filosofia. Nesse período destacam-se a criação de três escolas, em oposição à Filosofia clássica, que se baseiam na vida privada do homem, em preocupações individuais: o Ceticismo, o Epicurismo e o Estoicismo.
Ceticismo
Os céticos defendem a ideia de que o filósofo deve abandonar todas as certezas e manter-se em estado de dúvida, impedindo que as verdades possíveis fossem naturalizadas. Já que a verdade absoluta é inalcançável, devemos desfrutar do imediato provocado pelos sentidos.
Epicurismo
Fundada por Epicuro, consiste na ideia de que os homens devem procurar pelo prazer, que seria o caminho para felicidade. Os prazeres podem ser duradouros, como a música, a arte, etc., ou imediatos, como a paixão. Os epicuristas acreditavam que o homem poderia atingir um estado de ausência de dor pela dominação dos exageros dos prazeres imediatos,.
Estoicismo
os estoicos se destacam por acreditar que toda a realidade é racional. Ou seja, Deus é apenas o nome que damos aos princípios da natureza, e não há lugar para onde ir além deste mundo. Pela Filosofia podemos compreender a ordem universal, mas não temos o poder de alterá-la.
Filosofia medieval
O período medieval é marcado pela queda do Império Romano e a consolidação e disseminação do Cristianismo. A Igreja Católica pregava que o conhecimento vinha das verdades reveladas por Deus, e os conflitos entre fé e razão se estenderam para a Filosofia. Os dois momentos mais importantes da Filosofia Medieval foram a Patrística e a Escolástica, que vamos detalhar em seguir.
Patrística
Os padres da Igreja, aqueles que escreveram os primeiros textos fundamentais da Igreja Católica, se dedicaram a um trabalho de pregação e convencimento das autoridades romanas e do povo. A Filosofia patrística aliava a fé e a racionalidade, na tentativa de conciliar o pensamento cristão e pagão.
O principal pensador desse período foi Santo Agostinho, que já era filósofo muitos anos antes de se tornar membro da Igreja. Agostinho argumenta principalmente sobre a superioridade da alma humana, ou seja, a supremacia do espírito sobre o corpo. No entanto, ele acreditava que os homens comumente invertiam essa relação, tornando o espírito submisso aos prazeres materiais.
Santo Agostinho foi um dos primeiros a defender a doutrina da predestinação à salvação, na qual apenas os predestinados estariam aptos a receber a graça divina, que salvaria o homem dos seus pecados pelo caminho do esforço pessoal e concessão. A Filosofia agostiniana realça, portanto, o vínculo do indivíduo com Deus e a responsabilidade do indivíduo pelos seus atos.
Quando à liberdade, Santo Agostinho coloca a vontade como sendo uma força determinística da vida, e não uma expressão ligada ao intelecto. Assim, a liberdade tem mais a ver com a vontade do que com a razão, e portanto consiste na fonte do pecado. O pecado é o uso da liberdade, ou do livre-arbítrio, para satisfazer uma vontade que é ruim.
Escolástica
Na época de Carlos Magno, a cultura greco-romano volta a ser divulgada, já que até então era acessível apenas para o clero. Nesse período, o imperador organiza o ensino e funda vários escolas, onde eram ensinadas disciplinas ligadas à Filosofia e a Matemática, sempre submetidas à Teologia.
A produção filosófica desse período surge nas universidades, aliando Filosofia e a Teologia, e ficou denominada filosofia escolástica (de escola). Foi nesse tempo também que muitas obras consideradas perdidas de Aristóteles foram descobertas, e assim o pensamento aristotélico marcou profundamente a escolástica. Os escolásticos se dedicavam ao problema básico da conciliação entre o pensamento racional e a fé cristã.
A escolástica pode ser dividida em três fases, a primeira marcada pela harmonia entre fé e razão, a segunda pela crença de que a harmonia parcial pode ser atingida, na qual se destaca São Tomás de Aquino, e a terceira na diferenciação entre fé e a razão que trás a decadência da escolástica.
