Prof. Letícia comenta as cinco competências da redação do Enem

Prof. Letícia comenta as cinco competências da redação do Enem

Entra ano, sai ano, e as dúvidas seguem rondando em torno das famosas competências da redação do Enem.

Mesmo que haja mudanças em vista para a edição de 2024, é muito raro que se mude a estrutura da proposta de redação. Isso porque o gênero dissertativo-argumentativo tem se mostrado eficaz em avaliar a candidata ou o candidato quanto a suas habilidades de interpretação de textos, seleção de argumentos, persuasão e aplicação de técnicas textuais capazes de dar corpo às ideias.


Afinal de contas, o que se espera de você é saber o quão apta(o) está para se comunicar e viver em comunidade dentro de uma universidade, não é mesmo?

Mas, enfim… o que são as competências?

“Competência” é o nome atribuído pela banca de correção do Enem a cada um dos critérios textuais de avaliação.

O objetivo é tanto tornar a atribuição de notas mais objetiva e justa para os corretores quanto dar transparência ao processo para os estudantes.

Isso significa que se você souber a justificativa que leva a banca a atribuir determinada nota baseada nos critérios correspondentes a cada competência, você ganhará autonomia e segurança para exercitar sua escrita com consciência e estratégia.

No entanto, para chegar à nota mil, precisamos dar os primeiros passos e entender cada uma das competências.

Então, vamos lá?

Competência 1 da Redação do Enem: domínio da norma culta da língua portuguesa

O primeiro critério avaliativo busca identificar o quão adequado o seu texto está quanto às normas gramaticais da língua portuguesa. Para isso, basta obedecer a norma culta e aplicar aquilo que você já aprendeu nas nossas aulas de gramática – desde morfologia (com as classes de palavras), passando por ortografia, separação silábica, acentuação e, é claro, pontuação.


É uma das competências mais objetivas e “simples” de se refinar, mas não a negligencie. Continue fazendo exercícios de gramática e sintaxe e revisando cada um dos seus textos para não perder pontos aqui por bobeira, hein?

E o gênero neutro, professora?

O uso de pronomes neutros não invalida nem zera sua redação, mas como a teoria ainda não foi formalizada pela norma culta através da publicação científica de manuais de uso, ainda é melhor evitá-lo. 

O mesmo vale para gírias e expressões muito genéricas do senso comum, principalmente se fora de contexto e sem o devido destaque entre aspas.

Competência 2 da Redação do Enem: adequação ao tema e ao gênero textual

Se você chegou até aqui, já sabe que saber interpretar textos é fundamental para resolver todas as questões de todos os vestibulares, mas, para redação, essa competência é essencial!

É este o critério que a banca corretora usará para analisar sua capacidade de compreender o eixo e o recorte temáticos, associar a proposta aos textos de apoio e interpretar os dados para construir sua tese.

Aqui, a sugestão é lançar mão de um projeto de texto, que você aprendeu a fazer nas nossas aulas, por meio de um mapa mental ou lista de prioridades com as palavras-chave identificadas na proposta.


Além disso, vale revisar as aulas sobre o gênero dissertativo-argumentativo para que você estruture os argumentos em torno de sua tese em uma estrutura que tenha parágrafo de introdução, dois ou três de desenvolvimento e um último de conclusão.

Competência 3 da Redação do Enem: seleção e organização de argumentos em defesa de um ponto de vista

Se na competência anterior você precisou dedicar atenção ao tema proposto, agora é hora de avaliar a qualidade da sua argumentação com base na sua seleção de argumentos.

Ou seja: aqui você precisa mostrar que sabe “selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista”. Este ponto de vista é a tese que você elaborou no seu projeto de texto.

E como dar profundidade e coerência progressiva dos argumentos selecionados?

Colocando em prática a competência 4!

Competência 4 da Redação do Enem: coesão e coerência

Ok, você já entendeu que não adianta estudar a técnica, saber a estrutura do texto dissertativo-argumentativo e jogar umas informações aleatórias ali no meio da redação, é preciso estabelecer relações de sentido entre sua tese, as ideias autorais que a sustentam e os argumentos que a validam e fortalecem.

De que forma?

Por meio do uso de recursos coesivos.

Conjunções que estabeleçam relações de causa e consequência ou de contradição costumam ser muito úteis, mas não se intimide: use e abuse de pronomes demonstrativos e locuções conjuntivas para garantir que sua linha de raciocínio está palpável para quem lê.

Sempre se questione: 

  • Qual relação estou estabelecendo entre este fato e a minha tese?
  • O que esse dado demonstra em relação à situação-problema?
  • O que essa citação revela sobre a sociedade à luz da questão posta em debate?

As respostas a essas perguntas são cruciais para que você consiga “costurar o tecido textual” de maneira coerente e valorizando sua argumentação.

Competência 5 da Redação do Enem: proposta de intervenção

Por último, mas – nem de longe – menos importante, chegamos finalmente à proposta de intervenção.

Aqui vale lembrar que você precisa ter em mente sua proposta de intervenção desde o início da elaboração do seu projeto de texto.

Assim, não corre o risco de propor ações desconectadas com o debate levantado ao longo da dissertação-argumentativa. Você pode, inclusive, antecipá-la de forma breve e superficial nos parágrafos anteriores – apenas atente-se para não ser redundante.

Tendo isso em vista, ao construir sua proposta de intervenção é preciso ter em mente uma composição dividida em cinco elementos:

  1. Ação: o que será proposto?
  2. Agente: quem será responsável por colocar a ação em prática?

Tipos de agente: instituições públicas, ONGs, comunidade escolar, mídia, imprensa, governo federal etc.

  1. Meios: de que forma essa ação será executada pelo agente?
  2. Efeitos: como a sociedade se beneficiará da sua proposta? Que benefícios os cidadãos colherão?
  3. Detalhamento: tudo isso precisa ser feito de forma detalhada.

É isso, pessoal.

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E lembre-se sempre: na dúvida, escreva!

Com carinho,

Professora Lets.

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