São Tomás de Aquino usou o conhecimento filosófico de Aristóteles para fundamentar argumentos que explicassem as principais crenças da fé cristã. O tomismo destaca a importância dos sentidos no entendimento da realidade, além de provocar um racha na metafísica, introduzindo a divisão entre o ser e a essência, na qual o único ser pleno que existe é Deus. São Tomás de Aquino se apoiou nos métodos aristotélicos, mas acabou criando um trabalho bem único. Sua obra fundamentou o apogeu do pensamento medieval.
Filosofia Moderna
A Idade Moderna vai de meados do século XV ao fim do século XVIII e se caracteriza por grandes mudanças nas sociedades europeias, como a passagem do feudalismo para o capitalismo, a formação da burguesia, a formação dos Estados Nacionais, a invenção da imprensa e o desenvolvimento das ciências naturais.
O Renascentismo traz de volta o pensamento baseado na razão e na ciência, reelaborando os ideais de exaltação ao homem e ao indivíduo, a liberdade e a razão. Nessa época, três correntes se desenvolveram: o Racionalismo, o Empirismo e o Criticismo.
Racionalismo
O principal filósofo desse período foi René Descartes, recuperando toda a importância da investigação científica para o entendimento da realidade. Descartes é considerado o pai da Filosofia Moderna, porque situou as bases para o pensamento moderno. Descartes afirmava que para conhecer é preciso abandonar noções pré-concebidas, e colocar em dúvida tudo que concebe a realidade, assim como questionar o próprio pensamento. Chegou a conclusão de que a única coisa realmente certa era de que o pensamento existia, cunhando assim a famosa máxima:
Penso, logo existo.
Descartes considerava que a Matemática era a ferramenta adequada para a compreensão do mundo, e não foi à toa que se dedicou enormemente a essa ciência, principalmente no campo da Geometria (lembra do plano cartesiano?).
Empirismo
O Renascentismo levou a elaboração de novos critérios para que o conhecimento verdadeiro fosse atingido. Dessa forma, muitos pensadores se apoiaram na tese de que a experiência deve ser a principal base para se chegar na origem fundamental das coisas, o que ia contra a tese das ideias inatas de Descartes.
Um dos principais filósofos desse momento, o inglês John Locke, defendia que a mente, no momento do nascimento, é como uma tábua rasa, e nossas ideias são frutos da experiência sensorial adquirida ao longo da vida. Locke baseava sua tese em dois tipos de conhecimento, o da experiência sensorial, na qual as ideias surgem através dos sentidos. Essas ideias seriam moldadas por objetos externos. Em um segundo momento, partimos para a reflexão, que nos permite desenvolver outras ideias que não são externas, como o pensamento, o duvidar, o raciocinar, o crer, etc.
Vimos que durante o Renascentismo, o método experimental surgia como uma forma de concretizar as pré-concepções acerca da realidade. O inglês Francis Bacon se debruçou sobre a pesquisa experimental, afirmando que para ela funcionar, os cientistas precisam se libertar de seus ídolos, ou seja, das falsas noções, dos preconceitos e dos maus hábitos. Bacon também desenvolveu o método indutivo de investigação científica, no qual repetidas experiências particulares podem fornecer conclusões sobre o geral.
Outro pensador muito importante do Empirismo é o escocês David Hume, um crítico das verdades absolutas. Hume criticava principalmente as conclusões indutivas, aquelas que partem do particular para o geral. De acordo com ele, o raciocínio indutivo não é lógico, pois partimos de uma crença, para então saltarmos para uma conclusão geral. Assim, ao observar repetidas vezes um fenômeno, no máximo podemos acreditar na probabilidade de que a conclusão seja possível, mas não uma certeza irrefutável.
Criticismo
O alemão Immanuel Kant dedicou sua vida inteira ao magistrado e ao pensamento filosófico. Sua maior herança foi o exame crítico da razão. Na sua obra máxima, Crítica da Razão Pura, Kant descreve duas formas básicas do ato de conhecer: o conhecimento empírico, aquele que é posterior à experiência, e o conhecimento puro, aquele que não depende da experiência.
O conhecimento, portanto, seria o resultado da interação entre o que conhecemos de acordo com saberes a priori e o que conhecemos através da experiência. Portanto não conhecemos as coisas como de fato elas são, e sim como as percebemos.
Filosofia contemporânea
A partir da Revolução Industrial, com os avanços científicos, o progresso capitalista e a exploração do trabalho, a Filosofia se volta para as consequência do avanço tecnológico e científico. As questões dessa época se colocam em termos de dilemas humanos, desigualdades sociais e o futuro de uma sociedade tecnicista. Algumas correntes se destacaram a partir daí, como o Idealismo alemão, o Materialismo, o Existencialismo e a Escola de Frankfurt.
Idealismo alemão
Foi Kant, com sua crítica à razão, que fundou as bases do que ficaria conhecido como Idealismo alemão. O idealismo é uma corrente que considera o papel do sujeito sendo mais importante que o objeto no processo do conhecimento. Dessa forma, a própria consciência humana volta a ser parte importante desse processo, não só a razão.
O filósofo alemão Arthur Schopenhauer retorna à obra de Kant para afirmar que o conhecimento se baseia na percepção do homem do objeto, e não na essência do próprio objeto. No entanto, Schopenhauer cunhou a tese da representação, de que o mundo como conhecemos é apenas uma representação ou uma ilusão. Mas o filósofo admite ser possível conhecer as coisas como ela são através do insight intuitivo, uma espécie de iluminação, que poderia partir da atividade artística.
Outro filósofo idealista importante Sören Kierkegaard, um pensador cristão, defendia que a existência humana possui três dimensões: a estética, na qual se procura o prazer, a ética, na qual se coloca a contradição entre o prazer e o dever, e a religiosa, na qual a fé é o principal motor. Essas dimensões seriam excludentes e o homem precisaria decidir em qual delas gostaria de viver. Kierkegaard também estudou como se dá a relação do homem com o que o cerca: a relação do homem com o mundo, que é regida pela angústia de viver em um mundo instável, a relação do homem consigo mesmo, marcada pela inquietação e o desespero porque ele nunca está satisfeito, e a relação do homem com Deus, que seria a única via de superação da angústia, da inquietação e do desespero.
Materialismo
Karl Marx se formou no círculo da Filosofia idealista, mas logo se afastou desta e elaborou as bases do seu próprio pensamento. O estudo da realidade social da época acabou se tornando a base da fundamentação teórica do socialismo marxista. De acordo com Marx, os filosófos não deveriam se dedicar a conceitos abstratos, mas se preocupar com a materialidade da história, já que não existiria indivíduo fora da sociedade. O materialismo parte da ideia de que, ao produzirem as coisas materiais necessárias à manutenção da vida em sociedade, o homem também produz a si mesmo, ou seja, como ele se posiciona diante da vida social, política e espiritual.
A partir disso se percebe como Marx fundamentou seu trabalho em torno principalmente do trabalho. Para ele, as relações de trabalho são o que regem a vida do homem pós-industrial. Em O Capital, Marx demonstra como a lógica de produção capitalista transforma a força de trabalho em mercadoria, e a única mercadoria capaz de reproduzir e aumentar o capital.
No Manifesto Comunista, escrito em parceria com Friedrich Engels, Marx afirma que o capitalismo também deu origem a uma classe revolucionária, que seria o proletariado, que deve se organizar para fazer a revolução rumo ao socialismo. Por isso Marx afirmou:
A luta de classes é o motor da história.
Existencialismo
O século XX foi marcado por incertezas. Duas guerras mundiais, Revolução Russa e depois o colapso da União Soviética, tragédias como o holocausto judeu. Apesar disso, o progresso tecno-científico continuava a todo vapor. A Filosofia do século XX se dá em cima de visões antagônicas: progresso vs. violência, progresso vs. ética, desenvolvimento tecnológico vs. desenvolvimento humano. O Existencialismo tem como ponto de partida a existência humana, e vários filósofos refletiram de formas diferentes sobre o que é ser humano, de forma que são várias as filosofias da existência.
Esses novos pensamentos surgiram no século XX, mas sofreram grande influência de pensadores do período anterior, como Schopenhauer, Kierkegaard e Nietzche, chamados de pré-existencialistas.
O alemão Friedrich Nietzche desenvolveu uma crítica aos valores morais, propondo o estudo da formação história dos valores, conhecido como genealogia da moral. Nietzche afirmava que não havia distinções absolutas entre o bem e o mal, mas que essas seriam elaboradas pelo homem, ou seja, são produtos histórico-culturais. O filósofo critica as religiões por imporem esses valores como se fossem frutos da vontade de Deus, e afirma que a maior parte das pessoas se acostuma a uma “moral de rebanho”, sem se questionar se elas fazem sentido ou não.
Quando o cristianismo é colocado em xeque e passa a ser apenas uma das interpretações possíveis para o mundo, os valores dessa era também são questionados. O niilismo é isso: a expressão da decadência dos valores. O niilismo do filósofo Nietzche se baseava principalmente na negação da crença em um ser maior, ou seja, a morte de Deus. Assim, o homem moderno experimenta uma perda coletiva dos valores tradicionais, colocando em questão até mesmo os fundamentos do conhecimento.
O maior filósofo existencialista é o francês Jean-Paul Sartre, para quem o ser é o que é, concebendo o ente em-si, aquele que não é passivo e nem ativo, o ser pleno, e o ente para-si, o ser humano, que é inquieto, não total, em que existe o nada. Sartre também se dedicou enormemente à questão da liberdade do homem. A liberdade é o que move o homem, gerando incerteza, produzindo sentido e proporcionando a consciência.
Escola de Frankfurt
A Escola de Frankfurt diz respeito aos pensadores que se formaram no Instituto de Pesquisas Sociais de Frankfurt. A produção ficou conhecida como Teoria Crítica. Os filósofos dessa época se diferenciavam em seus trabalhos, mas todos se preocupavam em estudar a vida social e cultural. Eles desenvolveram o conceito de sociedade de massa, que coloca a diversão e o consumo como forma de garantir a continuação da lógica capitalista.
Theodor Adorno e Max Horkheimer se debruçaram sobre a crítica da razão, acreditando que a razão iluminista estava a serviço do desenvolvimento tecnológico, dominando a natureza e o próprio ser humano. A dupla também investigou a “indústria cultural”, termo utilizado para falar da indústria de diversão de massa, que teria como objetivo homogenizar os comportamentos. Para Adorno, a única forma de fugir da opressão social seria pela arte, e por isso ele se dedicou à teoria estética nos seus últimos trabalhos.
Outro pesador importante da Escola de Frankfurt é Walter Benjamin, que tinha uma postura mais otimista em relação à indústria cultural. Em seu ensaio mais conhecido, A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica, Benjamin afirma a possibilidade que a arte se torne mais acessível por causa das tecnologias de reprodução, como os discos. Assim, a arte nas classes mais baixas poderia servir como instrumento de politização.
Filosofia no ENEM
A prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias do Enem contém mais ou menos 30% de questões sobre Filosofia e Sociologia. Alguns dos assuntos mais tratados são a Ética e a Filosofia política, com pensadores como Aristóteles, Kant e Nietzsche; Epistemologia, com Platão, Aristóteles, John Locke, Francis Bacon e Kant; e a Filosofia da ciência, com os filósofos iluministas.
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